As mudanças e avanços tecnológicos impõem pressões sociais, empresariais e governamentais sobre produtos e serviços digitais
O ano começa e as previsões surgem em todos os cantos, muitos tentando apostar em quais serão as novas tecnologias, novas trends, enfim, o “pulo do gato” digital. Mas, sempre vale a pena ressaltar, a essência será sempre a conexão.
As mudanças e avanços tecnológicos impõem pressões sociais, empresariais e governamentais sobre produtos e serviços digitais. Essa é uma realidade da grande maioria da população mundial.
Hoje, todo mundo está conectado, essa é uma meia verdade.
Segundo o relatório Digital 2023 Brazil, feito por We Are Social e Meltwater, a proporção de brasileiros conectados chegou a 84,3%. Com isso, o país chegou à marca de 181,3 milhões de internautas dentre os 211 milhões de habitantes. O número é significativo, mas não é “todo mundo”.
Os países que estão na liderança no ranking, Suíça e Noruega, possuem população conectada que chega a 98,4% e 99% do total, respectivamente. Numa realidade mais próxima à nossa, os internautas representam 90,2% do povo chileno, 87,2% do argentino e 90,1% do uruguaio. Índices acima dos brasileiros.
Em outro extremo, a África tem penetração de menos de 30%, a Índia tem menos de 50% de pessoas conectadas e em países mais pobres da Ásia/Pacífico são 65%. A média mundial é de 64,4% da população conectada.
Então, a não-conectividade, ainda é um abismo digital que provoca o abismo social da população. Pessoas, regiões e países não-conectados estão à margem de produtos e serviços; informação e conhecimentos; de acesso e inclusão cada vez mais necessário em um mundo globalizado.
Criar uma infraestrutura de conectividade em um país ou uma cidade não é tarefa simples. Alguns pontos são críticos e podem influenciar o acesso à internet como a infraestrutura das telecomunicações; o acesso à banda larga; o custo do acesso; a regulamentação; as condições climáticas e a disponibilidade geográfica.
Estamos presenciando a evolução e esforço de governos e empresas para solucionar problemas relacionados a esses pontos. Ano passado, SpaceX Starlink e T-Mobile anunciaram que o serviço 5G se conectará aos satélites a partir de 2024. Elon Musk (o engenheiro chefe da SpaceX) e Mike Sievert (CEO e Presidente da T-Mobile), falaram sobre como as duas empresas trabalharão em conjunto para aumentar a conectividade da população global. Os satélites com antenas enormes, entre 5 e 6 metros de diâmetro, foram lançados e usarão a estrutura da T-Mobile para enviar sinal de 5G para terra. Os empresários prometem “que se você vir o céu limpo, você poderá estar conectado”.
Ou seja, a infraestrutura caminha bem, mas essa é apenas uma ponta da equação. O desafio nas cidades brasileiras ainda é facilitar o acesso para toda a população, principalmente a mais carente.
Destaco aqui uma iniciativa importante da Prefeitura de Curitiba, na qual trabalhei até junho passado na Agência de Inovação: o projeto WI-FI Curitiba, que leva acesso gratuito de internet a 310 pontos na cidade. Esse foi um dos projetos que ajudaram a cidade a conquistar o Smart City Awards, em Barcelona, em novembro último.
Há outras boas iniciativas pelo País, mas o desafio é grande e urgente. Discutirmos isso é fator importante para a real transformação digital nas cidades.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Consultora de Inovação e Transformação Digital; Palestrante. Conselheira. Investidora Anjo; Diretora de programas da Funpar – UFPR. Mãe do Victor e da Marina. Maratonista. Ex-Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação e do Conselho Municipal de Inovação. Co-fundou e presidiu o Fórum InovaCidades ligado à Frente Nacional de Prefeitos. Atua no Conselho de Mulheres na Tecnologia.