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A NEOINDUSTRIALIZAÇÃO ESTÁ NAS RUAS

Ônibus elétricos brasileiros lideram a eletromobilidade no país

Pedirei licença para mencionar um evento ocorrido no início de junho na empresa na qual trabalho para comprovar um argumento que tenho reiterado neste espaço.

A eletromobilidade avança no Brasil, e está sendo puxada pela indústria brasileira de transporte público sustentável, com tecnologia nacional.

Isso não é propriamente novidade. A novidade é que as principais autoridades do país passaram a prestar atenção a esse fenômeno.

No dia 2 de junho, o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e mais oito ministros (entre os quais, Fernando Haddad, da Fazenda) visitaram as novas instalações da Eletra, na Via Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).

Na ocasião, cercado de ônibus elétricos 100% brasileiros, o presidente Lula afirmou: “É muito importante nossa parceria com a China, mas prefiro que sejam comprados os ônibus nacionais”.

E anunciou o apoio do governo federal a um programa de renovação de frotas de transporte público, com preferência para os veículos de baixa emissão.

O presidente referia-se aos ônibus elétricos produzidos com tecnologia de tração elétrica Eletra (uma empresa 100% brasileira), chassis Mercedes-Benz e Scania (indústrias instaladas há décadas em São Bernardo), carrocerias Caio (empresa nacional de Botucatu-SP) e baterias e motores elétricos WEG (grande multinacional brasileira, com sede em Jaraguá do Sul/SC).

Duas semanas depois, o BNDES informou que lançará uma nova linha de crédito para financiar a fabricação de ônibus elétricos no Brasil, desde que tenham alto conteúdo nacional.

Essa sequência de eventos ocorreu poucos dias depois da publicação de um artigo a quatro mãos, no jornal “O Estado de S. Paulo”, no qual o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin defenderam a “neoindustrialização” do país, ou seja, um processo de recuperação do dinamismo da indústria brasileira pautado pela sustentabilidade ambiental.

Ambos puderam testemunhar em São Bernardo um exemplo concreto da neoindustrialização: uma parceria estratégica entre empresas brasileiras para produzir um veículo elétrico de alta performance, com tecnologia nacional.

Um veículo que já está circulando em várias cidades (como Salvador, Vitória, Curitiba, Goiânia, São Bernardo e Guarujá) e permitirá ao prefeito Ricardo Nunes cumprir sua promessa de ter 2.600 ônibus elétricos em operação em São Paulo até o final de 2024.

Ao mesmo tempo, outras empresas (como BYD, Marcopolo, Higer, Volkswagem) anunciam planos e investimentos no país para produzir ônibus elétricos.

Como tenho insistido aqui, o Brasil conseguiu formar rapidamente uma cadeia produtiva completa e competitiva de ônibus elétricos. Não é uma meta, é uma realidade.

Essa indústria está em condições de atender à demanda por eletrificação de frotas nas grandes cidades do país e, em breve, será capaz de recuperar a histórica liderança brasileira no mercado latino-americano de transporte público (hoje, dominado por ônibus elétricos importados da China).

Tudo isso gerando empregos, criando tecnologia e pagando impostos em território brasileiro. E com prioridade ao transporte coletivo e à despoluição do ar nos grandes centros urbanos.

O que o presidente Lula viu em São Bernardo muitos brasileiros também estão vendo, provando e aprovando em diferentes regiões do país, em condições reais de operação.

Temos mais veículos elétricos rodando nas cidades brasileiras e mais autoridades públicas conscientes de que a eletromobilidade é o caminho para a revitalização da indústria nacional.

A neoindustrialização já está nas ruas.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade da autora, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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