Tendência mundial, especialmente na Europa, o DOTS – Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável, ganha força no Brasil
O chamado “Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável” – DOTS, termo traduzido do inglês Transit Oriented Development ou “TOD”, tem sido bastante debatido e abordado aqui no blog. Impulsionar a formação de novas centralidades no entorno dos eixos de transporte coletivo, possibilitando o adensamento de áreas próximas a esses pontos e o uso misto do solo, é o foco da estratégia DOTS que vem sendo incorporada a planos diretores de uma série de localidades brasileiras e de outros países, como São Paulo (SP), Teresina (PI), Rionegro (Colômbia) e Barcelona (Espanha).
Segundo Oriol Biosca, Head of Strategic Planning da MCRIT, empresa com sede em Barcelona, na Espanha, as estratégias de DOTS permitem o desenvolvimento de ambientes públicos mais integrados e atrativos, além de humanizar a cidade, priorizando as pessoas e não os veículos. “A MCRIT tem 30 anos de mercado e, há aproximadamente 10 anos, temos trabalhado intensamente no Brasil em projetos voltados à mobilidade e segurança viária. Mais recentemente em projetos que visam promover novos desenhos urbanos focados em mobilidade sustentável e inteligente”, explicou.
Projetos no Brasil
Em outubro de 2020, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciaram, uma iniciativa conjunta para melhorar a mobilidade nas cidades brasileiras com base nos conceitos de DOTS. A Urban Systems e a MCRIT foram contratadas pelo BID para participar do desenvolvimento desses projetos que começaram com a cidade de Teresina (PI). Atualmente o projeto já está sendo desenvolvido em Natal (RN), Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF) serão as próximas cidades a integrarem a iniciativa.
“O MCRIT e a Urban Systems têm complementaridades evidentes. Para nós, a parceria é fundamental. Nós trabalhamos do ponto de vista da criação de um projeto urbano interessante de mobilidade sustentável e a Urban Systems nos demonstra como podemos viabilizar esse projeto, como aliar o setor privado e público, quais os produtos imobiliários necessários e até que ponto ele irá gerar desenvolvimento”, comentou.
Biosca destacou que, atualmente, a empresa está implantando as estratégias de DOTS em Natal (RN). “Nossa experiência em Teresina (PI) com a Urban Systems irá ajudar muito nesse projeto. Será uma intervenção única em uma área de 4 km de diâmetro, não apenas de organização do espaço urbano, mas uma estratégia de desenvolvimento, que irá criar identidade, atividades e valorização da região. Dessa maneira as intervenções propostas serão catalizadoras dessa transformação”, explica.
DOTS no Brasil e exterior
Segundo Biosca, além do Brasil ter muitas especificidades regionais existem outras diferenças entre a implantação de DOTS aqui e no exterior. Para ele, no Brasil, planejamento estratégico é uma das chaves. “Cada uma das intervenções deve ser avaliada com base nos pontos fortes de cada cidade, portanto precisamos criar produtos específicos que terão uma lógica para aquele território fortalecendo as ferramentas de desenvolvimento de modo a induzir mudanças importantes”.
“Na Europa, por exemplo, a tendência é diminuir os carros e transformar as cidades em espaços mais humanos, com o desafio de não impactar drasticamente a mobilidade privativa. Atualmente estamos trabalhando em diversos estudos para entender até que ponto esse tipo de modelo funciona bem e quais os impactos sobre o tráfego privado”.
Biosca acredita que o Brasil está nesse momento buscando novos conceitos, estratégias e modelos de financiamento que tragam respostas a desafios muito importantes como os congestionamentos nas grandes metrópoles, que é muito maior do que nas cidades europeias, bem menores. Além disso, ele destacou a dimensão dos projetos. “Na Europa os projetos são menores, com mais detalhes, e as instituições têm mais dificuldades de implantação. Não existe muita margem de manobra para esse tipo de projeto, então acabam sendo pequenas mudanças, os grandes projetos levam mais tempo. Já no Brasil sinto o diálogo mais aberto e os projetos têm uma capacidade de mudança enorme, inclusive com maior impacto econômico e de desenvolvimento”.
Outra diferença importante, de acordo com Biosca, é a capacidade de investimento do setor público. “Na Europa os gestores têm maior tradição de investimento público em projetos de espaço urbano ou de transportes. Já no Brasil precisa-se de maior participação do setor privado, e o sistema de concessões ajuda muito no caso do transporte público e, em relação a outros projetos de DOTS. Sendo que o financiamento das entidades privadas é fundamental para auxiliar os gestores públicos no Brasil, estamos procurando mecanismos que permitam acionar e direcionar esses investimentos para catalisar transformações”.
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