Por Aldo Garcia, CEO da Betha Sistemas
Muito se fala sobre cidades inteligentes, muitas vezes com ênfase em tecnologias de ponta, como sensores, redes 5G e inteligência artificial. Mas, na essência, o conceito vai muito além dos recursos tecnológicos: trata-se da aplicação estratégica da tecnologia para melhorar a vida dos cidadãos, com foco em eficiência, sustentabilidade e inclusão.
De acordo com o Smart City Index 2024, publicado pelo International Institute for Management Development (IMD), cidades como Zurique, Oslo, Singapura e Copenhague ocupam os primeiros lugares do ranking global. O que essas cidades têm em comum não é apenas o investimento em inovação, mas o uso coordenado de dados, infraestrutura inteligente e serviços públicos digitais para promover bem-estar social, mobilidade urbana eficiente e responsabilidade ambiental.
Esses municípios demonstram que o sucesso de uma cidade inteligente está diretamente ligado à capacidade de integrar tecnologia à gestão pública de forma transparente, contínua e com foco no cidadão.
Por outro lado, a América Latina ainda enfrenta desafios significativos para avançar nesse cenário. No mesmo ranking, a melhor colocação da região é de Santiago, no Chile, em 117º lugar. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: Brasília aparece na 130ª posição, seguida por São Paulo (132ª) e Rio de Janeiro (139ª), entre 142 cidades avaliadas.
Esses números escancaram uma realidade: estamos distantes das melhores práticas internacionais. Mas eles também revelam um campo fértil para avanços concretos. Com políticas públicas bem estruturadas, investimento em infraestrutura digital e uma mudança de mentalidade na gestão pública, é possível transformar esse cenário.
Cidades inteligentes não se constroem apenas com grandes obras ou soluções mirabolantes. Elas nascem da combinação de pequenos avanços, como a digitalização de serviços, a integração de dados entre secretarias, o uso de plataformas para planejamento urbano e a aproximação entre gestão e cidadão. São essas ferramentas que, de forma silenciosa e contínua, têm o poder de transformar a experiência de viver nas cidades.
A partir da minha experiência, acompanhando de perto essa transformação em municípios de diferentes portes ao redor do Brasil, posso afirmar que, mesmo com recursos limitados, é possível dar passos concretos na direção de uma gestão pública mais eficiente, transparente e conectada à realidade das pessoas. O segredo está na escolha estratégica de soluções digitais, na capacitação das equipes e na disposição para repensar processos tradicionais à luz das novas tecnologias.
A transformação digital no setor público brasileiro não é mais uma tendência: é uma necessidade. E, para que essa transformação aconteça, é preciso mais do que tecnologia — é preciso visão de futuro, liderança comprometida e políticas que coloquem o cidadão no centro da gestão.
*A Betha Sistemas, especialista no desenvolvimento de soluções de tecnologia para a gestão pública. Com 40 anos de história, soma mais de 3 mil clientes e 2,5 milhões de usuários, com presença em 22 estados brasileiros, impactando mais 44,5 milhões de pessoas.







