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OS NOVOS PREFEITOS E O TRANSPORTE SUSTENTÁVEL

Está nas mãos dos eleitos fazer história e consolidar a eletrificação das frotas de ônibus

A eleição dos novos prefeitos e vereadores é sempre uma boa oportunidade para enfatizar a importância do transporte sustentável na melhoria da qualidade de vida nas cidades.

Como detêm o poder concedente sobre esses serviços na maioria dos municípios, eles terão um grande desafio: revigorar o sistema de transporte urbano por ônibus, trazendo de volta os milhões de passageiros que o deixaram nas últimas décadas.

Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o Brasil teve uma queda de 44,1% nas viagens de ônibus urbanos nos últimos dez anos. Em 2023, foram 19,1 milhões de passageiros pagantes por dia a menos do que em 2014.

A Covid-19 certamente acentuou essa tendência, mas a diminuição do total de passageiros transportados por ônibus no Brasil é contínua desde a década de 90.

Os motivos são vários, porém o pano de fundo é uma percepção difusa de queda da qualidade do serviço de transporte público nas grandes cidades. 

A eletrificação das frotas tem um papel decisivo na revalorização desse modal. 

Os ônibus elétricos de zero emissão não são importantes “apenas” para a saúde pública e para combater as mudanças climáticas. Mas também porque são veículos modernos, agradáveis, silenciosos e não poluentes. 

Mudar o status das viagens de ônibus é essencial para trazer de volta ao sistema de transporte aqueles milhões de passageiros perdidos. E para aumentar a frequência de usuários de classe média, dando-lhes uma alternativa ao automóvel.

Ainda assim, estamos no começo dessa jornada. O Brasil tem 103 cidades com mais de 200 mil habitantes. Mas segundo o Portal E-Bus Radar (julho/2024), só 20 delas têm ônibus elétricos em circulação, incluindo as regiões metropolitanas de São Paulo, Salvador e Vitória.

No primeiro semestre, as prefeituras que se inscreveram no programa PAC Seleções do Governo Federal previram somente 2.296 ônibus elétricos nos pleitos de financiamento para renovação de frotas. Menos do que os pedidos de ônibus a diesel Euro 6 (3.015).

Os atuais prefeitos foram modestos. A indústria nacional de ônibus elétricos tem, hoje, capacidade instalada para produzir 10 mil ônibus elétricos/ano.

Em julho, havia 5.899 ônibus elétricos em circulação na América Latina, segundo o E-Bus Radar. Desses, apenas 602 no Brasil – pouco mais de 10%. Chile (2.659) e Colômbia (1.590) seguem muito à frente. O Brasil, no entanto, tem 32% da população do continente latino-americano e 44% da área total. 

Como entramos tarde no processo de eletrificação do transporte público, começamos a colher seus benefícios com atraso.

Em setembro, por exemplo, um estudo apurou a redução de emissões de um grupo de 49 ônibus elétricos produzidos pela Eletra, que entraram em operação na cidade de São Paulo em setembro de 2023. Em apenas um ano, esses ônibus rodaram 4 milhões 138 mil km e deixaram de emitir 7.208 toneladas de CO² na atmosfera.

São Paulo tem hoje cerca de 450 ônibus elétricos em operação, inclusive 201 trólebus que circulam há mais de dez anos. Imagine a contribuição que essa ainda modesta frota elétrica já deu à despoluição da maior cidade do país”. Se todos os 13 mil ônibus paulistanos a diesel forem de zero ou baixa emissão (como prevê a Lei 16.802), a frota deixará de emitir na atmosfera nada menos de 14,3 milhões de toneladas de gás carbônico (CO²) em 20 anos! Afora os poluentes tóxicos à saúde humana, como óxidos de nitrogênio NOx), material particulado (MP) e outros.  

Essas vantagens estão disponíveis para todos os prefeitos que tomarão posse em janeiro. 

Se apostarem na eletrificação do transporte público, melhorarão substancialmente a qualidade de vida de seus municípios e terão excelentes indicadores ambientais e sociais para apresentar a seus eleitores. 

Está na mão dos novos prefeitos fazer história e mudar os rumos dos serviços de transporte urbano no país. Mais do que isso: eles terão o poder de transformar o Brasil num líder global em transporte sustentável. 

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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