Uma pesquisa recente realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Instituto Pesquisa de Reputação e Imagem (IPRI) revelou que cerca de 36% da população brasileira que reside em grandes cidades gasta mais de uma hora por dia no trânsito. Além disso, 8% dos brasileiros enfrentam deslocamentos diários de mais de três horas. Essa constatação levanta preocupações significativas sobre a qualidade de vida e a produtividade dos cidadãos.
O estudo também destacou que 55% dos entrevistados experimentam uma queda na qualidade de vida devido ao tempo gasto no trânsito, enquanto 51% afirmam que essa demora afeta negativamente sua produtividade. O professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em mobilidade urbana, Carlos Penna, apontou que a congestão do trânsito nas grandes cidades brasileiras é resultado do subinvestimento em projetos de transporte metroferroviário.
Penna enfatizou que a concentração de recursos em veículos automotores, como ônibus e carros, cria uma “imobilidade urbana”, impactando negativamente a economia, a saúde pública e o bem-estar da sociedade. Ele argumentou que, em vez de gastar grandes quantias de dinheiro em viadutos e túneis, os governos deveriam direcionar seus investimentos para metrôs, trens e bondes, proporcionando uma alternativa mais eficiente e sustentável ao transporte público.
A pesquisa também identificou que, atualmente, o carro é o meio de transporte mais amplamente utilizado, com 75%, seguido por motocicletas (60%) e bicicletas (54%). O ônibus é o meio de transporte coletivo mais frequente, com 50%. Carlos Penna ressaltou a necessidade de melhorar a qualidade do transporte público, substituindo ônibus por veículos mais eficientes e ecologicamente corretos, como trens e metrôs, que oferecem maior proteção ao meio ambiente.
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), membro da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, criticou a falta de políticas de Estado para a mobilidade urbana no país. Ele destacou a necessidade de mais investimentos em transporte de qualidade para reduzir o tempo gasto no trânsito e melhorar a qualidade de vida dos brasileiros.
Outra pesquisa da CNI sobre mobilidade urbana revelou que o Brasil precisa investir cerca de R$ 295 bilhões até 2042 para equiparar-se aos padrões de transporte público de referência na América Latina, como a Cidade do México (México) e Santiago (Chile). A maioria desses investimentos, cerca de R$ 271 bilhões, deve ser destinada à expansão de linhas de metrô. O estudo enfatiza a importância de priorizar os modais de transporte não motorizados, em contrapartida ao histórico foco em transportes individuais motorizados, a fim de mitigar os custos ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos.
Fonte: Jornal Grande Bahia