O principal motivo de insatisfação é o trânsito, que chega a 73% de avaliações negativas
Uma pesquisa realizada entre as capitais brasileiras revelou que a mobilidade urbana é o maior descontentamento entre os entrevistados. Porto Velho é a capital com a pior nota de mobilidade urbana (2,67), seguido por Rio de Janeiro (2,83) e São Luís (2,83). Além do trânsito, o número de mortos em acidentes de trânsito também pesa na avaliação dos cidadãos.
Tempo gasto no deslocamento para o trabalho, custo médio do transporte na renda média, e a emissão de gases de efeito estufa per capita foram outros pontos negativos que contribuíram para o mau desempenho do serviço. No topo do ranking, com as melhores notas, ficam as capitais Florianópolis (5,66), Curitiba (5,66) e Vitória (4,83).
Para realizar a pesquisa, seis dimensões de serviços públicos prestados à população na esfera municipal foram analisados: educação, saúde, proteção social, desenvolvimento econômico, mobilidade e gestão de qualidade. A soma das notas gerou uma média para as capitais analisadas.
Curitiba tem nota 6,72 e lidera o ranking geral. Segundo Sergio Andrade, cientista político e diretor executivo da Agenda Pública, culturalmente a cidade mantém um diálogo contínuo com os moradores, o que facilita uma nota mais positiva nos quesitos avaliados.
Palmas, no Tocantins, aparece em segundo lugar na lista geral (6,54) e destoa do resto da região Norte, que só reaparece na 12º posição, com a capital Boa Vista (4,78). Andrade destaca ações isoladas da cidade e bons indicadores de proteção social, como o número de Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) disponíveis na cidade, que ajuda a explicar a disparidade da nota da cidade.
Na outra ponta, Belém ficou com a menor média analisada (3,04) entre as cidades. Na capital paraense, o pior índice analisado foi desenvolvimento econômico, que ficou em 1,83.
Na saúde, em todas as capitais pesquisadas, o tempo de espera para realização de consultas e exames é o fator que mais gera avaliações negativas. Contudo, Andrade chama a atenção para a boa avaliação dos profissionais de serviços públicos, que melhorou o desempenho da nota, “o atendimento dos profissionais de saúde foi reconhecido pelos usuários e essa valorização puxou a nota para cima”, reconhece.
São Paulo lidera o ranking em desenvolvimento econômico, mas não é intermediária nas outras categorias. Ou seja, mesmo sendo a capital mais rica e que mais cresce economicamente, não reverte esses índices em bem-estar para a população. A capital paulista tem o pior indicador de vulnerabilidade social entre o Sudeste. “Os serviços públicos oferecidos especialmente para a população vulnerável contribuem para o pior desempenho da cidade”, ressalta o diretor.
A Pesquisa de Qualidade dos Serviços Públicos nas Capitais Brasileiras mediu a performance da gestão pública nas capitais brasileiras, fazendo um diagnóstico para oferecer a oportunidade de propor soluções para os desafios enfrentados. “Os dados obtidos com essa avaliação devem ser utilizados para estudar e melhorar os serviços oferecidos à população, aumentando o bem-estar de todos”, diz Andrade.
A qualidade dos serviços públicos foi analisada nas 26 capitais, menos o Distrito Federal. A pesquisa utilizou dados oficiais disponíveis em bancos de dados públicos para avaliar as seis dimensões de serviços públicos e os normatizou para gerar notas entre zero e dez.
Fonte: Valor