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LIDERANÇAS GLOBAIS E MUNICIPAIS REAFIRMAM COMPROMISSO COM A TRANSIÇÃO PARA A MOBILIDADE ELÉTRICA

Jens Giersdorf
Jens Giersdorf
Com mais de 14 anos de experiência no setor de energia para o desenvolvimento sustentável exerce atualmente o cargo de Management Head da Transformative Urban Mobility Initiative (TUMI) pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).

Já existem propostas técnicas para uma política nacional de descarbonização do transporte público no Brasil 

Na convenção do clima COP 27, no Egito, um pacote de apoio assinado pelo Conselho de Transição para Veículos de Emissão Zero (ZEVTC), reafirmou a ambição coletiva de mobilizar mais assistência e alinhar os fundos existentes para apoiar a transição para veículos de zero emissões nos países emergentes e em desenvolvimento ainda nesta década. O compromisso global foi firmado por Estados Unidos, Alemanha, Japão, Holanda, Coréia do Sul, Suécia e Reino Unido, países que integram o ZEVTC, no dia 16 de novembro.

Embora essa iniciativa não traga imediatamente mais recursos para a transição energética do transporte público coletivo no Brasil, o impacto desse tipo de dinâmicas que ocorrem durante os eventos é muito tangível. Nessa COP 27, o estado de Santa Catarina anunciou a implementação de oito ônibus elétricos numa operação piloto. E no ano passado na COP 26, o prefeito de Salvador, Bruno Reis decidiu ser mais ambicioso na meta da cidade de substituição da frota a diesel por elétricos – subindo de 25% para 30%. Eventos presenciais costumam trazer intensidade e aprofundamento que favorecem um debate mais rico e uma mobilização maior.

Na semana seguinte à COP 27, uma série de três eventos conjuntos ocorreu em Salvador para conectar lideranças municipais de todo o Brasil para a troca de experiências sobre como avançar na qualidade, acessibilidade e segurança do transporte público coletivo, enquanto se reduz as emissões de gases de efeito estufa. Uma apresentação sobre a Missão Ônibus Elétrico da Iniciativa Transformadora de Mobilidade Urbana (TUMI E-Bus Mission) suscitou o interesse da plateia do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana: como construir uma coalizão para implementar a eletromobilidade em larga escala? O que trouxe a lembrança de que já existem estudos técnicos prontos sobre a realidade local.

Elaborados nos últimos anos num processo participativo, por consultorias especializadas e equipes técnicas de organizações sem fins lucrativos, estes estudos podem ser desengavetados pela equipe de transição do novo governo que assume em 2023, em Brasília, para embasar propostas de uma política nacional de mobilidade elétrica. O momento é propício, já que a minuta do Projeto de Lei do novo Marco Legal do Transporte Público Coletivo, que está em consulta pública até 26 de janeiro, orienta a criação de metas para a redução de emissões.

Os países com as maiores frotas de ônibus elétricos no mundo hoje – China, Colômbia e Chile – tiveram políticas nacionais de incentivo a descarbonização do transporte público. Os resultados geraram uma nova paisagem urbana, e impactaram na visível redução da poluição do ar, como bem lembrou Eleonora Pazos, presidente da América Latina da Associação Internacional do Transporte Público (UITP), durante o TUMI Day, que ocorreu em paralelo ao Fórum e à Reunião do Grupo de Benchmarking QualiÔnibus, em Salvador.

A capital baiana se inspirou em exemplos globais bem-sucedidos de ações de marketing para divulgar as melhorias no sistema de transporte, com a contratação de influenciadores digitais de larga audiência local e cuja linguagem utilizada gera identificação com o público. Os veículos elétricos foram pintados com cores diferentes, para diferenciá-los dos movidos a diesel, e com a frase “100% brasileiro”, ressaltando a indústria nacional. Um grande QRcode dentro dos ônibus leva para um link de uma pesquisa, cujos resultados vêm mostrando a alta satisfação de quem usa os ônibus.

O apoio da população é fundamental para implementar mudanças que desafiam o status quo e exigem vontade política. Diogo Ferreira, especialista da Secretaria de Mobilidade Urbana de Salvador, contou no terceiro dia de evento – durante a visita técnica ao Centro de Controle do BRT e à estação de recarga de ônibus elétrico –, que muitas pessoas em vez de embarcar no primeiro ônibus a diesel que aparece, preferem esperar para fazer a viagem no elétrico, mais tecnológico e silencioso, ressaltando também a direção mais cuidadosa de motoristas deste modal.

Salvador é uma das cidades apoiadas pela iniciativa TUMI – que também integra a força-tarefa de assistência internacional do Conselho ZEVTC. Para responder à crise climática na urgência que a humanidade precisa, compromissos e ofertas de apoio técnico e financeiro globais precisam da disposição das lideranças locais e do envolvimento da população local – e o Brasil tem todo o potencial para liderar essa transformação, com fontes renováveis e tecnologia nacional que está pronta para a transição imediata, justa, limpa e em larga escala.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities 

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