Passadas as eleições municipais, restam as preocupações sobre o futuro dos projetos de Smart City nas cidades brasileiras. Obviamente, não acompanhei as campanhas nos mais de 5 mil municípios brasileiros, mas o pouco que vi é desanimador.
De forma geral, com pouca exceção, nenhuma proposta significativa para deixar a cidade inteligente melhorando a vida das pessoas com tecnologia e inovação. Pelo contrário, apesar da presença de redes sociais, tecnologia e até Inteligência Artificial nas campanhas, essas ferramentas foram mais usadas para atacar adversários do que como propostas de gestão.
Aliás, em nossa maior cidade, São Paulo, os debates viraram combates de verdade, com cadeirada em um candidato e soco no olho de assessor de outro, tudo ao vivo.
Nos ringues pelo Brasil, a maior a discussão era sobre quem é de esquerda e quem é de direita, quem é comunista e quem é bolsonarista. Isso aconteceu, pasmem, até em minha cidade, Curitiba, onde vacina da Covid e cloroquina foram discutidas.
Você não está ficando louco, vacina da Covid e cloroquina foram debates importantes numa das cidades mais inteligentes do mundo. Uma candidata, que prefiro nem citar o nome, usou a campanha para reativar o negacionismo, e foi para o segundo turno falando mal da cidade.
Essa eleição acompanhei de perto, e me assustei. No ranking nacional Connected Smart Cities, Curitiba ficou em primeiro lugar em 2018 e 2022; em terceiro lugar em 2019, 2020 e 2021; em segundo lugar em 2023; e em quarto lugar em 2024, com a primeira colocação no eixo Tecnologia e Inovação. Conquistou o World Smart City Awards de Barcelona em 2023, o Seul Smart City Prize em 2024 e o Intelligent Community of the Year (Canadá) em 2024. Ou seja, não sou eu que estou dizendo que Curitiba é uma das melhores cidades, são os principais rankings do Brasil e do mundo.
E mesmo assim teve candidata que passou a campanha falando de Curitiba como se fosse um lugar horroroso. Felizmente, o resultado das urnas manteve a continuidade da gestão que mais inovou na cidade, e da qual tive a honra de fazer parte por seis anos e meio. O prefeito eleito, Eduardo Pimentel, que foi vice nos 8 últimos anos, além de ser formado em Administração, tem especialização em Cidade Inteligente pela FGV com módulo em Nantes, na França.
Este não é um artigo político, mas é um alerta que uma Cidade Inteligente começa na política. A campanha eleitoral é um momento importante para o cidadão observar quem tem proposta verdadeira para a cidade, momento de separar o joio do trigo e o Plano de Governo da cadeirada e do soco no olho. 2024 já foi, que fiquem suas lições.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Consultora de Inovação e Transformação Digital; Palestrante. Conselheira. Investidora Anjo; Diretora de programas da Funpar – UFPR. Mãe do Victor e da Marina. Maratonista. Ex-Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação e do Conselho Municipal de Inovação. Co-fundou e presidiu o Fórum InovaCidades ligado à Frente Nacional de Prefeitos. Atua no Conselho de Mulheres na Tecnologia.