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No Dia Mundial Sem Carro, é hora de repensar o papel dos estacionamentos

Thiago Piovesan
Thiago Piovesan
Thiago Piovesan é CEO da Indigo Brasil, líder mundial em gestão de estacionamentos e mobilidade individual. Presente em mais de 350 cidades de 10 países, a empresa trabalha para criar espaços que propiciem jornadas tranquilas, conectando serviços e modais de mobilidade aos usuários e ajudando no desenvolvimento de cidades inteligentes e agradáveis para as pessoas.

Todo mês de setembro nos lembra de uma pergunta simples, porém muito necessária: como seriam nossas cidades se tivéssemos menos carros ocupando espaço público e mais opções integradas de deslocamento? O Dia Mundial Sem Carro, celebrado no dia 22 deste mês, é uma oportunidade para além do gesto simbólico. Que tal aproveitarmos a data para repensar infraestrutura, serviços e hábitos que definem a mobilidade urbana?

A transformação já está em curso. De acordo com uma pesquisa do McKinsey Center for Future Mobility, 37% dos entrevistados afirmam que a melhoria da infraestrutura de micromobilidade é o primeiro passo para alcançar um modelo ideal de mobilidade, enquanto 33% acreditam que poderiam substituir até 50% ou mais de suas viagens de carro por bicicletas, scooters e outros modais leves. Outro estudo da McKinsey mostra que quase um terço dos respondentes planeja aumentar o uso da micromobilidade no futuro, e 62% já mudam seus hábitos motivados por preocupações com a sustentabilidade.

Diante dessas possibilidades de mudanças de hábitos, o papel dos estacionamentos também precisa se transformar. Eles deixam de ser “depósitos passivos” de veículos para se tornarem hubs conectados à cidade, capazes de apoiar a “última milha” e a multimodalidade. Em outra pesquisa global também da McKinsey revela que 46% dos entrevistados estariam dispostos a substituir o uso do veículo privado por outras opções de transporte nos próximos dez anos.

A boa notícia é que as tecnologias de gestão de estacionamento, conhecidas como sistemas de smart parking, já têm impactos comprovados, mostrando que é possível otimizar o uso ao mesmo tempo em que se reduz o congestionamento e a poluição. Em São Francisco, o projeto SFpark reduziu em até 43% o tempo que motoristas gastavam procurando vagas, além de diminuir em cerca de 30% as emissões de gases de efeito estufa.

Além disso, as garagens também possuem potencial para funcionarem como micro-hubs de logística. Experiências internacionais já mostram esse caminho. Um estudo publicado pela revista Sustainability (MDPI) analisou diferentes cidades e concluiu que transformar estacionamentos em pequenos centros de distribuição, os chamados micro-hubs, ajuda a reduzir a circulação de caminhões nas áreas do centro, cortar emissões e tornar as entregas mais rápidas.

Na prática, estamos falando de abrir espaço para bicicletários, vagas dedicadas a bikes de carga e veículos elétricos de entrega e pontos de coleta em lockers. Tudo isso ainda pode ser integrado por meio de plataformas digitais. Paralelamente, a instalação de pontos de recarga para veículos elétricos e a digitalização dos serviços de reserva e pagamento também chegam para agregar. Na INDIGO Brasil,  por exemplo, já contamos com projetos de recarga elétrica e soluções digitais que transformam operações tradicionais em plataformas de serviços.

Para empresas e gestores, fica cada vez mais evidente a necessidade de abandonar a lógica de “quantidade de vagas” e adotar a visão de ecossistema. Estacionamentos bem projetados e tecnologicamente integrados ampliam receitas por meio de serviços adicionais, aumentam a atratividade dos empreendimentos. Ainda podemos colocar nessa conta a contribuição para redução de emissões.

Vamos aproveitar esse mês e refletir sobre isso?

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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Thiago Piovesan é CEO da Indigo Brasil, líder mundial em gestão de estacionamentos e mobilidade individual. Presente em mais de 350 cidades de 10 países, a empresa trabalha para criar espaços que propiciem jornadas tranquilas, conectando serviços e modais de mobilidade aos usuários e ajudando no desenvolvimento de cidades inteligentes e agradáveis para as pessoas.
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