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Dados, Inteligência Artificial e Políticas Públicas Mais Inteligentes para as Cidades

Ana Claudia Donner Abreu
Ana Claudia Donner Abreu
Dra. Ana Claudia Donner Abreu - Pesquisadora do Think Tank. Possui Graduação e Mestrado em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É Doutora e Pós-doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC onde é Pesquisadora Sênior do Laboratório de Engenharia e Governança do Conhecimento para Inovação. É Pesquisadora do Think Tank ABES/IEA-USP. Foi Professora na UFSC e na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Foi Assessora Parlamentar na Câmara dos Deputados e Secretária de Relações Internacionais de Florianópolis. Entre seus temas de pesquisa estão o Futuro do Trabalho; Cidades Inteligentes; Educação Digital e Ecossistemas de inovação.  

A economia de dados e a Inteligência Artificial como caminho para transformar a forma como as políticas públicas são idealizadas, tornando-as mais eficientes.

Vivemos numa era em que dados são ouro — e saber usá-los bem é o que separa decisões eficientes de simples palpites. Nesse contexto, dois elementos vêm ganhando protagonismo quando o assunto é transformar a gestão pública: a economia de dados e a inteligência artificial (IA). Juntas, essas dimensões estão mudando a forma como as políticas públicas são pensadas e colocadas em prática.

A ideia de “economia de dados” vai muito além de simplesmente coletar e guardar informações. Estamos falando de um novo modelo econômico, onde os dados se tornam recursos tão valiosos quanto o dinheiro ou a força de trabalho. E o mais interessante é que eles podem ser usados por várias pessoas ou instituições ao mesmo tempo, sem perder valor — um dado não se esgota porque alguém o utilizou.

Esse novo modelo se apoia em tecnologias como Big Data, Inteligência Artificial e ferramentas de análise de negócios (o famoso Business Intelligence). Com isso, tanto empresas quanto governos ganham mais agilidade e inteligência na hora de tomar decisões. Em vez de agir com base em achismos, é possível planejar com base em evidências concretas demonstradas pelos dados.

A inteligência artificial entra como um motor que acelera essa transformação. Ela permite analisar uma quantidade enorme de dados em tempo real, encontrar padrões que o olho humano nem sempre veria e até prever demandas futuras. Isso significa que governos podem agir antes do problema acontecer — e não só depois que ele acontece.

Hoje, com tantas fontes diferentes gerando informação o tempo todo (celulares, sensores urbanos, plataformas digitais, registros públicos), fica mais fácil personalizar políticas públicas de acordo com a realidade de cada lugar. Um bairro com alto índice de violência, por exemplo, pode receber reforço em segurança baseado em dados reais e atualizados. Já uma cidade com aumento de casos de dengue pode ter ações de combate direcionadas antes que o surto se espalhe.

Além disso, quando os sistemas de informação de diferentes áreas do governo se conversam — o que chamamos de interoperabilidade — tudo flui melhor. A saúde se conecta com a assistência social, que se conecta com a educação, e assim por diante. Isso ajuda não só a evitar desperdícios, mas também fortalece a participação da população e o controle das decisões. O cidadão sabe o que está sendo feito, por que, e pode cobrar com base em dados transparentes.

Outro ponto essencial é a automação de processos, principalmente em áreas sensíveis como saúde, segurança e mobilidade urbana. Algoritmos inteligentes conseguem otimizar rotas de ambulâncias, prever gargalos no transporte público e até indicar onde deve haver mais policiamento preventivo. Tudo isso gera um serviço público mais rápido, mais preciso e mais humano — porque quando a tecnologia cuida do que é repetitivo, sobra mais tempo para os profissionais cuidarem do que realmente importa: das pessoas.

De fato, o que está acontecendo é uma mudança na forma como os governos pensam e executam políticas públicas. Antes, era comum agir com base na tradição, na experiência ou até na intuição. Agora, estamos caminhando para decisões baseadas em evidências concretas, fundamentadas em dados de qualidade e analisadas com ferramentas poderosas como a inteligência artificial.

Essa nova abordagem traz um enorme potencial para tornar as cidades mais inteligentes, eficientes e inclusivas. Claro, com isso surgem questões éticas que envolvem a disponibilidade e a utilização dessas novas tecnologias, até cuidados com a privacidade — afinal, dados pessoais não são apenas números, mas informações sensíveis sobre vidas reais. Mas com regras claras, transparência e participação da sociedade, dá para aproveitar todo esse potencial sem abrir mão da responsabilidade.

A boa notícia é que essa revolução já começou. E cidades que souberem usar bem seus dados, com pessoas preparadas para saber lê-los, podem resolver problemas antigos de forma mais eficaz, como também tenderão a estar preparadas para os desafios do futuro. Porque no mundo digital em que vivemos, governar bem é, também, saber ler e interpretar os sinais que os dados nos dão. E quem aprende a escutar esses sinais transforma informação em ação. E ação em impacto real na vida das pessoas.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities. 

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Dados, Inteligência Artificial e Políticas Públicas Mais Inteligentes para as Cidades

Ana Claudia Donner Abreu
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Dra. Ana Claudia Donner Abreu - Pesquisadora do Think Tank. Possui Graduação e Mestrado em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É Doutora e Pós-doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC onde é Pesquisadora Sênior do Laboratório de Engenharia e Governança do Conhecimento para Inovação. É Pesquisadora do Think Tank ABES/IEA-USP. Foi Professora na UFSC e na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Foi Assessora Parlamentar na Câmara dos Deputados e Secretária de Relações Internacionais de Florianópolis. Entre seus temas de pesquisa estão o Futuro do Trabalho; Cidades Inteligentes; Educação Digital e Ecossistemas de inovação.  

A economia de dados e a Inteligência Artificial como caminho para transformar a forma como as políticas públicas são idealizadas, tornando-as mais eficientes.

Vivemos numa era em que dados são ouro — e saber usá-los bem é o que separa decisões eficientes de simples palpites. Nesse contexto, dois elementos vêm ganhando protagonismo quando o assunto é transformar a gestão pública: a economia de dados e a inteligência artificial (IA). Juntas, essas dimensões estão mudando a forma como as políticas públicas são pensadas e colocadas em prática.

A ideia de “economia de dados” vai muito além de simplesmente coletar e guardar informações. Estamos falando de um novo modelo econômico, onde os dados se tornam recursos tão valiosos quanto o dinheiro ou a força de trabalho. E o mais interessante é que eles podem ser usados por várias pessoas ou instituições ao mesmo tempo, sem perder valor — um dado não se esgota porque alguém o utilizou.

Esse novo modelo se apoia em tecnologias como Big Data, Inteligência Artificial e ferramentas de análise de negócios (o famoso Business Intelligence). Com isso, tanto empresas quanto governos ganham mais agilidade e inteligência na hora de tomar decisões. Em vez de agir com base em achismos, é possível planejar com base em evidências concretas demonstradas pelos dados.

A inteligência artificial entra como um motor que acelera essa transformação. Ela permite analisar uma quantidade enorme de dados em tempo real, encontrar padrões que o olho humano nem sempre veria e até prever demandas futuras. Isso significa que governos podem agir antes do problema acontecer — e não só depois que ele acontece.

Hoje, com tantas fontes diferentes gerando informação o tempo todo (celulares, sensores urbanos, plataformas digitais, registros públicos), fica mais fácil personalizar políticas públicas de acordo com a realidade de cada lugar. Um bairro com alto índice de violência, por exemplo, pode receber reforço em segurança baseado em dados reais e atualizados. Já uma cidade com aumento de casos de dengue pode ter ações de combate direcionadas antes que o surto se espalhe.

Além disso, quando os sistemas de informação de diferentes áreas do governo se conversam — o que chamamos de interoperabilidade — tudo flui melhor. A saúde se conecta com a assistência social, que se conecta com a educação, e assim por diante. Isso ajuda não só a evitar desperdícios, mas também fortalece a participação da população e o controle das decisões. O cidadão sabe o que está sendo feito, por que, e pode cobrar com base em dados transparentes.

Outro ponto essencial é a automação de processos, principalmente em áreas sensíveis como saúde, segurança e mobilidade urbana. Algoritmos inteligentes conseguem otimizar rotas de ambulâncias, prever gargalos no transporte público e até indicar onde deve haver mais policiamento preventivo. Tudo isso gera um serviço público mais rápido, mais preciso e mais humano — porque quando a tecnologia cuida do que é repetitivo, sobra mais tempo para os profissionais cuidarem do que realmente importa: das pessoas.

De fato, o que está acontecendo é uma mudança na forma como os governos pensam e executam políticas públicas. Antes, era comum agir com base na tradição, na experiência ou até na intuição. Agora, estamos caminhando para decisões baseadas em evidências concretas, fundamentadas em dados de qualidade e analisadas com ferramentas poderosas como a inteligência artificial.

Essa nova abordagem traz um enorme potencial para tornar as cidades mais inteligentes, eficientes e inclusivas. Claro, com isso surgem questões éticas que envolvem a disponibilidade e a utilização dessas novas tecnologias, até cuidados com a privacidade — afinal, dados pessoais não são apenas números, mas informações sensíveis sobre vidas reais. Mas com regras claras, transparência e participação da sociedade, dá para aproveitar todo esse potencial sem abrir mão da responsabilidade.

A boa notícia é que essa revolução já começou. E cidades que souberem usar bem seus dados, com pessoas preparadas para saber lê-los, podem resolver problemas antigos de forma mais eficaz, como também tenderão a estar preparadas para os desafios do futuro. Porque no mundo digital em que vivemos, governar bem é, também, saber ler e interpretar os sinais que os dados nos dão. E quem aprende a escutar esses sinais transforma informação em ação. E ação em impacto real na vida das pessoas.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities. 

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