Tecnologia relacionada às criptomoedas passa a ser usada na gestão do transporte das cidades
Seguir em direção ao futuro da mobilidade é avançar continuamente em busca de inovações capazes de impactar positivamente o dia a dia das pessoas. Isso significa olhar para muito além dos tradicionais sistemas de transportes e investir em soluções que otimizem os deslocamentos e proporcionem melhorias na qualidade de vida das pessoas, principalmente entre os habitantes das grandes cidades.
Atualmente, fala-se muito sobre a questão da sustentabilidade dos meios de transportes, com a chegada dos veículos elétricos, modelos a GNV e até mesmo movidos a célula de hidrogênio. Aliado a esse movimento, temos que destacar ainda os avanços tecnológicos, que contribuem diretamente com o desenvolvimento das cidades inteligentes ao propor sistemas mais coordenados, integrados e controlados.
Nessa esteira de avanços, que envolve um trabalho conjunto entre instituições de ensino, poderes público e privado, a conectividade passou a ser cada vez mais importante. Com isso, o blockchain ganhou protagonismo também entre os sistemas de transporte em todo o mundo.
Até pouco tempo, o blockchain era conhecido apenas como uma tecnologia relacionada às criptomoedas. No entanto, por se tratar de um sistema composto por cadeias de dados rastreáveis, com a gestão segura e transparente das informações, ele passou a ser aplicado no setor de transportes em ações como: compartilhamento de dados sobre os veículos, trafegabilidade das peças e análise de toda a infraestrutura que envolve esse ecossistema.
No Brasil, temos o Piauí como um dos pioneiros em estudos para a aplicação de blockchain nos sistemas de transporte. Na capital do estado, Teresina, foi criado o Observatório do Transporte, um projeto desenvolvido em parceria entre a prefeitura da cidade, por meio da Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação (SEMPLAN), e a União Europeia, com programa EUROCLIMA+, que investiu cerca de 500 mil euros na iniciativa.
A ação estimulou a criação de projetos como: sistema de gestão de indicadores de qualidade; solução digital para a manutenção das frotas de ônibus, que conecta diretamente os motoristas com as garagens; além de uma solução para promover a organização das rotas de ônibus da capital.
Ainda sobre as cidades conectadas, outro exemplo é a iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), o Blockchain4Cities (B4C), iniciativa que surgiu por meio do programa United for Smart Sustainable Cities (U4SSC). O projeto conta com um grupo de trabalho focado em estudos e na aplicação de tecnologias que contribuem com o funcionamento das cidades inteligentes. A ação conta com pesquisadores de seis continentes e todos atuam ativamente em pesquisas relacionadas a temas como transparência e conectividade, gestão de resíduos, eficiência energética, segurança e mobilidade.
Esses exemplos nos mostram que o blockchain ganha cada vez espaço em diferentes segmentos da economia. No setor de transportes, ele é um dos marcos de um período revolucionário, com o avanço em soluções conectadas aos reais desejos da população, tornando os deslocamentos cada vez mais ágeis, seguros e sustentáveis.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Diretor de Estratégia e Transformação Digital da Marcopolo: Profissional com experiência internacional na indústria automotiva, João Paulo Pohl Ledur atualmente é diretor de Estratégia e Transformação Digital da Marcopolo, onde responde também pelas áreas de Corporate Venture Capital e Inovação da companhia. Atuando na gestão da estratégia de inovação e seus desdobramentos na cultura organizacional, fazendo conexão do atual negócio com o futuro da mobilidade. Há 18 anos na empresa, parte deles atuando na África do Sul, o executivo tem formação pela Universidade do Vale dos Sinos – Unisinos e Fundação Getúlio Vargas – FGV.