Apenas 3% das exportações do Centro-Oeste são destinadas aos EUA, segundo estudo do FGV
O Centro-Oeste é a região que sofrerá menor impacto socioeconômico por causa da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, segundo um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre). A região, conhecida por ser reduto do agronegócio, é a única classificada com risco socioeconômico “baixo” e impacto “muito leve” do tarifaço.
Apenas 3% das exportações oriundas do Centro-Oeste são destinadas aos EUA, tendo a região sido uma das mais beneficiadas, junto com o Sudeste, pela lista de isenções anunciada no decreto assinado pelo presidente norte-americano Donald Trump.
“O Centro-Oeste do país tem uma produção baseada principalmente em commodities, altamente mecanizada, e que tem também destinos distintos, não só para a economia norte-americana”, resume o pesquisador Flávio Ataliba Barreto, do FGV Ibre.
Essas características permitem que a produção tenha mais facilidade de se reorganizar, mesmo com a incidência da nova taxa vinda dos EUA.
Compensação de perdas
Com relação à carne, que não entrou na lista de isenções e é um dos produtos mais exportados pelo Centro-Oeste, o professor explica que há outros mercados alcançados pelos produtores.
“A carne realmente é um problema no Centro-Oeste, claro. Mas quando a gente examina a pauta de exportação no Centro-Oeste, grande parte dessa exportação já está sendo encaminhada para outros mercados, especialmente na Ásia e na União Europeia”, diz.
“A possibilidade de eles aumentarem e compensarem a perda de mercado nos Estados Unidos, que porventura vem a acontecer com a aumento da tarifa, nesses outros mercados, é maior, por isso que o grau de exposição ou risco seja relativamente mais baixo”, complementa Barreto.
A conclusão do pesquisador está em linha com a análise de pesquisadores da área. Em entrevista ao Terra, o coordenador técnico de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), Thiago Bernardino, afirmou que o Brasil está exportando quantias recorde de carne bovina.
O País, segundo o economista, está em uma boa posição frente aos pares globais, porque o mundo está em restrição de oferta. “É o menor estoque de carne bovina dos últimos 20 anos”, afirma.
Fonte: Terra
