Os desafios desse segmento incluem questões como planejamento de rotas e conhecimento sobre elas, além de manutenção de frota, entre outros pontos.
Quando me perguntam sobre os principais agentes de inovação em mobilidade, costumo incluir as empresas de delivery ou de last-mile, que são as chamadas entregas de última milha. Afinal, elas encurtam a distância entre as pessoas e os produtos ou serviços, de forma ágil. Essa facilidade dialoga diretamente com o conceito das cidades inteligentes, em que os serviços estão próximos dos habitantes.
Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) mostram que, em dez anos, de 2018 a 2028, o mercado de e-commerce deve ter um aumento de mais de R$200 bilhões em faturamento. São serviços que já fazem parte da rotina das famílias e vão seguir crescendo exponencialmente, mesmo após a pandemia de COVID-19.
Mas como aprimorar isso? Entendo que os estacionamentos devem liderar essa mudança e proporcionar maior conveniência para necessidades variadas. Para que essa etapa final da jornada logística seja cada vez mais eficiente, empresas que realizam as entregas diretas ao consumidor inovam constantemente para otimizar serviços. Os desafios desse segmento incluem questões como planejamento de rotas e conhecimento sobre elas, além de manutenção de frota, entre outros pontos.
Em Paris, capital francesa que popularizou o conceito de “cidades de 15 minutos” – segundo o qual a maioria das necessidades diárias de um cidadão deve ser atendida a pé ou de bicicleta a partir de suas casas –, há exemplos de uso de estacionamentos com infraestrutura e localização estratégicas para facilitar as entregas de produtos frescos. Em um nível subterrâneo de um estacionamento, veículos podem rotacionar e ser abastecidos de mercadorias, armazenadas em sala fria. Dada a distância curta, veículos leves, como bicicletas, guardados e ajustados no local, também podem ser usados nas entregas rápidas.
No Brasil, esses espaços têm o potencial de servir de apoio e organização de frotas. Estacionamentos próximos a centros de distribuição de produtos podem ser fundamentais para dar apoio aos entregadores, por exemplo, gerando receita também para o estabelecimento, que cede vagas e tem mais uma fonte de receita em horários de pouco ou nenhum movimento, além de organizar o fluxo de carros no entorno.
Além disso, estacionamentos de shoppings – que são estrategicamente localizados, reunindo uma gama de serviços e com boa infraestrutura – podem, com base em uma análise de dados, ter conhecimento prévio do perfil dos consumidores para estimular o consumo de outros itens no local. Uma loja de roupas pode gerar um cupom de desconto para atrair aquele cliente de last-mile.
Assim, a eficiência das cidades no contexto atual que vivemos, de crescente demanda por rapidez e conveniência, passa por pensar melhor o uso de espaços e trajetos, com o uso de dados e ferramentas tecnológicas como aliados.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.
Thiago Piovesan é CEO da Indigo Brasil, líder mundial em gestão de estacionamentos e mobilidade individual. Presente em mais de 350 cidades de 10 países, a empresa trabalha para criar espaços que propiciem jornadas tranquilas, conectando serviços e modais de mobilidade aos usuários e ajudando no desenvolvimento de cidades inteligentes e agradáveis para as pessoas.