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MOBILIDADE, SUSTENTABILIDADE E PLANEJAMENTO: UMA FORMA MAIS AMPLA DE PENSAR

Petras Amaral Santos
Petras Amaral Santos
Head de Inovação da Marcopolo. Há 19 anos na companhia, é responsável pela estruturação dos novos vetores de crescimento da organização, os quais incluem novos sistemas de mobilidade, modelos de negócio digitais e serviços. Também atua na gestão da estratégia de inovação e seus desdobramentos em cultura organizacional, métodos ágeis e conexão do atual negócio com o futuro. As ações da Marcopolo NEXT incluem a estruturação do portfólio de projetos, estruturas físicas e metodologias ágeis.

A mobilidade urbana eficiente vai além da ampliação da frota e implantação de mais linhas

Uma ideia popular sobre a mobilidade urbana eficiente é que, para alcançá-la, é necessário aumentar a circulação de veículos e a capilaridade do transporte coletivo. Essa linha de raciocínio tem uma certa razão: há sistemas precários, com poucos veículos em circulação; pouca abrangência, sobretudo em áreas periféricas e rurais, além do serviço escasso, com atrasos frequentes e horários desordenados. Porém, é preciso pensar a questão de forma mais ampla. 

A mobilidade urbana eficiente vai além de ampliação da frota e implantação de mais linhas. A eficiência é atingida quando há um planejamento urbano inteligente, que atenda às necessidades da população, seja qual for a dimensão, considerando o longo prazo e pensando na sustentabilidade.



Planejamento urbano

Um passo importante nessa construção é avaliar as necessidades específicas de cada cidade. O planejamento urbano inteligente leva em conta as necessidades estruturais e considera o que já está em operação. Uma grande metrópole, por exemplo, já encara um alto número de veículos em circulação diária, além de diversos outros modais em operação. Ou seja, já há uma estrutura consolidada para a mobilidade urbana. 

Ainda assim, uma profunda e constante avaliação do sistema existente é essencial para promover mudanças em prol do uso efetivo dos recursos disponíveis. Fatores como a distribuição dos coletivos de forma a atender todas as demandas da cidade, a integração com outros modais como trólebus e metrô, a capilaridade e a capacidade de receber passageiros vindos das cidades vizinhas, devem ser levados em consideração. 

Também no âmbito da frota de ônibus coletivos, é importante planejar a modernização. Isso não implica na substituição imediata de gerações anteriores de veículos, mas na gradual evolução, pensando não apenas na capacidade de transporte, na vida útil e nos custos de manutenção, mas em novas tecnologias que tragam benefícios ambientais, com melhoria nos índices de emissão de CO2, poluição sonora, entre outros impactos. Além disso, integrar novos modais priorizando o uso de energia limpa e sustentável, como a propulsão elétrica, é mais um passo em direção à mobilidade eficiente.

Meio ambiente 

Adicionalmente à modernização, a estrutura viária tem papel importante na sustentabilidade dos sistemas de mobilidade. Veículos circulando com menos interrupções, sem a influência direta do trânsito, emitem menos gases do efeito estufa. Uma pesquisa do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) mostrou que, em janeiro de 2021, a frota coletiva da cidade de São Paulo emitiu até 50% menos gases poluentes do que a frota em 2016. Isso devido ao aumento da velocidade das vias como consequência da diminuição de veículos nas ruas durante a pandemia da Covid-19, aliado à modernização da frota – em São Paulo, o transporte coletivo utiliza veículos com no máximo 10 anos de fabricação. 

O estudo também mostra que o planejamento viário, com corredores e faixas exclusivas, aumenta a velocidade de circulação enquanto diminui o tempo médio de viagem dos coletivos e, consequentemente, de suas emissões atmosféricas. Isso é numericamente demonstrado por um levantamento da Scipopulis: em 12 de fevereiro de 2020, antes da pandemia, a velocidade média dos coletivos em São Paulo foi de 15 km/h e 1346 toneladas de CO2 foram liberadas na atmosfera. Em 15 de abril, no auge do isolamento, a velocidade aumentou para 21 km/h e as emissões caíram para 715 toneladas. Em 16 de novembro, com a retomada das atividades, a velocidade voltou a cair para 18 km/h e as emissões cresceram, atingindo 1429 toneladas.  

Na construção de um sistema de mobilidade completo, é preciso manter o olhar no futuro. Empresas e governos devem se atentar a medidas sustentáveis e duráveis, com novas tecnologias ambientalmente eficientes, enquanto priorizam o atendimento à população. Uma cidade, independentemente de seu tamanho, está em constante crescimento e tem potencial para se tornar mais inteligente.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

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