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O custo da imobilidade passa por repensar o papel dos estacionamentos

Thiago Piovesan
Thiago Piovesan
Thiago Piovesan é CEO da Indigo Brasil, líder mundial em gestão de estacionamentos e mobilidade individual. Presente em mais de 350 cidades de 10 países, a empresa trabalha para criar espaços que propiciem jornadas tranquilas, conectando serviços e modais de mobilidade aos usuários e ajudando no desenvolvimento de cidades inteligentes e agradáveis para as pessoas.

A integração dos estacionamentos ao ecossistema de mobilidade como caminho para reduzir custos e congestionamentos.

Congestionamentos custam caro. E não se trata apenas de paciência e estresse. Segundo uma publicação recente do jornal O Estado de São Paulo, o tempo que os brasileiros perdem no trânsito gera prejuízos que chegam a 2% do PIB. São bilhões de reais e milhões de horas jogadas fora todos os anos.

O curioso é que, quando se fala em mobilidade, quase sempre olhamos apenas para o trânsito em si. Mas talvez a luz no fim do túnel seja o papel de protagonismo que os estacionamentos podem ter para solucionar essa equação.

Esse protagonismo vai muito além da digitalização e automação, características já presentes em diversas operações. Aqui, me refiro a questões mais complexas,  avançando para temas como a eletromobilidade em escala, a criação de hubs integrados com transportes alternativos, modelos de precificação dinâmica, sistemas de predição de ocupação e o uso dos estacionamentos como microcentros logísticos urbanos.

Quando planejados de forma inteligente, os estacionamentos ajudam a diminuir o tempo de procura por vagas, que hoje representa uma fatia considerável do congestionamento nos grandes centros. Há estudos que mostram que motoristas gastam, em média, até 20 minutos por dia apenas tentando estacionar. Com tecnologias de predição de ocupação e modelos dinâmicos de tarifação, esse impacto tende a cair. Isso porque os estacionamentos ganham o “poder”, por meio de um conjunto de dados e inteligência artificial, de criar fluxos mais eficientes, reduzindo deslocamentos.

Para muitos que não estão familiarizados com o assunto, ao fazer a predição de ocupação, o gestor consegue prever a capacidade, por meio de dados e algoritmos, de quantas vagas estarão disponíveis em um estacionamento em determinado momento. Lógica similar se aplica à precificação dinâmica, ou seja, é a possibilidade que o gestor possui de ajustar, de forma automática, o valor da tarifa conforme a demanda.

Além disso, estacionamentos bem localizados e integrados a sistemas de transporte público permitem que motoristas deixem o carro em áreas periféricas e completem o trajeto de metrô, trem ou ônibus. É uma solução simples, com um resultado muito importante.

Agora, esse conceito evolui para a formação de verdadeiros hubs multimodais. Isso quer dizer que já está sendo possível conectar o automóvel ao uso secundário de bicicletas, patinetes, transporte coletivo e até serviços sob demanda. Em outras palavras, essa é uma forma de o estacionamento ganhar novas funções, passando a ter um papel de “pontos de transição” na jornada do usuário.

Em cidades inteligentes, o estacionamento deixa de ser apenas um fim de trajeto. Costumo dizer que ele passa a ser parte de um ecossistema de deslocamento. Ainda sobre a reinvenção desses espaços enquanto hubs de mobilidade, já vemos os estacionamentos oferecendo pontos de recarga para veículos elétricos, áreas para bicicletas e patinetes, e até espaços de convivência e serviços rápidos. Muitas das operações realizadas pela INDIGO Brasil já contam com esse arranjo de soluções.

Nos planos futuros, a tendência será ampliar ainda mais a infraestrutura de recarga rápida, algo capaz de suportar a eletromobilidade em escala. Além disso, explorar novas funções. Uma delas é a operação de microcentros logísticos urbanos para entregas de última milha.

Com essas “funcionalidades”, o estacionamento vira uma espécie de ponto de apoio em áreas bem estratégicas da cidade. Com isso, ele pode armazenar, de forma temporária, mercadorias e outros itens, agilizando as entregas de última milha, ou seja, o trajeto final até o cliente.

A verdade é que não existe mobilidade eficiente sem um olhar completo sobre o ciclo do deslocamento. O “custo de parar” precisa ser repensado. Pensar os estacionamentos de forma moderna, com formatos capazes de se integrarem às necessidades dos usuários, é uma oportunidade de transformação das cidades.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Portal CSC

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