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ACESSIBILIDADES NA MOBILIDADE URBANA FAVORECE TODO MUNDO

Por: Glaucia Pereira

Quando falamos em acessibilidade em mobilidade urbana, a maioria das pessoas faz uma relação direta do tema com pessoas com deficiência ou com pessoas idosas. Mas ninguém pensa que podemos nos machucar, contrair alguma doença que pode limitar nosso ir e vir, ficar sem emprego, dentre outras questões que podem afetar nossa mobilidade.

Pensar em #mobilidadeurbana e #acessibilidade no Brasil é pensar em inclusão social e na igualdade de oportunidades para todas as pessoas. São muitos desafios a serem enfrentados, especialmente em relação à negligência de quem faz a gestão da cidade. Esse descaso afeta, em especial, pessoas idosas, pessoas com deficiência e aquelas de baixa renda que muitas vezes enfrentam barreiras físicas e econômicas para se locomover na cidade.

De acordo com o Censo 2010, do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 10% da população brasileira tem alguma deficiência, o que representa mais de 23 milhões de pessoas. Os dados ainda mostraram que a população idosa (com 60 anos ou mais) representa 14,3% da população brasileira. Esse enorme contingente já deveria ser suficiente para sensibilizar o Estado sobre a prioridade da acessibilidade nas cidades brasileiras. Segurança e autonomia é tudo o que desejamos na nossa locomoção cotidiana, mas, infelizmente, a grande maioria das cidades não possuem, sequer, calçadas adequadas. Faltam ainda rampas de acesso em vias públicas, transportes coletivos adaptados, sinalização adequada com avisos sonoros, dentre outros elementos que poderiam melhorar a acessibilidade.

Está provado que uma das maiores barreiras para a acessibilidade na mobilidade urbana, em especial, no transporte coletivo, é a questão tarifária. O dossiê publicado em março pelo Journal of Sustainable Urban Mobility com apoio institucional da Fundação Rosa Luxemburgo, mostra bem esse aspecto. Sabemos também que pessoas com baixa ou nenhuma renda, em sua maioria negras, não podem pagar o valor integral da passagem de ônibus, metrô ou trem, o que limita sua locomoção. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2019, revelaram que 52,5% da população brasileira vive com até dois salários mínimos. Ou seja, para cerca de 88 milhões de pessoas, o transporte público é essencial para garantir o acesso a serviços básicos como saúde, educação e trabalho.

Enfrentar o desafio para a oferta de uma mobilidade urbana acessível só pode ser feito com políticas públicas transversais, com campanhas educativas e comunicação sistemática sobre a importância da questão. As políticas passam pela adaptação da  infraestrutura urbana, dos ônibus, dos trens e das estações, que devem ser guiadas pelo princípio da universalidade.

Contudo, nenhuma mudança poderá ser mais eficiente que compreender que cidades e mobilidades acessíveis passam pelo entendimento de que somos diferentes e que precisamos que nossas diferenças e necessidades sejam inegociáveis. Todo mundo ganha com essa mudança de paradigma. Em algum momento da vida, todas as pessoas vão passar por alguma restrição de mobilidade. E estou falando aqui de fatores que podem restringir a nossa mobilidade como questões físicas, etárias e também financeiras. É inevitável. Por que não clamar pela mudança hoje se sabemos que vamos depender dela amanhã?

Fonte: Multiplicidade Mobilidade Urbana

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