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CARGA TOTAL: O CRESCIMENTO EXPONENCIAL DA MOBILIDADE ELÉTRICA NO BRASIL

A mobilidade elétrica no Brasil é como uma dança sedutora entre desejo e realidade. Há uma tensão palpável entre o que é possível e o que parece um sonho distante. Mas, se tem algo que o brasileiro sabe fazer, é transformar sonhos em realidade

Os centros urbanos brasileiros estão testemunhando uma revolução silenciosa e impactante na paisagem automotiva. Os carros híbridos plug-in e, mais notavelmente, os veículos 100% elétricos, que antes circulavam timidamente, agora aceleram com frequência cada vez maior pelas vias das grandes cidades. A paixão dos brasileiros por automóveis, aliada à curiosidade por inovações tecnológicas, tem sido um catalisador para a emergente tecnologia sobre rodas.

Essa evolução é sustentada pela economia tangível que a nova solução promete em termos de combustível e manutenção, bem como pela projeção otimista de rápida expansão da infraestrutura de recarga elétrica que ainda hoje é o principal ponto de fricção para o adensamento de uso dos carros elétricos.

Neste contexto, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em colaboração com a Tupinambá, revelou um dado encorajador com o lançamento do Indicador Brasileiro de Densidade de Eletropostos: atualmente a proporção nacional é de 13 veículos eletrificados por ponto de recarga público, indicativo alinhado às métricas de mercados desenvolvidos e às recomendações da União Europeia.

São 7.758 pontos de carregamento públicos para uma frota atual de 102.132 veículos elétricos plug-in (BEV e PHEV) em circulação no Brasil.

Mais do que a quantidade, o perfil desses locais de recarga define a eficácia dessa transição, e o Brasil avança com mais de 500 unidades de recarga rápida disponíveis, demonstrando um investimento em infraestrutura de alta performance.

Investimento recorde

O aumento de 93% nas vendas de veículos eletrificados em 2023, somando 93.927 unidades, sinaliza uma virada de página. O setor automobilístico, reconhecendo o potencial do mercado brasileiro, anunciou investimento recorde de R$ 71 bilhões somente nos três primeiros meses de 2024, muitos dos quais destinados à eletrificação.

A Stellantis prometeu R$ 30 bilhões para produzir seus híbridos plug-in e ao menos 20% de elétricos puros em território nacional até 2030. Já a BYD elevou seu investimento para R$ 5,5 bilhões, com planos para iniciar a produção nacional de eletrificados em 2025, mirando um índice de 70% de componentes locais.

Oportunidade para iniciativa privada

A falta de suporte governamental robusto, diferentemente de outros mercados como Europa e China, não tem sido um entrave integral, mas sim uma oportunidade para a iniciativa privada liderar a corrida pela eletrificação com projetos ambiciosos. Um exemplo é a parcerientre as gigantes BYD, maior montadora mundial de carros elétricos, e Raízen Power, terceira maior empresa do Brasil, com a startup brasileira Tupinambá.

Em três anos, a parceria vai oferecer 600 novos pontos de recarga rápida em território nacional que juntos vão somar mais 18 MW de potência instalada. A tecnologia utilizada na operação da rede, incluindo app de recarga e software de gestão e cobrança, fica a cargo da Tupinambá, que também é responsável pelos canais de atendimento ao usuário.

A integração do ecossistema de eletromobilidade brasileiro abrange desde a mineração de lítio em Minas Gerais até a produção de elétricos, como ônibus, carros e caminhões, além de motores, baterias, geração de energia e infraestrutura de recarga.

Recentes discussões no Congresso Nacional, inclusive o encontro de diretores da ABVE com o senador Rogério Carvalho (SE-PT) poucos dias atrás, reforçam a pauta de transporte sustentável, enquanto projetos de lei como o Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e o PL sobre Combustíveis do Futuro percorrem o legislativo.

Estes movimentos dão o tom de um futuro promissor para a eletromobilidade no Brasil e alçam 2024 a um período marcante para este avanço tecnológico. Com vendas históricas de veículos eletrificados registradas entre janeiro e fevereiro, representando 7.5% do total, a mobilidade elétrica no Brasil é como uma dança sedutora entre desejo e realidade. Há uma tensão palpável entre o que é possível e o que parece um sonho distante. Mas, se tem algo que o brasileiro sabe fazer, é transformar sonhos em realidade.

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