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CIDADES PARA PESSOAS

Giovani Bernardo
Giovani Bernardo
Co-fundador e CEO da Exxas Smart City Bureau e da Habitat 4.0 e mentor da Locomotiva Aceleradora. Atuou como Secretário de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação de Tubarão/SC 2017/2023 e Vice Presidente de Desenvolvimento Regional do Fórum Inova Cidades entre 2021/2023.

ESTAMOS REALMENTE PENSANDO NISSO?

Ao longo dos últimos anos, temos visto uma evolução do tema Cidades Inteligentes, passando por cidade  tecnológica  (TIC),  depois  cidades conectadas para, só depois, serem incorporados temas como governança, sustentabilidade e qualidade de vida. Alguns conceitos que surgiram e estão sendo aplicados com relativo sucesso têm chamado a atenção para um importante aspecto: nossas cidades, especialmente médias e grandes, levaram as pessoas a uma vida mais sedentária, gerando problemas sociais e de saúde em escala global.

Moradia, trabalho, lazer, comércio, áreas verdes e serviços dispostos a uma distância que pode ser percorrida a pé ou de bicicleta em até um quarto de hora. Essa é a ideia central da Cidade de 15 Minutos, um conceito que destaca a necessidade de repensar o desenho e a mobilidade dos municípios. Diminuir os deslocamentos, especialmente o uso dos carros, e desenvolver localidades inclusivas, dinâmicas e sustentáveis são os objetivos do método idealizado pelo pesquisador e professor Carlos Moreno.

O conceito “Work, Live and Breathe” aplicado às cidades inteligentes enfatiza a integração harmoniosa entre trabalho, moradia e lazer, promovendo um ambiente urbano onde as pessoas possam viver de forma equilibrada e saudável. Este conceito sugere que as cidades devem ser para reduzir a necessidade de longos deslocamentos e melhorando a qualidade de vida dos habitantes.

Estes conceitos servem de base para muitos projetos em diferentes lugares do mundo. Copenhague é um exemplo notável onde a integração de espaços de trabalho, moradia e lazer é promovida através de um planejamento urbano que prioriza a qualidade de vida e a sustentabilidade.

Uma referência que merece atenção é o trabalho do arquiteto e urbanista Jan Gehl, especialmente seu livro “Cidades Para Pessoas”, que ele chamou de “um protesto contra algumas ideias dominantes de planejamento urbano” em uma entrevista que concedeu em uma de suas passagens pelo Brasil. Um aspecto que chama atenção na abordagem de Gehl é o olhar para as pessoas, não apenas sobre como elas se relacionam com a cidade, mas como se relacionam entre si.

Porém, o que tenho visto sobre discussões em aspectos fundamentais da vida urbana segue uma linha contrária a cidades feitas para pessoas. Um exemplo disso é a mobilidade urbana. Tem-se falado muito sobre cidades carbono zero, o que é ótimo pois reduz a poluição e melhora a qualidade de vida. No entanto, tem-se falado mais em veículos elétricos individuais do que em outros modais

mais interessantes para as pessoas, como o transporte coletivo e o uso de bicicletas. Se seguirmos a mesma linha da mobilidade a partir do carro, precisaremos de cada vez mais estradas.

O uso de veículos tem reduzido em diferentes cidades do mundo. Por exemplo, em Oslo, na Noruega, o uso de carros particulares foi reduzido em 19% entre 2017 e 2019, graças a políticas de restrição ao tráfego de veículos no centro da cidade. Em Amsterdã, o uso da bicicleta é predominante, com cerca de 63% dos residentes utilizando a bicicleta como principal meio de transporte.

Curitiba é um exemplo notável de modelo de transporte coletivo. A cidade é conhecida por seu sistema de Bus Rapid Transit (BRT), que foi pioneiro no mundo e serve de modelo para muitas outras cidades. O sistema é eficiente, acessível e contribui significativamente para a redução do uso de carros particulares.

O papel da liderança pública é fundamental para que esta visão seja implementada. Somente assim estes e outros conceitos urbanos como o de Ruas Completas podem ganhar mais espaço. Por fim, este artigo não tem como objetivo esgotar o assunto, mas servir de alerta aos novos governantes que há uma necessidade cada vez maior de pensarmos em Cidades para Pessoas.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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