Orquestrar para Avançar
No coração de qualquer ecossistema de inovação bem-sucedido está a governança. Ela é a
força que precisa superar egos e alinhar todos os participantes em torno de um objetivo
comum. A governança orquestra as relações e mostra que cada parte só alcança sua força
máxima quando atua de forma conjunta. No fim do dia, o grande resultado é sempre a
melhoria do ambiente de negócios, impulsionando o crescimento e a aceleração das
iniciativas inovadoras.
Reconhecer e valorizar esse trabalho é fundamental para que a governança se fortaleça e
inspire novas práticas. É justamente com esse propósito que surge o CSC Ecossistemas de
Inovação, um selo que vai além do reconhecimento simbólico: ele valida a capacidade das
lideranças locais de orquestrar suas iniciativas, coroa o esforço coletivo e estabelece
parâmetros claros para que outros ecossistemas possam aprender e evoluir.
Para mim, o CSC Ecossistemas de Inovação é mais do que um reconhecimento, é um
catalisador para que cidades e regiões assumam uma gestão estratégica da inovação. Ele cria parâmetros claros, inspira boas práticas e fortalece a governança compartilhada entre governo, empresas, academia e sociedade civil.
O Desafio da Orquestração
Bom se esse processo fosse simples e fluido, mas não é. E um dos grandes desafios que temos visto na governança de um ecossistema de inovação é aproximar grandes empresas (corporates) que, por sua natureza, atuam de forma mais independente. Pense, por exemplo, em um porto, um aeroporto ou uma ferrovia. Esses grandes equipamentos de infraestrutura não estão focados apenas no mercado local; eles servem a uma gama ampla de clientes e usuários. Por isso, coordenar suas ações dentro de um ecossistema local pode ser complexo.
Na Exxas, temos observado que um dos caminhos para trazer essas grandes empresas para mais perto do ecossistema é ter uma governança bem organizada, com um plano e uma visão de futuro claros. Isso ajuda essas empresas a enxergarem que o ecossistema tem um propósito e que vale a pena se envolver. Além disso, envolvê-las diretamente na governança é uma forma de fazê-las compreenderem a importância desse papel e, com o tempo, se sentirem motivadas a investir e participar mais ativamente.
A inovação aberta também se torna um grande fator de aproximação. Quando essas grandes empresas percebem que podem resolver seus desafios operacionais se conectando com startups, pesquisadores ou parceiros locais, elas passam a ver valor na integração com o ecossistema. É assim que a orquestração se torna não apenas uma meta, mas uma ponte concreta para o crescimento conjunto.
A Importância da Medição de Resultados
Um ponto crucial na governança de ecossistemas de inovação é a capacidade de medir e
demonstrar resultados concretos. Programas como o Centelha, em Santa Catarina, já
demonstraram que o retorno econômico e fiscal das empresas apoiadas pode ser várias vezes superior ao investimento inicial. Esses dados ajudam a justificar o investimento contínuo, especialmente por parte do setor público.
No entanto, ainda existe um desafio significativo: muitas governanças encontram dificuldade em mensurar o impacto econômico de ambientes de inovação, especialmente centros e parques tecnológicos, na economia local, por exemplo no que diz respeito ao recolhimento de impostos. Esse tipo de indicador é vital para mostrar como o ecossistema deixa recursos localmente e reforça a importância do investimento público nessas iniciativas.
Do Reconhecimento à Ação
Em última análise, a governança de ecossistemas de inovação é o que transforma uma coleção de atores individuais em uma força coletiva poderosa. Medir resultados de forma clara e envolver empresas, entidades associativas empresariais, instituições públicas, academia e entidades da sociedade civil organizada na orquestração do ecossistema não é apenas uma estratégia, mas uma necessidade para garantir que todos avancem juntos em direção a um objetivo comum.
O CSC Ecossistemas de Inovação cumpre um papel essencial nesse contexto: além de coroar o trabalho realizado, ele oferece um padrão de referência e incentiva a continuidade das boas práticas. É um lembrete de que o reconhecimento deve ser apenas o começo, o verdadeiro valor está em transformar esse prestígio em ações concretas que fortaleçam a rede, ampliem a colaboração e mantenham a inovação viva no dia a dia dos territórios.
Vamos inovar juntos?
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.

Co-fundador e CEO da Exxas Smart City Bureau e da Habitat 4.0 e mentor da Locomotiva Aceleradora. Atuou como Secretário de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação de Tubarão/SC 2017/2023 e Vice Presidente de Desenvolvimento Regional do Fórum Inova Cidades entre 2021/2023.