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TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA SAÚDE E AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2024

Atilio Rulli
Atilio Rulli
Vice-Presidente de Relações Públicas da Huawei na América Latina e Caribe, com contribuição significativa na construção de parcerias que alavancam a transformação digital no Brasil. O executivo já atuou como gestor de Rede e Data Center da Prodam – SP, passando por multinacionais como Cabletron, Enterasys e CISCO, onde foi responsável pela área de Diretorias Regionais de Vendas.

Para a realização dessa transformação em âmbito nacional, é importante garantir a infraestrutura 5G e isso é tarefa das cidades

O Brasil mantém um dos mais importantes sistemas de saúde pública do mundo, o SUS. Ele oferece a uma população de 210 milhões de pessoas em um território maior do que a Europa a garantia constitucional de acesso a serviços de saúde de forma gratuita. De modo a otimizar suas operações, o sistema também integra ações federais, estaduais e municipais, incluindo a distribuição de medicamentos e as campanhas nacionais de vacinação. Durante o período de pandemia da Covid-19, por exemplo, o SUS foi colocado em uma situação limite, mostrando resiliência para atender à população em uma condição excepcional.

Muitos poderão dizer que o SUS deveria ser muito melhor e, de fato, ele deve. Mas isso não nos impede de reconhecer que é admirável o sistema de saúde que a sociedade brasileira conseguiu construir com esforço ao longo das últimas décadas, principalmente se comparado ao sistema de saúde de outras nações do mundo, que pouco ou nada oferecem às suas populações, muitas com muito mais recursos e níveis de desenvolvimento mais avançados. 

Podemos acrescentar ainda que o SUS, por seu alcance nacional, é um dos únicos sistemas do mundo que deve se beneficiar muito de um processo amplo de transformação digital. A implantação das novas tecnologias pode melhorar a gestão, a alocação dos recursos orçamentários e a tomada de decisão, baseada em informações confiáveis e armazenadas em nuvem sobre a saúde da população brasileira. O SUS da era digital será sustentável, conectado, inclusivo e muito inteligente.

Essa é uma boa perspectiva que precisa chegar a todos os municípios brasileiros, sem exceção. Afinal, é nas cidades onde estão as unidades básicas, os hospitais, os postos de saúde, os centros de diagnóstico, os médicos de família, as farmácias populares e muitos outros serviços. Nesse contexto, as eleições municipais de outubro ocorrem em um momento em que não é mais possível dissociar a melhoria da qualidade dos serviços de saúde pública de sua transformação digital. 

Para a realização dessa transformação em âmbito nacional, é importante garantir a infraestrutura 5G e isso é tarefa das cidades. Segundo dados recentes da Anatel, mais de quatro mil municípios estão aptos a instalarem o 5G, no entanto, hoje, apenas 729 têm legislações atualizadas para esse fim. Nesse contexto, o momento eleitoral é uma ótima oportunidade para que o debate sobre a conectividade seja realizado de modo a alertar os eleitores sobre sua importância. 

Na saúde, as tecnologias digitais, associadas a algoritmos de inteligência artificial (IA) e à internet das coisas (IoT), estão sendo implementadas no Brasil em iniciativas ainda individuais. Instituições hospitalares privadas, por exemplo, já conseguem oferecer aos usuários e ao seu corpo clínico sistemas de dados ágeis que conversam com inúmeros equipamentos de fabricantes diferentes, gerando informações completas e atualizadas. Já é possível, por exemplo, fazer toda a gestão de uma farmácia hospitalar com precisão, – um sistema logístico que atende centenas de pacientes, cada qual com uma necessidade específica -, diminuindo erros, garantindo estoques e desperdício próximo a zero. A economia de recursos e de horas de inventário é excepcional.

Em Belo Horizonte, por exemplo, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) anunciou recentemente que agora oferece Wi-Fi 6 gratuito aos pacientes internados em 19 hospitais públicos, permitindo que conversem com seus familiares durante a internação. Além disso, a solução de conectividade permite o uso de um software avançado de gestão de materiais, equipamentos e medicamentos que passaram a ser rastreados e monitorados com precisão em todas as unidades.

Muitos serviços médicos também fazem uso da telemedicina. Com ela, é possível diminuir filas de consultas, que podem ficar ao alcance das mãos de cada usuário que tenha um dispositivo móvel. Por isso, reiteramos a necessidade de políticas que facilitem a aquisição de smartphones modernos. Um atendimento à distância pode fazer a diferença na vida de uma pessoa que vive em uma área isolada, por exemplo.

Agora, com apoio do setor privado, está na hora das políticas públicas convergirem. A transformação digital no setor de saúde é mais do que colocar tecnologia nos hospitais. Trata-se de criar um ecossistema inovador com políticas formuladas para garantir a conectividade universal, a ampliação do atendimento e a melhoria da qualidade em todos os níveis e lugares. Em caso de uma nova pandemia, por exemplo, esse sistema estará ainda mais preparado. 

A tecnologia existe para facilitar essa realização. A capacidade de integrá-la ao sistema de saúde é indicativo poderoso do compromisso dos gestores públicos com o bem estar da população e com a inovação tecnológica no Brasil.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities. 

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