Segundo o Banco Mundial, o uso de bicicletas no Brasil cresceu cerca de 129% no primeiro semestre de 2020, na comparação com 2019
Muito tem se falado sobre a importância do papel e aumento do uso de bicicletas durante a pandemia, movimento que já vem sendo fomentado há décadas, embora tenha sido intensificado nos últimos meses – o que é ótimo! Todas as mudanças que temos vivenciado tiveram um alto impacto no comportamento e, consequentemente, no deslocamento das pessoas. E em meio a esse cenário, o modal se destacou, como meio de transporte seguro que contribui para o afastamento social, e, já indo além, que impacta positivamente na economia de tempo e dinheiro, bem como no meio ambiente.
Segundo o Banco Mundial, o uso de bicicletas no país, de forma geral, cresceu no primeiro semestre cerca de 129% em relação a 2019. Além disso, a busca por ciclovias no Google Maps aumentou 69% no primeiro semestre de 2020 – um recorde histórico!
Em setembro, fizemos aqui na Tembici, um levantamento para entender o comportamento dos usuários com a reabertura gradual das cidades e, aproximadamente, 50% das pessoas que precisaram sair de casa optaram pela bicicleta. Quando perguntado o principal motivo de uso, cerca de 40% definiram a escolha do modal por ser rápido e prático. Outras características também foram citadas, como a segurança diante da necessidade de distanciamento e a possibilidade de praticar exercício e melhorar a qualidade de vida.
Muitas dessas mudanças já estavam em andamento e vieram para ficar. Afinal, quando falamos do ir e vir nas cidades, as pessoas cresceram focando no carro como seu principal meio de transporte, mas hoje já se questionam sobre gastar cerca de 2 horas no trânsito – média de algumas cidades no Brasil.
O meio ambiente
Além disso, as questões ambientais também ganharam mais destaque. Sabe-se que a cada tonelada de emissão de Gás Carbônico (CO2) é necessário o plantio de mais de 7 árvores para que o planeta não sofra os danos causados por esta emissão e somente em São Paulo, em 2020, contribuímos com a economia de mais de 800 toneladas de CO2 por meio do sistema de bikes compartilhadas. Somando todos os projetos da Tembici, 15 milhões de viagens foram realizadas no ano passado, o que equivale a um dado surpreendente: 275 voltas na Terra. Imagina a mudança global se essa utilização for intensificada?
Posso afirmar que esse desafio se torna cada vez mais tangível e o último ano foi a prova disso, especialmente com a chegada das bikes elétricas, que facilitam que os ciclistas pedalem maiores distâncias, geralmente realizadas por automóveis. O potencial de crescimento ainda é enorme, mas o caminho é certo e mira em cidades inteligentes e cada vez mais sustentáveis.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Sócio-fundador e COO da Tembici, empresa líder em micromobilidade na América Latina. Especialista em mobilidade urbana e precursor da entrada da tecnologia de bicicletas compartilhadas com estações no Brasil, tendo criado e implementado o projeto PedalUSP, o primeiro sistema de compartilhamento de bikes da Universidade de São Paulo.