As rodovias brasileiras estão no limiar de uma transformação significativa, impulsionada pela inovação e conectividade. Essa mudança visa modernizar a infraestrutura e criar um futuro em que a tecnologia catalise o desenvolvimento social e econômico, promovendo um Brasil mais justo e eficiente.
A transformação digital das rodovias vai além da simples implementação de novas tecnologias. Trata-se de repensar como utilizamos os dados para criar soluções inteligentes e personalizadas que atendam às necessidades dos cidadãos. De acordo com a ganhadora do prêmio Nobel de Economia, Elinor Ostrom, os dados são um bem comum – um recurso valioso que, quando compartilhado e analisado estrategicamente, impulsiona a inovação e a eficiência na gestão pública.
E, nesse sentido, a colaboração é fundamental para o sucesso dessa jornada. Envolver os cidadãos como cocriadores, abrindo espaço para a participação ativa e o compartilhamento de ideias, permite que as soluções desenvolvidas atendam às reais necessidades da população. A inteligência coletiva pode gerar resultados surpreendentes, transformando desafios em oportunidades e impulsionando a inovação.
Os desafios são reais. A segurança cibernética é uma preocupação crescente, e a escassez de profissionais qualificados nessa área exige medidas urgentes. É necessário investir em programas de capacitação e parcerias estratégicas para proteger as infraestruturas digitais contra ameaças e vulnerabilidades e promover a inclusão digital, viabilizando acesso às tecnologias e serviços.
As oportunidades são vastas. A implementação de tecnologias como o 5G pode revolucionar a conectividade nas rodovias, permitindo a criação de serviços inovadores e a melhoria da experiência do usuário. A análise de dados em tempo real otimiza o fluxo de tráfego, reduz congestionamentos, aumenta a segurança nas estradas e pode interferir positivamente no volume de emissões de gases poluentes. Além disso, a tecnologia melhora a gestão de recursos, reduz custos e aumenta a eficiência das operações rodoviárias.
Para que a transformação digital das rodovias se concretize, o governo deve atuar como um facilitador, criando um ambiente regulatório favorável à inovação e aos investimentos, e promovendo a colaboração entre os setores. A desburocratização e a simplificação dos processos agilizam a implementação de novas tecnologias e possibilita que os benefícios cheguem a todos.
É importante fomentar a inovação por meio de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como de incentivos fiscais para empresas que desenvolvem soluções inovadoras para o setor rodoviário. O compartilhamento de riscos entre o setor público e o privado impulsiona a inovação e acelera a transformação digital.
A transformação digital das rodovias é um caminho promissor para um futuro mais conectado, eficiente e seguro. Para alcançar esse futuro, o governo, as empresas e a sociedade civil devem buscar soluções inovadoras e adaptadas às necessidades de cada região. A troca de experiências e o compartilhamento de conhecimento são fundamentais para acelerar a transformação digital e assegurar que os seus avanços alcancem toda a sociedade.
Por fim, a transformação digital das rodovias deve ser guiada por princípios éticos e responsáveis, preservando a privacidade dos dados e a segurança das informações. A transparência e a responsabilidade são essenciais para construir a confiança dos cidadãos nas novas tecnologias e garantir que elas sejam utilizadas para o bem comum.
Com um esforço conjunto e uma visão clara, podemos transformar as rodovias brasileiras em um modelo de inovação e eficiência, impulsionando o desenvolvimento do país e melhorando a vida de todos os brasileiros.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

Jamile Sabatini Marques é diretora de Inovação e Fomento e diretora do Think Tank – Centro de Inteligência de Inovação, Políticas Públicas e Inovação da Associação Brasileira das Empresas de Software – ABES e já atuou em alguns programas de fomento à inovação. É pós-doutora em Desenvolvimento Baseado no Conhecimento pela UFSC e pelo Instituto de Estudos Avançados da USP. É Doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina, onde defendeu a sua tese sobre a importância de se fomentar a Inovação para gerar desenvolvimento econômico baseado no Conhecimento.