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PROFESSORAS E ALUNAS DA FEI CONTAM COMO LIDAM COM AS BARREIRAS PARA ATUAR NA CIÊNCIA E NA TECNOLOGIA

Debatendo desafios encarados pelas mulheres em campos de estudo majoritariamente masculinos, o movimento FEIanas SciTech fortalece a diversidade e a inclusão

De acordo com uma estimativa da UNESCO, apenas 30% dos cientistas em atuação no mundo são mulheres. Além disso, elas são 35% dos estudantes matriculados em cursos de Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática, áreas nas quais os homens chegam a assinar mais de 75% dos novos estudos. São dados que revelam que, ainda hoje, as mulheres enfrentam preconceitos e vieses ideológicos no seu acesso e na sua permanência em carreiras voltadas para a inovação.

Porém, olhando para esse cenário também como uma forte razão para debater e promover a igualdade entre os gêneros, o professor Guilherme Wachs, do curso de Ciência da Computação da FEI, ajudou na criação, em 2018, do movimento FEIanas SciTech, um grupo atualmente liderado pela professora e orientadora Carla Andrea Soares de Araújo, da área de Ciências Sociais e Jurídicas da Instituição. “O propósito do projeto é reunir semanalmente mulheres de todos os cursos da FEI, criando um espaço de abertura e acolhimento para que elas possam compartilhar os desafios que encontram relacionados ao seu gênero nas carreiras acadêmicas e profissionais, além de discutir oportunidades e temas emergentes em suas áreas de interesse”, explica a professora.



Segundo a docente, a iniciativa interna busca fomentar e apoiar uma agenda de diversidade e inclusão das mulheres em áreas de atuação onde continuam minorizadas, a exemplo das Engenharias e da Tecnologia da Informação, nas quais elas representam apenas 21,6% e 13% dos alunos matriculados, respectivamente, no País, conforme dados do estudo “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, realizado pelo IBGE.

“É muito importante manter essa rede de apoio, pois há muitas mulheres e meninas que desistem de cursar Engenharia por não se sentirem apoiadas ou representadas. Contribui para isso o fato de as mulheres terem pouca visibilidade de outras mulheres como elas no campo das Exatas e da Tecnologia, especialmente as que são referências em suas atuações”, conta a estudante de sétimo semestre de Engenharia Elétrica da FEI Rafaella Zeron, de 20 anos, que faz parte do FEIanas SciTech e é a única mulher em sua turma, assim como uma das poucas em seu estágio na área.

E, no sentido do que fala Rafaella, uma pesquisa da consultoria PwC aponta que as mulheres deixam de almejar profissões em Ciência e Tecnologia justamente por não terem representação feminina nesses setores, reforçando a ideia de que não são capazes ou bem-vindas. O estudo também revela que somente 22% das estudantes de cursos de tecnologia conhecem alguma mulher trabalhando no setor e ao serem perguntadas sobre profissionais homens, mais de 75% delas sabiam responder algum nome. “Há uma imensa desigualdade, e grupos como o FEIanas SciTech nos inspiram a pensar a questão e inspirar outras mulheres em suas jornadas pessoais contra preconceitos e, inclusive, assédios, que podem ser diários para algumas”, afirma a graduanda, que diz contar com os apoios das colegas do movimento da FEI para inclusão das mulheres, assim como da família, para se formar.

Diversidade em prol da inovação

Como Rafaella, a estudante de Engenharia de Produção da FEI Mariana Cervenka, também de 20 anos, acredita que as mulheres estejam minorizadas nas ciências e na tecnologia, apesar de calcular que mais de 30% da sua turma no oitavo semestre seja composta por mulheres. “É difícil encontrar mulheres referências no que estudo ou em áreas relacionadas, mas encaro como essencial que todas nós, mulheres, nos apoiemos umas nas outras, independentemente de estarmos nas Exatas, nas Humanas ou nas Biológicas”, diz. “Basta uma mulher estar totalmente dedicada, lutando pelo sucesso de sua carreira profissional, que já é motivo de muita inspiração para mim”, comenta ela, que também tem encontrado no FEIanas SciTech histórias que mostram que os caminhos não estão inteiramente fechados para as mulheres, seja qual forem seus objetivos.

Mulheres engajadas em suas profissões, como as que inspiram Mariana, têm mostrado sua presença crescente onde antes eram praticamente invisíveis. Segundo a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, entre 2017 e 2019, houve aumento de 3,6% na quantidade de profissionais mulheres em trabalhos ligados à Engenharia e de 38% em Ciências Físicas e Naturais. Enquanto no mesmo período, houve um avanço de 4,5% na quantidade de mulheres em carreiras ligadas à tecnologia da informação.

Contudo, para a professora e pesquisadora Marcilei Guazzelli, do departamento de Física da FEI, esses são avanços tímidos diante do enorme potencial para o progresso que uma maior representatividade das mulheres poderia proporcionar ao mercado e às indústrias. Um exemplo disso é o já mencionado setor de Tecnologia da Informação, que precisará de 797 mil novos talentos até 2025, como mostra um levantamento da Brasscom.

“Na maior parte dos países, e no Brasil, tanto a visibilidade para esta demanda quanto a contribuição feminina para atendê-la têm sido ampliadas nos últimos anos. A mulheres têm se unido cada vez mais para conquistar espaços e equidade. Porém, necessitamos atrair mais delas para os campos técnicos e científicos, onde inovação e profissionais qualificados estão em alta demanda. A diversidade, em todas as áreas e profissões, contribui para o crescimento e enriquecimento de ideias, atitudes criativas e conquistas”, aponta a docente.

Superando barreiras invisíveis

Como relatam as alunas, o preconceito e as barreiras encontradas pelas mulheres em ambientes predominantes masculinos são coisas pequenas quando comparadas à vontade de exercer a Engenharia. “Para se manter firme na área desejada é preciso ter muita persistência e foco no propósito, agarrando-se a movimentos que fortalecem e ajudam a chegar na reta final”, conta Rafaella. “Também é essencial que as instituições tenham redes de apoio, como a FEI tem as FEIanas SCitech. Quando você tem alguém para conversar, alguém que entende e tenha vivenciado as mesmas dificuldades, se torna mais fácil se abrir e ter ajuda e, consequentemente, ajudar outras meninas que estejam começando”, completa a colega Mariana.

Grupos semelhantes ao FEIanas SciTech, reforça a professora Marcilei, podem trazer mais do que temas relacionados às adversidades encontradas pelas mulheres no cotidiano profissional e acadêmico, promovendo mudanças estruturais na cultura e nos comportamentos que resultam em maior diversidade e inclusão. “É necessário, primeiro, que elas acreditem que essas áreas, sim, também são das mulheres. E, para tanto, devemos disseminar para a sociedade a importância da presença feminina nas ciências e na tecnologia, nos empenhando para que, desde muito cedo, as crianças não se deparem com estereótipos de gênero, que, por sua vez, influenciam na sua formação e nas suas decisões futuras, levando mulheres a terem que lidar com expectativas e julgamentos que já não cabem mais na sociedade que queremos construir”, conclui ela.

Com informações da Assessoria de Imprensa CDI Comunicação

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