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HomeEIXOS TEMÁTICOSMeio Ambiente‘Superfaturar’ práticas ESG abala credibilidade e afasta investidores

‘Superfaturar’ práticas ESG abala credibilidade e afasta investidores

Fraude conhecida como greenwashing traz prejuízos não só para a empresa que usa o método, mas a todas as companhias que buscam se firmar como sustentáveis

ESPECIAL PARA O ESTADÃO – Cada vez mais presente no debate empresarial, o ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) passou a definir como as companhias incorporam sustentabilidade na gestão. Mais do que discurso, especialistas apontam que o conceito deve estar ligado ao dia a dia corporativo.

“Ter uma prática ESG não significa adotar iniciativas ambientais ou sociais isoladas, mas integrar a sustentabilidade de forma consistente à governança, à gestão e à estratégia do negócio”, afirma Daniele Barreto e Silva, especialista em ESG da Grant Thornton Brasil.

No entanto, ao mesmo tempo que o tema ganhou espaço entre consumidores e investidores, também cresceu o chamado greenwashing: quando empresas se apresentam como mais sustentáveis do que realmente são.

Izabela Lanna Murici, diretora de Sustentabilidade da Falconi, alerta que os consumidores devem desconfiar de ações pontuais. “Por exemplo, quando uma empresa lança uma ‘linha verde’, mas mantém a maior parte de sua produção em padrões poluentes, sem um plano consistente de transição.”

Mauricio Colombari, sócio e líder de ESG na PwC Brasil, diz que o maior problema para os clientes é se associar a empresas que não cumprem o que prometem. “Isso gera frustração e perda de confiança. Para o mercado, o greenwashing prejudica a credibilidade da agenda de sustentabilidade, reduzindo a confiança dos investidores e penalizando empresas que realmente fazem investimentos consistentes.”

O que é e como identificar o greenwashing

Relatórios formais

Empresas com práticas consistentes buscam reconhecimentos externos, publicam relatórios de sustentabilidade com padrões e métricas reconhecidas e submetem suas informações a verificações independentes. Essas iniciativas reforçam compromisso e transparência.

Discurso e prática

O que é divulgado por executivos e canais oficiais precisa estar alinhado à realidade da operação. Contradições são sinais de alerta, como no caso de empresas que se apresentam como sustentáveis, mas aparecem associadas a denúncias de trabalho escravo, discriminação, crimes ambientais ou outros episódios de impacto negativo.

Transparência

Se a comunicação da empresa destaca apenas conquistas e nunca aborda problemas ou pontos a melhorar, é um sinal de alerta. Organizações comprometidas com ESG não escondem seus desafios.

Metas claras

Discursos vagos como “vamos reduzir nosso impacto” soam bem, mas não dizem muito. O ideal é que a empresa apresente metas com prazos definidos, indicadores objetivos e resultados acompanhados de forma transparente.

Cadeia de valor

Empresas comprometidas com ESG estendem suas práticas para além da operação direta, incluindo fornecedores e parceiros na avaliação e monitoramento de riscos.

Informações verificáveis

Fique atento a slogans genéricos como “eco” ou “verde”. Prefira produtos que expliquem como a ação é realizada, trazendo informações objetivas, como “embalagem feita com 100% de plástico reciclado” ou “madeira certificada pelo selo FSC”.

Tipos de ações

Se a propaganda destaca apenas um detalhe isolado, sem mostrar mudanças na produção ou na cadeia como um todo, pode ser um caso de supervalorização da prática. Já uma cultura real de sustentabilidade tende a aparecer em processos, produtos e iniciativas constantes, não apenas pontuais.

Fonte: Estadão

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