As manifestações têm o objetivo de romper o silêncio, exigir justiça e afirmar que a sociedade não aceitará mais a impunidade
Mulheres de diversas cidades brasileiras estão nas ruas neste domingo, 7, para denunciar o aumento do número de casos de feminicídio e protestar contra todas as formas de violência que violam o direito das mulheres a viver com liberdade, respeito e segurança.
Mobilizadas por coletivos, movimentos sociais e organizações feministas, as manifestações têm o objetivo de romper o silêncio, exigir justiça e afirmar que a sociedade não aceitará mais a impunidade. “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas” é o lema das manifestantes.
São Paulo (SP), Curitiba (PR), Campo Grande (MS), Manaus (AM), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), São Luís (MA) e Teresina (PI) foram as cidades que contaram com protestos.
Recentemente, três casos de violência de gênero chocaram o país. Na capital paulista, Taynara Santos, de 31 anos, teve as pernas amputadas após ser atropelada e arrastada por um quilômetro na Marginal Tietê, na zona norte da cidade.
No Recife, uma mulher grávida e quatro filhos morreram durante um incêndio. O suspeito, pai das crianças, foi preso em flagrante no mesmo dia.
No Rio de Janeiro, duas funcionárias do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) foram mortas a tiros por um funcionário da instituição de ensino. O crime ocorreu no dia 28 de novembro.
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) apontam que a cidade de São Paulo já registrou em dez meses o maior número de feminicídios da série histórica, desde 2015, quando o crime foi tipificado em lei federal. O número é maior do que o registrado em todos os anos desde 2015. Antes, o maior índice registrado havia sido nos doze meses de 2024, com 51 feminicídios.
Violência do Estado
Na manifestação em Brasília foram recorrentes falas contra o Estado e a omissão e incapacidade das instituições de protegerem as mulheres vítimas de violência, assim como de prevenir esses crimes.
A doutora em ciências sociais Vanessa Hacon é ativista do Coletivo Mães na Luta, que assessora mulheres vítimas de violência. Ela afirma que o sistema de Justiça é negligente no atendimento às mulheres e, na maioria dos casos, culpa a própria vítima.
“As mulheres saem de casa para se livrar da violência doméstica e vão parar dentro do sistema de Justiça, onde a violência processual é intensa e absurda e os juízes não fazem nada”, disse Vanessa.
A ativista reclama que as instituições do sistema de Justiça não concedem as medidas protetivas às mulheres quanto necessário.
“Existe uma ideologia machista nos tribunais que deslegitima denúncias com base em estereótipos de gênero vulgares, do tipo ‘essa mulher é uma ressentida’, ‘não aceita o fim do relacionamento’, ‘vingativa’. Essas denúncias precisam ser levadas a sério e, de fato processadas corretamente, ao invés de arquivadas sob argumentos vagos”, criticou.
* Com informações do Estadão Conteúdo e Agência Brasil
Fonte: Istoé







