Os indicadores são norteadores significativos para que seja possível entender a realidade das cidades e como buscar melhorias
A utilização dos indicadores vem ganhando cada vez mais relevância para o desenvolvimento das cidades inteligentes, bem como na busca por melhorias para elas e seus moradores, tendo como intuito a sustentabilidade, infraestrutura da cidade, busca de serviços e soluções, ascensão da gestão de negócios e o desenvolvimento econômico das cidades. Dentre outros.
Pensando nisso, o Connected Smart Cities 2022 apresentou o painel “Importância da utilização de indicadores para gestão pública”, que contou com a participação de Iara Negreiros, Consultora associada da SPIn e Doutora da Escola Politecnica da USP e Comissão da ABNT; Raquel Cardamone, CEO da Bright Cities; Jorge Abraão, Diretor do Instituto de Cidades Sustentáveis; Tadeu Barros, Diretor da CLP, e com a moderação de Willian Rigon, Diretor Comercial e Marketing da Urban Systems e correalizador do Connected Smart Cities.
Relevância e necessidade em dispor de indicadores
Quando se dispõe de indicadores, existe uma possibilidade maior e mais visível de entender o cenário atual de cada cidade, permitindo planejar o seu desenvolvimento e melhorias na qualidade de vida da população. Além, é claro, de mostrar que há transparência do poder público e das empresas responsáveis. Foi o que explicou Jorge Abraão, ressaltando ainda que o Brasil é um dos destaques em nosso continente quando à disponibilização e atualização de dados: “O Brasil é um país que tem muitos dados disponíveis, comparado com a américa latina”. Ainda segundo Abraão, essa disponibilização ajuda ao próprio governo a entender e identificar como a cidade pode avançar no crescimento de índices como educação, saúde e etc.
Já Tadeu Barros explicou que entende o lado dos políticos e também dos empresários, pois já esteve dos dois lados. Entretanto, ele reiterou a pertinência de dispormos dos indicadores: “Os indicadores são nortes significativos para que seja possível entender a realidade das cidades e como buscar melhorias, porque o mundo é volátil”. Ademais, Barros salientou que não é apenas uma questão de disponibilizar dados, mas também de disponibilizá-los com acurácia, ou seja, com qualidade e que sejam precisos. Isso também respalda confiabilidade em um processo colaborativo no desenvolvimento das cidades, tanto do governo, das empresas e do terceiro setor.
Além disso, Raquel Cardamone explicou que a utilização de indicadores e evidências cria um “roteiro” para a busca por tornar a cidade inteligente, bem como é excelente ferramenta na obtenção de resultados: “A gestão pública baseada em evidências, em organizar e medir indicadores, traz resultados na busca pela melhoria dos serviços públicos”.
Perspectivas para maior disponibilização de indicadores e dados
Além dos desafios de que sejam disponibilizados dados e indicadores das cidades, como também de que eles disponham de qualidade e acurácia, Willian Rigon destacou também que: “Muitas prefeituras não tem o costume de liberar (compartilhar) dados e indicadores”. Ou seja, há até certa falta de cultura do poder público em compartilhar os dados.
Porém, a mobilização de empresas, do terceiro setor e até a pressão da população para avaliar as cidades e sua gestão pública, tendem a ajudar para que tenhamos essa “virada de jogo” no futuro, para que tenhamos cada vez mais dados disponíveis, que serão ferramentas relevantes para a mudança nesse comportamento das gestões públicas em liberar esses dados.
Seguindo nessa mesma linha, Iara Negreiros destacou que as próprias secretarias precisam conversar entre si, para que esse hábito seja contínuo e preciso: “Se as secretarias conversarem entre si, o compartilhamento de dados ajuda para buscar a acurácia, como por exemplo entender a perda d’água”, considerando uma deficiência apontada no painel, em que muitas prefeituras tendem a ter índices elevados, enquanto outras o possuem mau aferidos.
Muitos municípios podem sofrer por aspectos em comum, como a perda d’água, citada por Iara Negreiros, ou por outros pontos que podem não ser em comum, mas a busca por indicadores auditados e relevantes ajuda a cada prefeitura a entender as particularidades e necessidades de sua cidade, já que cada município, região ou estado possuis suas características específicas, o que impossibilita uma comparação genérica. Ou seja, a contribuição uniforme na distribuição de dados ajudará a todos, porém o entendimento de cada município é individual, para buscar as melhorias onde necessitam.
Cenário atual e expectativas
Os indicadores disponibilizados contribuem de forma significativa para as avaliações e entendimentos do cenário atual. Como exemplo disso, podemos citar o Ranking Connected Smart Cities, que avalia 75 indicadores, dentro de 11 eixos temáticos, para avaliar as cidades mais inteligentes. Esse estudo é importante para mostrar o quanto as cidades têm evoluído, dentro dos indicadores, e onde podem melhorar.
Entende-se ainda que essa não é apenas uma preocupação regional, e sim mundial. Como por exemplo com a criação da ISO/37120 – Sustainable cities and communities (cidades e comunidades sustentáveis), com a participação de 162 países, incluindo o Brasil. Comitê esse que “auxilia as cidades a atender as suas necessidades, desenvolver a colaboração de todos os envolvidos em seu respectivo nível de responsabilidade, e a comunicar seu desempenho, proporcionando o surgimento de novas comunidades sustentáveis e resilientes e contribuindo para desenvolver as existentes”, conforme explica o site do Conselho brasileiro de Construção Sustentável. Inclusive, em 2015 a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) criou uma Comissão de Estudo Especial de Cidades e comunidades sustentáveis, para estudos e implementação das ideias e projetos da ISO/TC-268 no país.
Por fim, tanto os estudos internacionais, quanto a disponibilização de dados e indicadores com acurácia por parte do poder público, o trabalho do setor privado e todos os tópicos citados no painel convergem em um processo colaborativo de desenvolvimento das cidades.
No painel, foram apresentados os seguintes estudos ou plataformas: Ranking Connected Smart Cities e Melhores Cidades para Fazer Negócios, apresentados por Willian Rigon e elaborados pela Urban Systems; Ranking de competitividade dos estados e municípios 2022, apresentado por Tadeu Barros, da CLP; Diagnóstico de cidades, apresentado por Raquel Cardamone, da Bright Cities; Normas ABNT (ISO/TC-268, no caso) para gestão pública de cidades inteligentes, apresentado por Iara Negreiros, da SPIn, e o Programa de cidades sustentáveis, apresentado por Jorge Abraão, do Instituto de cidades sustentáveis.
Acesse aqui o relatório completo do Ranking Connected Smart Cities 2022.
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Os resultados do Ranking CSC, por eixos, região, porte de cidade e por estado, podem ser consultados diretamente na plataforma online e este ano é possível comparar a evolução das cidades entre 2021 e 2022, confira aqui.
Fonte: Urban Systems