Tecnologia é aliada das cidades nas respostas às ‘violências’ do clima
Não há como fechar os olhos. E se vendar os olhos, as consequências são sentidas nas ruas, avenidas, bairros e cidades. Quando o assunto são as emergências climáticas, toda atenção do Poder Público tem de se debater sobre a questão principal: o que o gestor – especialmente de uma Cidade Inteligente – está fazendo para assegurar uma resposta afirmativa às mudanças do clima sentidas em todas cidades, estados e países?
Partindo da premissa que a não ação a este tema tão atual será catastrófica a curto, médio e longo prazo, em Santos os projetos relativos às respostas das alterações climáticas estão na pauta do dia – e isso não é de hoje. Já em 2016, nossa Cidade criou uma Comissão Municipal de Mudanças Climáticas (CMMC), passando a ser, logo em seguida, um modelo no enfrentamento das emergências climáticas com várias ações consolidadas.
Outra concreta resposta às reações cada vez mais violentas do clima foi dada há oito anos, quando se estabeleceu o Plano Municipal de Mudança do Clima de Santos. A Cidade foi a primeira do País a ter uma legislação voltada exclusivamente às mudanças climáticas. Em 2022, esta iniciativa passou a se chamar Plano de Ação Climática de Santos (PACS), com a previsão de 50 metas para serem cumpridas entre 2025 e 2050 (https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/santos-traca-plano-com-50-metas-para-reduzir-impactos-ambientais).
Entre as ações planejadas, está o plantio de 10 mil árvores até 2028 (https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/programa-santos-sustentavel-vai-plantar-10-mil-arvores-nos-proximos-quatro-anos).

Em uma ‘smart city’, a resiliência climática tem de andar de mãos dadas com a tecnologia. Tendência cada vez mais forte nas cidades brasileiras, a criação de Centros de Controle Operacional (CCOs) é outro forte elemento usado pelas administrações municipais nas respostas às ocorrências extremas do clima – não só nas capitais, mas também em municípios menores.
As cidades despertaram para o uso desta importante ferramenta. Em Santos buscamos nos inspirar em modelos nacionais como o Centro de Operações Rio (COR) e modelos internacionais como Bogotá, Nova Iorque e Singapura. Consolidamos o nosso formato calcado na integração das agências públicas.
Tudo isso para mantermos nossos resultados em nível de excelência. Em janeiro – mês tradicional de fortes chuvas em toda a Baixada Santista -, o monitoramento preciso das 2.900 câmeras ativadas no CCO foi crucial para o registro de ‘zero ocorrências’ graves nos morros e em áreas críticas do Município. E isso considerando que no primeiro mês deste ano, Santos registrou 365,6 mm de chuva – acima da média do índice pluviométrico dos últimos 25 anos para o mês, que é de 326,5 mm.

Claro que, para este resultado, também foram fundamentais as obras de contenção feitas pela Administração Municipal realizadas nos últimos anos nos morros e áreas de encostas, essenciais para reduzir os impactos de fortes chuvas e minimizando deslizamentos, enchentes e alagamentos na Cidade.
Ainda no item inovação, Santos começou em 2018 um projeto-piloto de proteção costeira implantado pela Prefeitura em parceria com a Unicamp, instalando barreiras submersas (geobags). Esta moderna ferramenta passou a evitar estragos nas calçadas, durante as fortes ressacas, ao mesmo tempo que teve impacto na recuperação da faixa de areia nas praias (https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/protecao-as-praias-de-santos-com-geobags-sera-expandida).

Falando em avanços tecnológicos, é perceptível a noção de que a inteligência artificial (IA) tende a ser outra forte aliada dos gestores na prevenção de eventos climáticos extremos. Ainda estão na memória de todos as imagens das enchentes em várias partes do planeta – desde as do Rio Grande do Sul, entre abril e maio em 20024, como as de em Valência (Espanha), em outubro do ano passado.
Em um futuro próximo, teremos os Centros de Controle Operacional (CCOs) cada vez mais aptos e eficazes para antecipar as tragédias, tornando-se verdadeiros Centros Preditivos de ocorrências de várias naturezas, evitando mortes e perdas. Assim, nossas cidades não terão mais medo do que possa vir do céu e dos demais efeitos das mudanças climáticas.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.

Master em Liderança e Gestão pelo CLP – Centro de Liderança Pública com módulo internacional na Harvard Kennedy School of Governament, mestre em Gestão de Políticas Públicas pela FGV/SP, advogado e especialista em Direito Processual Civil, é Secretário de Governo da Prefeitura de Santos, onde também já liderou as pastas de Planejamento e Inovação, Saúde e Gestão e foi o responsável pela concepção e implementação do programa Participação Direta nos Resultados (PDR).