Para colocar ambos os temas em pauta, é necessário que as empresas tenham como propósito a criação da cadeia de valor para os clientes, conforme aponta executivo, durante webinar promovido pela ANPEI
A transformação digital e a sustentabilidade precisam caminhar juntas nos processos de inovação em modelos de negócios, conforme apontou o professor Ruy Quadros, titular do Departamento de Política Científica e Tecnológica, do Instituto de Geociências da UNICAMP, durante webinar promovido pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (
ANPEI). Isso porque, enquanto a digitalização ocorre de maneira rápida e difusa, a sustentabilidade é mais lenta, uma vez que provoca mudanças profundas na cultura e na cadeia de valor das organizações.
“Os fatores determinantes e significativos para colocar em pauta esses processos, no entanto, estão ligados ao que as empresas pretendem fazer diante deste cenário. Além disso, gerar novos modelos de negócios inovadores e, assim, abrir mercados neste sentido, talvez seja a posição mais ambiciosa – mas, antes de tudo, isso exigirá um alinhamento e apoio da alta liderança e C-level das corporações”, explica Quadros.
O Manual de Oslo, um dos principais guias de inovação, editado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), classificou a inovação em modelos de negócios como uma referência de inovação global em sua quarta edição, de 2018. “Porém, a compreensão do conceito é mais ampla do que parece em uma primeira leitura. Para gerar essa cadeia de valor, a sustentabilidade e a transformação digital são pontos fundamentais para orientar os investimentos das organizações”, comenta Quadros.
A transformação digital é um fenômeno amplo que afeta vários elementos ao nosso redor, como educação a distância, telemedicina, ecossistemas de inovação, além da ciência apoiada em Big Data, inteligência artificial, manufatura 4.0, entre outros pontos. “Desta forma, a transformação digital na empresa é um processo abrangente de inovação, baseado na adoção de tecnologias digitais para renovar e/ou criar novas propostas de valor para os clientes”, explica o profissional.
Para Quadros, isso se dá, especialmente, por conta da aceleração, que é resultado da pandemia, quando passamos a contar com um crescimento digital em software, equipamentos, metodologia e equipes ligadas à área digital. Só para se ter uma ideia, a capitalização do mercado de tecnologia da América Latina cresce, em média, 65% ano a ano, desde 2003.
“Reforço que uma parte significativa dessas oportunidades está ligada à demanda da sustentabilidade e da transição para a economia de baixo carbono. Basicamente, está relacionada à ideia de desmaterialização do consumo, digitalização do rastreamento de produtos e embalagens – ótima para gerar novos modelos de negócio de economia circular -, descentralização das fontes de energia e a experimentação rápida, como a aceleração do P&D em novos materiais, ativos e formulações sustentáveis e manufatura aditiva, por exemplo”, finaliza.
Desde a criação da internet e a adoção mundial dela, um número crescente de tecnologias paralelas se fortaleceu com o desenvolvimento do e-commerce. Para Marcela Flores, diretora executiva da ANPEI, por meio da transformação digital, vemos uma mudança ampla e abrangente na empresa, que leva, como consequência, o desenvolvimento de novos modelos de negócios da associação.
“O olhar aqui é voltado às grandes implicações organizacionais, ao qual o modelo de core business é modificado, por meio do uso de tecnologias digitais. Isso, claro, traz vantagens competitivas, uma vez que muda a empresa, de modo geral, e também a forma de fazer negócios, permitindo que a corporação entre em novos mercados”, explica Marcela.
Modelos inovadores no Brasil
No Brasil, há diversos exemplos de companhias que conseguiram somar sustentabilidade e transformação digital em seus produtos e processos. A Votorantim, por exemplo, investiu na digitalização de processos discretos e soluções tópicas. Já a Vale, procurou digitalizar processos e produtos considerados mais críticos, visando a sustentabilidade e a segurança.
Em contrapartida, Petrobras, Natura e Embraer trabalharam na proposta de inovação dos modelos de negócio, indo além da digitalização de produtos e processos, incorporando iniciativas digitais e sustentáveis em seus ecossistemas de negócios.
No caso da Natura, a transformação digital impactou as consultoras, especialmente com o uso de ferramentas digitais que proporcionam conexão fluída entre offline e online. “Voltado às consultoras que desejam atuar também no ambiente digital, oferecemos um ambiente de compra em que ela torna-se empreendedora do seu próprio negócio, trabalhando na relação com o cliente e atraindo esse público para o site, por meio de um endereço que é dela”, explica Murillo Boccia, diretor de e-commerce na Natura &Co América Latina. Ainda segundo o executivo, a plataforma traz o empoderamento das consultoras com o protagonismo em toda a jornada de compra do cliente, auxiliando, inclusive, no engajamento da rede.
Com informações da Assessoria de Imprensa