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SÃO PAULO 470 ANOS

Marcelo Nery
Marcelo Nery
Profissional com mais de 15 anos de experiência em coordenação de projetos, análises quali-quantitativas, desenvolvimento de pesquisas e disseminação de conhecimentos. Sociólogo (USP) e Tecnólogo (INPE). Coordenador de Transferência de Tecnologia e "Head" do Centro Colaborador da PAHO/OMS (BRA-61) no Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP - CEPID-FAPESP. Pesquisador no Programa de Fellowship da ABES, atuando no Think Tank "Centro de Inteligência, Políticas Públicas e Inovação" em parceria com o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.

Comemoração do aniversário da cidade dia 25 de janeiro: Da Permanência à Inovação, a Rota para uma Metrópole Inteligente e Conectada

“Sampa”. “Selva de pedra”. “A locomotiva do Brasil”. “A cidade que nunca dorme”. “A cidade que não para”… São diversas as expressões comumente associadas à cidade de São Paulo. No entanto, poucos se recordam de que uma dessas afirmações já foi: “São Paulo deve parar!”.

Nos anos 1950, a população paulistana saltou de pouco menos de 2,2 milhões de habitantes para mais de 3,6 milhões. Naquele momento, o antropólogo e professor Claude Lévi-Strauss observou: “A cidade desenvolve-se com tal rapidez que é impossível traçar um mapa: cada semana exigiria uma nova edição”. Na prática, quando o crescimento populacional acelerado não é acompanhado por uma expansão equivalente das infraestruturas (ambientais, socioculturais e econômicas), as demandas sociais se acumulam. Portanto, não é difícil compreender o ponto de vista daqueles que indicavam o processo de crescimento urbano como responsável pelos problemas sociais paulistanos e, consequentemente, como algo que precisava ser interrompido.

Não defenderei aqui que São Paulo deva parar. Na verdade, não penso que seja possível ou desejável. Contudo, ao celebrarmos os 470 anos da cidade, argumento que brasileiros, paulistas e paulistanos devem. E, neste breve instante, contemplar o que éramos, o que somos e o que pretendemos ser.

Nas cidades, as análises das mudanças sociais são referências para as suas temporalidades e especificidades: o padrão de crescimento, a expansão dos bairros periféricos, a tardia ação do Estado, a segregação socioespacial, os diferentes graus de inclusão/exclusão, os problemas ecológicos, a vulnerabilidade civil e econômica, a falta de confiança e legitimidade nas leis e instituições, as manifestações de violência, entre outros. Cada um desses aspectos é muito revelador.

De fato, a rápida mudança citadina tende a acarretar em desorganização social; poucas são as esferas da vida social que se mantêm equilibradas ou integradas nessa condição. Os serviços públicos não acompanham o crescimento urbano; há crise habitacional, apesar do ritmo acelerado das construções; o sistema de transporte mostra-se ineficiente, afetando os ecossistemas e a qualidade de vida das comunidades. Enfim, o crescimento desordenado manifesta-se em níveis desiguais de infraestruturas e usos de tecnologias para atender às necessidades vitais da população.

Já sabemos bastante sobre tudo isso. Então, a questão que se coloca não é “de onde viemos” ou “o que somos”, mas “para onde vamos” – ou, na verdade, para onde queremos ir. Nesse momento percebemos que, em São Paulo, existe espaço tanto para permanências quanto para as inovações.

As permanências (afirmação e repetição) tornam-se mais benéficas quando entendemos como os mecanismos de mudança reajustam as partes do sistema social para mantê-lo coeso e conhecido. O desafio aqui é compreender o que muda em uma sociedade, o ritmo da transição e os fatores que contribuem para seu desenvolvimento e transformação.

No que diz respeito às inovações (processo e resultado), elas são mais efetivas quando consideramos simultaneamente as condições favoráveis ou desfavoráveis para o desenvolvimento e os impactos na reintegração do sistema social diante das mudanças que se busca implementar. Essa avaliação abrange elementos cruciais como o contexto local, o momento e as vulnerabilidades dos grupos afetados.

Em uma metrópole dinâmica como São Paulo, onde passado e futuro coexistem, a concepção de cidade inteligente ganha destaque. Integrando tecnologia, dados e participação cidadã, as cidades conectadas devem otimizar serviços urbanos, promover a sustentabilidade e promover o bem-estar de todos. Nesse cenário, a reflexão sobre “para onde queremos ir” torna-se intrinsecamente ligada à visão de uma cidade resiliente e eficiente, capaz de adaptar-se às mudanças, antecipar desafios e, assim, criar um ambiente mais tecnológico e humano.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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