Brasil ainda não foi capaz de resolver o básico quando se trata dos indicadores deste eixo
O objetivo é contribuir dessa avaliação é contribuir com a qualidade de vida da população. “Indicadores como saneamento básico e distribuição de água, por exemplo, não estão nas pesquisas de cidades inteligentes globais. Mas, por aqui, como ainda não atingimos a universalização desses serviços, temos uma realidade um pouco diferente”, explica Willian Rigon, diretor comercial e de marketing da Urban Systems, responsável pelo ranking Connected Smart Cities.
ODS e Smart Cities
Luana Pretto, CEO do Instituto Trata Brasil, lembra que o serviço de saneamento básico se relaciona com diversos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Universalização do saneamento é a base das cidades humanas e inteligentes, para diminuir gastos com saúde, para que crianças possam ter um melhor aproveitamento escolar e com a qualidade de vida da população de maneira geral”, diz.
No Brasil, temos 84,1% da população com acesso à água, o que quer dizer que ainda há 35 milhões de pessoas que ainda não têm esse acesso. Apenas 50,8% do esgoto gerado é tratado, causando poluição e diversos problemas de saúde, e 40,1% da água é perdida antes de chegar nas residências.
Parceria fortalece municípios
O impacto na sociedade de eventos climáticos, como fortes chuvas, é um problema grave do Brasil e um dos aspectos que o estudo avalia. De acordo com Cátia Valente, head de projetos governamentais do Climatempo, a iniciativa pública pode contribuir com os gestores públicos.
“Dentro do que temos disponível no País, são várias maneiras de atuar para minimizar os impactos. Temos o que chamamos de Salas de Situação, muitas delas ligadas às secretarias de meio ambiente dos municípios, que são áreas de monitoramento hidrometeorológico, que podem ajudar na tomada e decisão, na prevenção e nas respostas aos eventos críticos”, diz Valente.
Ela explica que a sala de situação da Bahia já foi responsável por 166 avisos de atenção e 97 alertas desde 2019. A Climatempo também possui esses centros de gerenciamento no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio de Janeiro – estas duas últimas com um perfil diferenciado e atuando em eventos na iminência de ocorrer. Outro exemplo de ações que tem dado bons resultados e poderiam ser implementadas nacionalmente é o Sistema de Monitoramento e Alerta da Climatempo (SMAC), feito para prefeituras, que envia alertas em tempo real, em mensagens para os smartphones dos gestores públicos.
Análise dos dados
Leonardo Musumeci, pesquisador da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) e professor do MBA Cidades e Inovações, ressalta a importância da participação pública e da governança na construção de indicadores municipais. Entre as necessidades apontadas pelo especialista está o uso de informações geoespaciais no campo da saúde pública, recurso pouco aplicado atualmente. Ele traz como exemplo um mapa de uma epidemia de cólera, em 1848, na Inglaterra, para demonstrar que a maioria dos casos se localizava próximo às fábricas, relacionando as questões ambientais da região com a pobreza e as precárias condições de saneamento básico.
“Traduzindo para nossa realidade e pensando principalmente nos municípios menores, que não possuem uma capacidade institucional para sistematizar dados como São Paulo, por exemplo, é fundamental olhar para os indicadores de saúde nas áreas de abrangência das unidades básicas de saúde, que vão dizer muito sobre a nossa condição ambiental”, diz Musumeci.
Nesse sentido, o especialista reforçou, também, a atuação das agentes de saúde municipais, lideranças locais que segundo ele são as maiores conhecedoras das famílias e das realidades regionais, capazes de engajar as populações nas melhorias do ambiente.
Conheça os indicadores do eixo Meio Ambiente
- Atendimento urbano de água
- Perda na distribuição de água
- Atendimento urbano de esgoto
- Tratamento de esgoto
- Recuperação de materiais recicláveis
- Coleta de resíduos sólidos
- Resíduos plásticos recuperados
- Monitoramento das áreas de risco
- Idade média da frota de veículos
- Outros modais de transporte (de massa)
- % de veículos de baixa emissão
- Potência outorgada da energia (fotovoltaica, eólica ou biomassa)
Fonte: Mobilidade Estadão