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Cidades inteligentes nos BRICS+: IA, mobilidade e energia limpa rumo a uma nova agenda urbana

Atilio Rulli
Atilio Rulli
Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei na América Latina e Caribe, com contribuição significativa na construção de parcerias que alavancam a transformação digital no Brasil. O executivo já atuou como gestor de Rede e Data Center da Prodam – SP, passando por multinacionais como Cabletron, Enterasys e CISCO, onde foi responsável pela área de Diretorias Regionais de Vendas.

Conheça iniciativas brasileiras que posicionam o país como referência em infraestrutura digital e cidades inteligentes.

O tema das cidades inteligentes foi destaque da Cúpula dos BRICS, realizada no Rio de Janeiro, consolidando uma visão estratégica sobre o futuro urbano do bloco. Ficou evidente que a convergência entre inteligência artificial, mobilidade elétrica e energia limpa está redesenhando os caminhos da gestão pública e fortalecendo a cooperação internacional. Nesse contexto, as grandes cidades que compõem o bloco  se tornam vetores de inovação, inclusão e sustentabilidade, com papel central nas estratégias de desenvolvimento dos países membros.

A 1ª Assembleia Geral da Associação de Cidades e Municípios BRICS+ reuniu prefeitos e secretários que reconheceram o protagonismo dos governos locais na formulação de diretrizes colaborativas para a transformação digital das cidades, que desponta como fator-chave. Tecnologias aplicadas ao espaço urbano estão melhorando a qualidade de vida em metrópoles como São Paulo, Pequim, Joanesburgo, Nova Délhi, Moscou, Teerã e Jacarta. O encontro reforçou a importância de redes colaborativas entre prefeituras, setor privado e instituições multilaterais para ampliar o acesso a soluções tecnológicas e acelerar sua implementação em escala.

Entre as tecnologias disruptivas, a inteligência artificial ocupou posição central na Declaração Final dos líderes dos BRICS. O texto reconhece a IA como uma oportunidade para impulsionar o desenvolvimento equitativo e defende a construção de uma governança global inclusiva, com normas compartilhadas, mitigação de riscos e fortalecimento da soberania digital dos países. A recomendação de utilizar plataformas abertas e incentivar a capacitação dos países do bloco expressa um compromisso com a inclusão e a autonomia tecnológica.

Nas cidades dos BRICS+, a IA está presente em várias áreas da infraestrutura urbana. Sistemas de transporte inteligente usam algoritmos para otimizar o fluxo viário; sensores em redes de iluminação pública ajustam o consumo conforme a demanda; e plataformas preditivas orientam decisões sobre mobilidade, clima e segurança. Esses avanços demonstram como a tecnologia, quando bem direcionada, potencializa a capacidade do setor público de oferecer serviços centrados no cidadão. Para isso, são essenciais uma governança de dados transparente, interoperabilidade entre sistemas, acesso às plataformas digitais e investimentos em capacitação técnica local.

No Brasil, o projeto Rio AI City representa um passo importante nessa direção. A iniciativa visa posicionar o Rio de Janeiro como o maior hub de data centers da América Latina, com infraestrutura capaz de processar grandes volumes de dados em tempo real. Ao integrar sensores, câmeras e sistemas, a cidade poderá aplicar algoritmos de IA na tomada de decisões. Os impactos serão visíveis no cotidiano: atendimento mais ágil em emergências, planejamento urbano mais eficiente e maior qualidade na prestação dos serviços públicos. Além disso, o hub tecnológico deve atrair investimentos, gerar empregos qualificados e consolidar um ecossistema urbano sustentável, alinhado aos princípios da governança digital promovida pelos BRICS+.

Outros projetos relevantes na capital fluminense reforçam esse movimento. O Centro de Operações Rio (COR) conecta dados de mais de 30 órgãos públicos em uma plataforma unificada, funcionando 24 horas por dia para monitorar trânsito, clima, segurança e eventos. A tecnologia permite respostas rápidas e coordenadas a incidentes, além de receber alertas da população por meio de aplicativos e redes sociais. Já o SENSEable Rio Lab utiliza sensores urbanos, visão computacional e análise de dados para mapear padrões de mobilidade e uso do espaço público. Essas informações alimentam algoritmos que apoiam políticas públicas baseadas em evidências. São exemplos que ilustram como a digitalização integrada pode tornar a gestão municipal mais proativa e conectada às necessidades da população.

A eletrificação da mobilidade é outro vetor que está mudando as metrópoles do bloco. Países como China e Brasil vêm investindo fortemente no transporte público movido a energia renovável. Em São Paulo, a frota de ônibus já conta com 728 veículos elétricos, 527 deles movidos a bateria, e a meta é chegar a 2.200 até 2028. As garagens estão sendo equipadas com sistemas de armazenamento BESS, capazes de carregar até 29 ônibus simultaneamente. Estima-se que cada veículo evite a emissão de cerca de 118 toneladas de CO₂ por ano. Esse processo, além de reduzir impactos ambientais, dinamiza a economia local ao estimular a produção, manutenção e operação de tecnologias limpas.

Esses exemplos mostram que a construção de cidades inteligentes no Brasil e no âmbito dos BRICS exige estratégias integradas, visão compartilhada e articulação entre governos locais, empresas inovadoras e instituições multilaterais. A inteligência artificial, além de ser uma ferramenta de gestão moderna, é um verdadeiro instrumento de melhoria urbana e vetor de inclusão digital. A mobilidade elétrica, por sua vez, agrega benefícios ambientais e produtivos. E a infraestrutura digital se firma como base da governança urbana do século XXI.

Neste cenário, o novo ciclo de desenvolvimento das cidades que emerge dos fóruns propositivos do BRICS+ representa uma forma inédita de trocas de boas práticas e avanços e é uma oportunidade de transformação sustentável, ancorada em soberania tecnológica, colaboração internacional e compromisso com o bem-estar coletivo.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities. 

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