A relação entre cidades inteligentes e ecossistemas de inovação
Para minha estreia por aqui, vou compartilhar uma visão mais ampla sobre os temas que abordarei em futuros artigos.
Habitualmente, fala-se de cidades inteligentes sob a ótica da cidade propriamente dita, ou seja, sobre os aspectos que a qualificam como inteligente. A ISO 37122, por exemplo, avalia 10 áreas, como segurança, educação, saúde, mobilidade, energia, tecnologia e inovação, meio ambiente, empreendedorismo, governança e urbanismo.
O Connected Smart Cities divulga anualmente seu ranking das cidades brasileiras que se destacam por seus resultados. Assim como este, existem diferentes métricas para avaliar o desempenho das cidades, dos governos e dos ecossistemas.
É genuíno que as cidades queiram melhorar seus indicadores e busquem posições de destaque em rankings. Essas são medidas importantes para validar as ações de um governo, porém esse não deve ser o objetivo principal e, sim, uma consequência das ações.
Segundo a Exxas Smart City Bureau, “uma Cidade Inteligente é aquela que coloca o cidadão no centro de sua tomada de decisão e utiliza a tecnologia como um dos precursores do seu bem-estar!”.
Porém, há um movimento prévio que nem sempre as cidades têm levado em consideração, o de criar um ambiente favorável para o nascimento e o crescimento de ideias inovadoras. O ambiente a que me refiro conhecemos como Ecossistema de Inovação.
O termo ecossistema vem da analogia com a biologia, pois assim como um ecossistema biológico consiste em muitas espécies que são interdependentes umas das outras, os ecossistemas de inovação são redes interdependentes compostas por uma diversidade de atores e estruturas.
É complexo mensurar o impacto direto de um ecossistema de inovação no desenvolvimento econômico de uma cidade, mas temos exemplos de cidades reconhecidas por terem um ambiente favorável para o desenvolvimento de novos negócios e que estão colhendo excelentes resultados. Florianópolis, em Santa Catarina, é um exemplo. Inclusive, foi recentemente reconhecida pela CNI como a cidade que possui o melhor ecossistema de inovação do Brasil. O impacto dos novos negócios no PIB, na geração de empregos qualificados, na atração e retenção de talentos e na atração de investimentos são alguns dos resultados de um ecossistema de inovação maduro.
Algumas características tornam os ecossistemas de inovação especiais. Dentre elas, a mais relevante é a sua comunidade, as pessoas, sua mentalidade e suas atitudes, pois no fim do dia são elas que fazem as coisas acontecerem. Pessoas com uma mentalidade mais aberta, uma mentalidade de conexão e facilitação, que encorajam e promovem a colaboração entre os diferentes atores em busca da construção de um objetivo comum, a melhoria do próprio ecossistema. São verdadeiros embaixadores, elevando a mentalidade do ecossistema a um nível de classe mundial, sendo catalisadores de oportunidades. Esse comportamento dos “CPFs”, idealmente, deve ser transferido para os “CNPJs”, levando esse mesmo comportamento a nível institucional.
Em uma economia cada vez mais conectada, as instituições não conseguem evoluir sozinhas, precisam criar redes colaborativas para “coopetirem” e sobreviverem.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.
Co-fundador e CEO da Exxas Smart City Bureau e da Habitat 4.0 e mentor da Locomotiva Aceleradora. Atuou como Secretário de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação de Tubarão/SC 2017/2023 e Vice Presidente de Desenvolvimento Regional do Fórum Inova Cidades entre 2021/2023.