Parque conta, atualmente, com 44 startups incubadas, incluindo iniciativas que dinamizam as operações do maior porto da região
Quando se pensa em Santos, é impossível não lembrar do maior porto da América Latina, que, há 133 anos, impulsiona o desenvolvimento econômico do País e respondeu, em março, por 29,4% da sua corrente comercial (dado da Autoridade Portuária de Santos). Mais do que a movimentação de cargas, o Porto também é peça chave na geração de empregos e na arrecadação do município.
O tamanho da operação faz com que a receita de Santos seja atípica, com o ISS (Imposto Sobre Serviço) sendo o principal tributo, tendo arrecadação estimada em R$ 1,55 bilhão no próximo ano. Para o fomento, por parte da gestão pública, de políticas alinhadas ao dinamismo da atividade portuária, o Parque Tecnológico de Santos, inaugurado em 2020, tem papel central.
Apesar de a atividade econômica do Município não estar restrita ao Porto, a diversificação não ocorre em detrimento do setor. O Parque é espelho disso, sendo incubador de 44 startups de diversos segmentos.
Na área portuária, algumas iniciativas se destacam, como a HXtos, que já é responsável pela gestão do embarque de mais de 80% de toda celulose exportada, com soluções pensadas para o manejo de cargas soltas do começo ao fim do processo.
A inovação, porém, não vem só na área de logística. A Tidalwatt, por exemplo, desenvolveu uma turbina que funciona 24 horas por dia à base de correntes marítimas, com resultado até 60 vezes mais potente do que equipamentos que funcionam usando a força dos ventos, além de ser totalmente ecológica. A startup é uma das 100 startups to watch (100 startups para acompanhar, em tradução livre), destacadas pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios em 2024.
Outro símbolo, não só da integração, mas também de como iniciativas podem trazer benefícios em diversos segmentos, é a Data Overseas, com uma inteligência artificial usada para reduzir os resíduos no mar, o que impacta diretamente na sustentabilidade do Porto e Cidade como um todo.
Chama a atenção que, além da inovação por si só, as iniciativas estão totalmente alinhadas com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, demonstrando a preocupação de avançar tendo em conta o fomento de um ecossistema saudável para as gerações futuras.
Ações como as citadas têm potencial de simplificar processos custosos do ponto de vista não só financeiro, mas também ambiental, em um momento em que não podemos mais ignorar os desafios climáticos pelos quais o mundo passa. Nesse sentido, quem ganha com a parceria não é apenas a Cidade e o Porto, mas o planeta.
Em suma, o Parque já é um dos grandes motores econômicos de Santos e contribui para que a Cidade seja, de fato, inteligente. O foco é não só na manutenção, mas também nos próximos passos, para que o Porto e a Cidade possam permanecer como exemplos internacionais do que dá certo.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.

Master em Liderança e Gestão pelo CLP – Centro de Liderança Pública com módulo internacional na Harvard Kennedy School of Governament, mestre em Gestão de Políticas Públicas pela FGV/SP, advogado e especialista em Direito Processual Civil, é Secretário de Governo da Prefeitura de Santos, onde também já liderou as pastas de Planejamento e Inovação, Saúde e Gestão e foi o responsável pela concepção e implementação do programa Participação Direta nos Resultados (PDR).