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BRASIL NO ALTO PATAMAR DA INOVAÇÃO AUTOMOTIVA

Joao Paulo Ledur
Joao Paulo Ledur
Diretor de Estratégia e Transformação Digital da Marcopolo: Profissional com experiência internacional na indústria automotiva, João Paulo Pohl Ledur atualmente é diretor de Estratégia e Transformação Digital da Marcopolo, onde responde também pelas áreas de Corporate Venture Capital e Inovação da companhia. Atuando na gestão da estratégia de inovação e seus desdobramentos na cultura organizacional, fazendo conexão do atual negócio com o futuro da mobilidade. Há 18 anos na empresa, parte deles atuando na África do Sul, o executivo tem formação pela Universidade do Vale dos Sinos – Unisinos e Fundação Getúlio Vargas – FGV.

País mostra pioneirismo e autoridade tecnológica com a chegada de primeiro do protótipo de um veículo de transporte coletivo, com direção autônoma

Recentemente, o Brasil apresentou o seu primeiro micro-ônibus com direção autônoma e o momento é comemorado como um grande feito da engenharia automotiva brasileira. Isso colocou o país no nível de desenvolvimento dos grandes players mundiais do segmento, como Estados Unidos, Alemanha e China. Para nós, que estamos envolvidos com estratégias de inovação, saber que o país está entre as fontes de ideias que ajudam nas contínuas melhorias da mobilidade é motivo de orgulho.

Após dois anos de intensas pesquisas com startups e fornecedores brasileiros, a apresentação do micro-ônibus com direção autônoma dá ao Brasil o protagonismo em soluções inovadoras em mobilidade, principalmente quando pensamos nas urgências e desafios para as grandes cidades. 

Ainda estamos falando de um protótipo, que segue em fase de testes e sem data prevista para comercialização, mas é um movimento que prepara a indústria brasileira para o futuro da mobilidade. O modelo apresentado recentemente tem capacidade de transporte de 21 passageiros, para circulação em baixa velocidade, mas as análises mostram que, no futuro, essa tecnologia poderá ser aplicada em diferentes modelos de ônibus, a única exigência é que o modelo tenha câmbio automático. 

Precisamos destacar também o grande diferencial brasileiro nesta jornada de inovação, que aposta na presença de hardware e software embarcados diretamente no veículo, o que dispensa a necessidade de conexão com a internet. Esse sistema reforça a segurança cibernética do protótipo, uma vez que todas as funções de condução são feitas sem acesso à internet, excluindo impactos negativos, como acesso de “hackers” ao sistema de direção.

No entanto, vale lembrar que a legislação federal ainda não permite a circulação de automotores sem a presença de motoristas nas ruas e estradas. No artigo 28 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB),  há uma expressão clara contra veículos em circulação sem motoristas, afirmando que “o condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito”. Já no artigo 252, outra determinação dificulta a direção autônoma, quando diz que “dirigir o veículo com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do veículo, ou acionar equipamentos e acessórios do veículo”, deixando claro que é necessário um motorista com as duas mãos ao volante durante a condução.

Esses apontamentos na lei foram determinantes para que os testes com o micro-ônibus fossem realizados sempre em ambientes fechados e controlados, assegurando que todas as etapas do estudo respeitem as regras vigentes. 

Apesar das restrições de circulação, podemos afirmar que a evolução ocorre gradativamente, com estudos, testes e vivências aprendidas. Já demos os primeiros passos e isso deixa o nome do Brasil marcado como primeiro país da América Latina ao apresentar um veículo direcionado ao transporte coletivo com direção totalmente autônoma. Esse pioneirismo consolida a engenharia automotiva do país como uma das mais bem conceituadas do mundo.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities.

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