Odebrecht, Álya (antiga Queiroz Galvão) e Andrade Gutierrez decidiram não apresentar proposta; portuguesa Mota-Engil e espanhola Acciona devem entrar
As grandes construtoras nacionais desistiram de entrar no leilão do túnel Santos-Guarujá, uma das maiores obras de infraestrutura do Novo PAC, que tem entrega de propostas prevista para esta segunda-feira (1º).
Segundo relatos feitos à CNN, o consórcio formado pela Odebrecht e pela Álya (antiga Queiroz Galvão) decidiu no fim de semana que não apresentará mais oferta.
A Andrade Gutierrez, que vinha estudando sua participação junto com um fundo financeiro, também resolveu ficar de fora.
Diante da desistência das empreiteiras brasileiras, a expectativa é de uma disputa entre pesos-pesados do exterior, com propostas da portuguesa Mota-Engil (que tem capital da gigante chinesa CCCC) e da espanhola Acciona.
A construtora cearense Marquise também vinha demonstrando interesse no leilão, junto com a italiana Webuild, mas teria enfrentado dificuldades para fechar essa parceria.
A Marquise ainda buscava entrar com outro grupo, mas sua entrada na disputa ficou improvável.
O projeto do túnel imerso Santos-Guarujá, tecnologia inédita no país, prevê uma concessão por 30 anos e investimentos de R$ 6,8 bilhões em uma PPP (parceria público-privada) — R$ 5,1 bilhões divididos igualmente entre recursos federais e do estado de São Paulo, com o restante vindo da futura concessionária.
Na semana passada, após reunião entre as partes no TCU (Tribunal de Contas da União), um aditivo no convênio de delegação entre União e São Paulo tirou as últimas pendências em torno do projeto e garantiu o leilão. Após a entrega das propostas, o certame ocorrerá efetivamente na sexta-feira (5), na B3.
De acordo com fontes do setor, apesar de contar com capacidade técnica para fazer o túnel, as construtoras nacionais esbarraram na falta de fôlego financeiro.
Elas não teriam conseguido financiamento dos bancos públicos e teriam enfrentado taxas de juros proibitivas nas instituições financeiras privadas.
Para um executivo das construtoras brasileiras ouvido pela CNN, ainda há “tratamento discriminatório” por causa do histórico de envolvimento na Lava Jato, enquanto as concorrentes estrangeiras recebem forte apoio estatal em seus países de origem, mesmo também tendo protagonizado casos de corrupção.
Para esse executivo, isso significa que, mesmo uma década depois do auge da Lava Jato, o Brasil não conseguiu separar “os CNPJs dos CPFs” e preservar a competitividade de suas empresas, que têm reconhecida expertise no campo da engenharia.
Fonte: CNN Brasil
