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O MERCADO DE CIDADES INTELIGENTES EM 2025

Atilio Rulli
Atilio Rulli
Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei na América Latina e Caribe, com contribuição significativa na construção de parcerias que alavancam a transformação digital no Brasil. O executivo já atuou como gestor de Rede e Data Center da Prodam – SP, passando por multinacionais como Cabletron, Enterasys e CISCO, onde foi responsável pela área de Diretorias Regionais de Vendas.

 Artigo da Forbes aponta que uma das principais tendências em cidades inteligentes este ano é o avanço na integração da inteligência artificial para melhorar a eficiência dos serviços urbanos, como transporte, saúde e segurança pública

Atualmente, o conceito de cidades inteligentes está se consolidando como um dos pilares para o desenvolvimento urbano sustentável e eficiente. Segundo a consultoria alemã Statista, o mercado global do setor deve alcançar investimentos significativos em 2025, com destaque para os Estados Unidos, que devem atingir US$ 27,6 bilhões, seguidos pela China, com US$ 18,61 bilhões. Na América Latina, o Brasil lidera com estimativas de US$ 1,35 bilhão. Esses números são um reflexo direto da crescente importância das soluções tecnológicas no planejamento e na gestão urbana.

Recente artigo da revista Forbes aponta que uma das principais tendências em cidades inteligentes este ano é o avanço na integração da inteligência artificial para melhorar a eficiência dos serviços urbanos, como transporte, saúde e segurança pública. Em muitas cidades, sensores conectados estão sendo implementados para monitorar dados em tempo real, facilitando uma gestão mais inteligente e proativa. Já o portal Smart Cities Dive destaca que a sustentabilidade será central nesse processo, com o crescimento de sistemas de energia renovável, como microrredes e baterias de armazenamento, para atingir metas climáticas e reduzir o consumo de recursos naturais.

Os dados do Statista reforçam também que tecnologias como 5G, cloud computing e internet das coisas (IoT) se tornaram determinantes para a expansão das cidades inteligentes. O 5G, em particular, está trazendo mudanças significativas. A tecnologia permite a conexão de milhões de dispositivos de forma eficiente e rápida, viabilizando desde semáforos inteligentes até plataformas avançadas de gestão de resíduos e monitoramento ambiental.

O panorama brasileiro 

No Brasil, o cenário também é promissor. A expectativa é que o setor cresça quase 12% ao ano até 2029, impulsionado pela adoção do 5G, que avança de maneira consistente desde 2022.  Estudo recente da Universidade de São Paulo aponta que nossa liderança regional é impulsionada pela adoção das tecnologias emergentes e pelas políticas públicas que abriram espaço para a criação de uma infraestrutura robusta. 

A importância do 5G se reflete cada vez mais nas demandas dos próprios gestores públicos. Recentemente, na cidade de Santa Cruz do Sul (RS), com pouco mais de 120 mil habitantes, o prefeito recém-empossado demandou das operadoras urgência na implantação do 5G no município. Esse exemplo mostra que, cada vez mais, a conectividade é vista como prioridade mesmo em municípios de médio e pequeno porte, que enxergam no 5G uma ferramenta indispensável para o avanço digital e social. A conscientização dos gestores públicos é fundamental para o avanço da transformação digital.

Nas capitais, o cenário se amplia. Cidades como Curitiba e Belo Horizonte são exemplos claros do potencial brasileiro no setor de cidades inteligentes. Em Curitiba, soluções eficientes já são realidade, com destaque para o transporte público otimizado e estratégias urbanísticas voltadas à sustentabilidade. Belo Horizonte, por sua vez, vem se destacando na digitalização da gestão pública, aumentando a transparência e a eficiência na administração dos serviços municipais. Os exemplos continuam a se espalhar, demonstrando que, com conectividade adequada e políticas públicas bem estruturadas, o Brasil tem todas as condições de avançar ainda mais.

Ponto de atenção, no entanto, é o desenvolvimento desigual país afora, principalmente na zona rural, exigindo dos agentes públicos a elaboração de projetos de integração e ampliação do alcance da digitalização da economia. Ações voltadas para fomentar a inclusão digital e combater a fragmentação de dados entre diferentes esferas de governo e regiões se tornam questões fundamentais. Essas barreiras limitam uma posição ainda melhor do Brasil no mercado de cidades inteligentes e podem ser superadas com a adoção de políticas públicas baseadas em dados, integração de sistemas governamentais, o uso estratégico de inteligência artificial (IA) e a modernização sustentável da infraestrutura¹.

O futuro: 5.5G e 6G

Importante ressaltar que o processo de transformação digital dos municípios está em constante evolução e não se limita às inovações que vivemos hoje com o 5G, mas se projeta para avanços ainda mais transformadores. A chegada do 5.5G no Brasil está prevista para este ano (no máximo em 2026) e já sinaliza uma nova era, com conectividade mais veloz, eficiente e abrangente, permitindo o desenvolvimento de aplicações como realidade estendida, redes de veículos autônomos e infraestruturas urbanas inteligentes mais sofisticadas. 

Em Pequim, na China, com cerca de 14 milhões de habitantes, o 5.5G já está sendo implementado. As redes oferecem um salto qualitativo em conectividade, com benefícios que vão desde melhorias na experiência do usuário até o suporte a setores econômicos estratégicos, como turismo e logística. A integração de inteligência artificial e automação também fortalece a eficiência e a sustentabilidade das operações, alinhando-se às demandas do município e de seus cidadãos.

Ainda mais promissora é a perspectiva do 6G, que começará a emergir até o final desta década. Com capacidades que vão além da comunicação, o 6G funcionará como uma rede neural distribuída, integrando os mundos físico, cibernético e biológico. Essa tecnologia marcará o início da “Inteligência de Tudo”, conectando não apenas dispositivos, mas sistemas complexos que permitirão um nível de automação e inteligência sem precedentes. 

Essas perspectivas demonstram que as cidades inteligentes são projetos em evolução constante e que as tecnologias são parte desse processo. Para que avancem, elas dependem de planejamento de longo prazo e de visão estratégica. A adoção de tecnologias precisa estar alinhada a políticas públicas que promovam inclusão e eficiência, garantindo que as soluções implementadas atendam à evolução das necessidades humanas de trabalho, mobilidade, saúde, educação, segurança e cidadania. Gestores comprometidos com essa visão são essenciais para transformar as cidades em espaços verdadeiramente conectados, inteligentes, sustentáveis e preparados para os desafios de um mundo cada vez mais digital.

¹ Ver também: ZSCHIESCHANG, Thaís. Tendências de Inovação de 2025: dados, IA e sustentabilidade no poder público.
Portal Connected Smart Cities, janeiro de 2025.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities. 

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