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O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS FRENTE AOS DESAFIOS HÍDRICOS E ENERGÉTICOS

Sergio Jacobsen
Sergio Jacobsen
Vice-presidente de Smart Infrastructure da Siemens, abrangendo as áreas de soluções e produtos de média e baixa tensão, produtos de controle para automação industrial, automação predial, geração e armazenamento de energia distribuída e soluções para eletro mobilidade.

O objetivo é propor soluções visando melhorar esse cenário crítico com iniciativas voltadas a uma gestão mais inteligente para reduzir os altos índices de perdas de água, elevar a eficiência energética nos sistemas e equipamentos utilizados atualmente, e expandir a oferta de água e esgoto pelo país para melhorar a qualidade de vida da população.

Nos últimos anos, nos acostumamos a lidar com iniciativas voltadas à redução nos consumos de água e energia. Com uma matriz energética ainda muito dependente das hidrelétricas, o Brasil se depara com um desafio cada vez maior em relação à escassez hídrica, problema esse que vem aumentando conforme as mudanças climáticas avançam. É por isso que precisamos de um esforço de toda a sociedade para que esse problema não se agrave ainda mais e que possamos fazer o bom uso de um dos bens mais preciosos da natureza que é a água. 

E nesse quesito, o Brasil é o país mais privilegiado do mundo, já que conta com a maior reserva de água doce do mundo e bem à frente da Rússia (segundo) e Canadá (terceiro). Entretanto, a região da Amazônia detém cerca de 70% desse grande volume de água, enquanto a região mais populosa do país, a Sudeste, onde vivem quase 45% dos brasileiros, conta com apenas 6% das reservas aquíferas do Brasil. Essa disparidade nos obriga a implementar sistemas eficientes de distribuição e tratamento de água, e hoje estamos longe desse objetivo. 



Para se ter uma ideia, nosso país desperdiça 35% da água tratada em toda a distribuição. Um índice tão alto que fica ainda mais incompreensível em um cenário onde 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e cerca de 46% do esgoto gerado no país não é tratado, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). São dados negativos que impactam a economia e, principalmente, a saúde da população. 

Devido à importância do tema e urgência em melhorar esse quadro a comunidade empresarial tem se reunido para debater o problema. O objetivo é propor soluções visando melhorar esse cenário crítico com iniciativas voltadas a uma gestão mais inteligente para reduzir os altos índices de perdas de água, elevar a eficiência energética nos sistemas e equipamentos utilizados atualmente, e expandir a oferta de água e esgoto pelo país para melhorar a qualidade de vida da população.

Organizações empresariais como Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e a Rede Brasil do Pacto Global, das quais a Siemens faz parte, têm colocado a crise hídrica e a necessidade de melhor eficiência energética no centro do debate em reuniões com CEOs e executivos das empresas associadas. Dentro desse contexto, em encontro recente na Abinee, por exemplo, foram apresentadas propostas de curto, médio e longo prazo visando três pontos principais: 1) a redução e racionalização do consumo de eletricidade; 2) a redução do pico de carga no Sistema Interligado Nacional; e 3) a geração emergencial de energia elétrica. 

No total, foram apresentadas 14 propostas que foram elaboradas a partir das associadas que integram a área de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (GTD), e que são levadas pela entidade ao Ministério de Minas e Energia. Entre as propostas estão a implementação massiva da tarifa branca com a ampliação da instalação de medidores inteligentes, o uso de armazenamento de energia para suprir o consumo nos horários de pico e a realização de ações de eficiência energética como a troca de motores elétricos por equipamentos mais eficientes.

Iniciativas conjuntas como essa, que reúnem o conhecimento e expertise de toda uma classe do mercado, são cruciais para podermos enfrentar os problemas crescentes em relação aos recursos hídricos e consumo de energia que enfrentamos atualmente. Além disso, precisamos nos preparar desde já para um futuro ainda mais desafiador onde a tendência é ter um índice ainda maior de pessoas morando em centros urbanos – passando da média atual de 50% para 70% até 2050 – em um cenário que eleva o consumo de energia e a emissão de poluentes. Os desafios energéticos e climáticos são reais e temos que enfrentá-los desde já visando uma gestão inteligente e sustentável dos sistemas.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities  

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