Precisamos de cidades saudáveis!
As pessoas estão constantemente em movimento no meio urbano, e a evolução de como se locomovem tem fomentado discussões acaloradas, em um momento que necessitamos de uma mudança para uma nova matriz energética. O compromisso da sociedade com cidades saudáveis e sustentáveis, passa obrigatoriamente pela mobilidade elétrica.
A discussão sobre a poluição urbana, majoritariamente emitida por queima de combustíveis fósseis, sempre foi pela abordagem da emissão CO2 e das mudanças climáticas, mas recentemente também observada pelo grande impacto à saúde da população, como doenças respiratórias e cardiovasculares. Experiências das últimas décadas, nos mostraram que o transporte urbano passou de uma questão social para uma alarmante necessidade de saúde pública.
Uma nova etapa na evolução do transporte urbano
Quando se pensa em evolução ou tecnologia, somos confrontados ao medo da inovação, para aos poucos percebermos que a simplicidade pode ser a resposta. Na mobilidade elétrica, como sempre disruptiva, a simplicidade se alia à eficiência e mostra que a evolução é espontânea e nada complexa.
Os veículos elétricos vêm recheados de tecnologia, como os nossos atuais smartphones, mas de uma forma natural ao nosso dia a dia. Também demonstram em seu uso, toda a vantagem e economia que necessitamos nas nossas atividades cotidianas com robustez e sem complicação.
Não tem como desprezar uma realidade tão óbvia, e que nos mostra que um motor a combustão tem uma eficiência máxima de 30% da energia aplicada para seu deslocamento, contra 95% de eficiência energética de um motor elétrico. Que a baixa manutenção e menor valor por quilômetro rodado, já justificam uma compra racional.
Em uma análise simples, os veículos com motores à combustão com combustíveis fósseis ou etanol ganharam um concorrente mais econômico e eficiente: o veículo com motor elétrico.
Ainda conviveremos com veículos à combustão por décadas, não tem como adiantar essa evolução, mas temos que perceber que já estamos atrasados e as mudanças climáticas já nos cobram essa substituição. No Brasil temos a nossa tecnologia do etanol, que ameniza os efeitos da poluição urbana. Muitos irão defender, mas que fica em dívida com a eficiência de uma tecnologia de motores ultrapassados, já em final de linha.
Motor à combustão a etanol X Motor elétrico a energia solar
Em uma comparação de fontes de energia entre o etanol e energia solar, muito bem elaborada pelo Sr. Julio Cesar Vedana, em três tipos de eficiência: econômica, energética e de uso da terra, comprovamos a superioridade do veículo elétrico:
Considerando um hectare plantado de cana-de-açúcar, para fins de combustíveis, será possível a fabricação de 7 mil litros de etanol / ano, aproximadamente. Essa quantidade de combustível, em um carro flex com média de 9 km/litro, será suficiente para rodar 63 mil km. Equivalente a uma volta e meia ao redor da Terra.
Se na mesma área, de um hectare, fossem colocados painéis solares, seriam gerados 967,6 MWh de energia elétrica. Em um carro elétrico, possibilita rodar 5,4 milhões de km (segundo EPA – Agência Ambiental dos Estados Unidos), distância equivalente a 134 voltas ao redor do planeta.
“Power to the people”
Quando associado a energias renováveis, o carro elétrico proporciona uma nova sensação de liberdade e bem estar social. Abastecido com energia solar, ficamos livres da sazonalidade da cana e variações de mercado do petróleo, sem falar da usual adulteração e periculosidade dos combustíveis.
O futuro já está sinalizado, e temos que torná-lo realidade. As cidades precisam da solução ambiental proporcionada pela mobilidade sustentável elétrica.
E como sempre diz, nosso amigo e diretor da ABRAVEI Clemente Gauer: deslocamentos de graça com o sol, nos faz lembrar o grito dos anos 60. Energia e poder a todos ou, se preferir, “power to the people”.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Presidente da ABRAVEi – Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores; Conselheiro do CAU/BR – Conselho Federal de Arquitetura e Urbanismo do Brasil; sócio da MKZ Arquitetura; diretor Técnico ADEMI/DF – Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do DF; e diretor da AEarq – Associação dos Escritórios de Arquitetura e Urbanismo de Brasília.