Considerado um caso de sucesso, startup que desenvolveu o aplicativo Jade Autism está presente em 149 países e possui mais de 80 mil usuários
startup que criou um premiado aplicativo voltado a pessoas com autismo realizou nesta terça-feira (19) uma apresentação de sua plataforma no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O app Jade Autism usa jogos cognitivos para promover o desenvolvimento de pessoas com autismo, principalmente crianças, ao mesmo tempo em que coleta dados de utilização do usuário que são compartilhados de forma segura com profissionais de saúde e educação responsáveis por seu tratamento.
O empresário foi recebido pelo ministro do MCTI, Marcos Pontes, e teve a oportunidade de conhecer a iniciativa, ao lado do secretário de Empreendedorismo e Inovação, Paulo Alvim, e outros membros da equipe do ministério.“O mundo das startups brasileiras tem muitos casos de sucesso”, disse o secretário. “Este é um exemplo de ciência e tecnologia para a transformação – um exemplo a ser seguido”.
A startup fundada por Ronaldo Cohin, teve como inspiração seu próprio filho para o desenvolvimento do aplicativo. O software já está no mercado há 3 anos e está disponível em 4 línguas, em 149 países e com mais de 80 mil usuários. Em dezembro, ganhou o prêmio da GITEX Future Stars, em Dubai. De acordo com o empresário, as pessoas com autismo, sofrem bastante preconceito e são muitas vezes estigmatizadas. Mas que com o tratamento adequado, tem um enorme potencial.
“Autistas são indivíduos únicos e singulares, não podemos dizer que todos vão se desenvolver da mesma forma. Mas muitos conseguem ter rendimentos extraordinários. Em casos específicos, até mesmo acima da média de pessoas neurotípicas”, afirma. Segundo ele, isso não é só nas ciências – o hiperfoco é uma característica do espectro. Hoje, empresas abrem processos exclusivos para dar oportunidade e buscar por profissionais autistas devido à está característica. “Então, se trabalhado e direcionado da forma certa, essas pessoas podem fazer trabalhos incríveis. Exemplos disso são Einstein e Newton, que mudaram o mundo e eram autistas”, lembra.
O aplicativo foi desenvolvido com especialistas da área e utiliza técnicas de aprendizagem por tentativas discretas, uma metodologia aplicada há mais de 40 anos e validada por cientistas. A metodologia ajuda o usuário em sua socialização e desenvolvimento pessoal. No jogo também existem algoritmos de leitura comportamental que coletam dados da criança, como suas reações durante o jogo e sua evolução em determinadas áreas.
A empresa tem como seus clientes e parceiros instituições especializadas para o tratamento de pessoas com autismo, como Associação de Pais e Amigos Dos Excepcionais (APAEs) de diversos estados, como Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais. Fora do Brasil, a startup trabalha junto ao sistema de sáude pública do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) para a implementação do software no país. De acordo com o empresário, o uso de uma ferramenta como essa em larga escala, como nesse caso, pode trazer grandes benefícios.
“Com esses dados para apoiar a tomada de decisão, temos uma resposta e acompanhamento mais rápido, personalizado e direcionado para a necessidade de cada paciente”, diz Ronaldo. “Isso significa um tratamento mais ágil e eficaz, o que o torna mais adequado para essas crianças, ajudando a desafogar os profissionais e o sistema de saúde pública”. Além disso, os familiares dos pacientes seriam diretamente beneficiados. “Com uma evolução mais rápida, você diminui a frustração da família na espera de resultados ao longo de um ou dois anos, que muitas vezes acabam retirando a criança de um tratamento de forma precoce.”