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EXPLORANDO CIDADES EUROPEIAS: LIÇÕES APRENDIDAS DE ROMA A GENEBRA PARA POLÍTICAS PÚBLICAS DE MOBILIDADE E PLANEJAMENTO URBANO

Larissa Tavares
Larissa Tavares
É formada em Relações Internacionais na Belas Artes, possui MBA pelo Insper e atua há mais de 10 anos em projetos de inovação. Desde 2020 desenvolve projetos de digitalização nas cidades e participa de webinars e eventos envolvendo tecnologia e gestão sem papel. Atualmente, é Diretora de Marketing e Novos Negócios da Sonner, uma empresa que há 25 anos desenvolve soluções tecnológicas para governos. 

No contexto brasileiro, sabemos que algumas cidades enfrentam desafios na implementação de políticas de micromobilidade sustentável, incluindo a regulamentação e utilização dos patinetes elétricos

As cidades inteligentes têm se tornado uma realidade cada vez mais presente em todo o mundo, com o objetivo de promover um ambiente urbano mais eficiente, sustentável e inclusivo. Durante uma viagem de lua de mel pela Europa, visitando cidades como Roma e Genebra, pude observar de perto diferentes abordagens e políticas públicas adotadas por essas cidades, especialmente em relação à micromobilidade e ao planejamento urbano.

Micromobilidade e Patinetes Elétricos em Roma

Durante minha estadia em Roma, um aspecto que chamou minha atenção foi a presença abundante de patinetes elétricos espalhados pelas ruas. Essa forma de micromobilidade ganhou popularidade em várias cidades ao redor do mundo, mas também trouxe desafios e dilemas regulatórios.

Em relação às políticas de micromobilidade, Roma adotou regulamentações específicas para lidar com a presença dos patinetes elétricos em suas ruas. A cidade estabeleceu zonas delimitadas para estacionamento de patinetes e impôs regras claras para a velocidade máxima permitida. Essas medidas visam garantir a segurança dos pedestres e a organização do espaço público.

No entanto, mesmo com essas regulamentações, muitos usuários não têm respeitado as regras, resultando em más experiências para os pedestres e moradores. Os patinetes inundam calçadas em diversos pontos da cidade, inclusive em pontos turísticos, podendo permanecer por dias no mesmo local, obstruindo as vias públicas e dificultando a passagem.

Relatos de acidentes envolvendo patinetes elétricos e pedestres destacaram a necessidade de uma maior conscientização e educação dos usuários, além da importância da fiscalização por parte das autoridades. Esses incidentes servem como alerta para que outras cidades, ao implementar políticas semelhantes, considerem cuidadosamente a regulação, a fiscalização e a educação dos usuários como elementos-chave para garantir uma micromobilidade segura e eficiente.

No contexto brasileiro, sabemos que algumas cidades enfrentam desafios na implementação de políticas de micromobilidade sustentável, incluindo a regulamentação e utilização dos patinetes elétricos. Em São Paulo, houve uma rápida expansão dos serviços de compartilhamento de patinetes, mas também surgiram problemas, como estacionamento inadequado e conflitos com pedestres. Embora a cidade tenha implementado regulamentações, como limites de velocidade, estacionamentos específicos e penalidades por má utilização, não foi o suficiente para que a Grow, empresa que operava os patinetes elétricos na cidade, mantivesse as operações.

A empresa enfrentou desafios relacionados à regulação e fiscalização por parte das autoridades municipais. A falta de uma regulamentação clara e abrangente para o uso de patinetes elétricos nas ruas da cidade gerou incertezas e dificultou a operação das empresas do setor, além de impedir um modelo de negócios rentável, um dos motivos de a Grow ter suspendido suas operações em São Paulo.  As questões envolvendo estacionamento inadequado, desrespeito às regras de circulação e conflitos com pedestres também contribuíram para uma imagem negativa dos patinetes elétricos e influenciaram a decisão de suspensão das operações em São Paulo.

Essas experiências destacam a importância de um ambiente regulatório favorável e de políticas públicas bem definidas para o sucesso de iniciativas de mobilidade sustentável, como o compartilhamento de patinetes elétricos. É fundamental que as cidades estabeleçam regras claras, promovam a fiscalização adequada e desenvolvam infraestrutura apropriada para garantir uma convivência harmoniosa entre os diversos modos de transporte, visando a segurança de todos os usuários e o uso eficiente do espaço urbano.

Carros elétricos na Europa: avanço notável e desafios no Brasil

Ainda no contexto da mobilidade sustentável, outro aspecto que chamou a atenção durante a viagem foi a presença dos carros elétricos e seus diversos pontos de abastecimento. Uma diferença notável em comparação com o cenário brasileiro. 

O avanço dos carros elétricos na Europa tem sido significativo nos últimos anos. Vários países europeus têm implementado políticas de incentivo e regulamentações favoráveis aos veículos elétricos, como subsídios na compra e benefícios fiscais. Além disso, a infraestrutura de recarga está em constante expansão, com um número crescente de pontos de recarga disponíveis em vias públicas, estacionamentos e residências. Essas medidas têm impulsionado a adoção dos carros elétricos, resultando em um aumento significativo no número de veículos elétricos nas estradas.

Por outro lado, no Brasil, o avanço tem sido mais lento. Apesar de haver um interesse crescente por veículos elétricos no país, a infraestrutura de recarga ainda é limitada e muitas cidades brasileiras enfrentam desafios em termos de planejamento urbano e disponibilidade de pontos de recarga públicos. Além disso, a falta de incentivos fiscais e subsídios significativos torna os veículos elétricos mais caros e menos acessíveis para a maioria dos consumidores brasileiros. 

Planejamento Urbano em Genebra: O Caso dos Bairros Planejados

Em Genebra, na Suíça, as políticas públicas de planejamento urbano têm sido bem-sucedidas na criação de bairros planejados que incorporam uma abordagem holística e sustentável do desenvolvimento urbano. Esses bairros são concebidos de forma integrada, considerando diferentes aspectos urbanos, como mobilidade, habitação, espaços verdes e serviços públicos.

Durante a visita a Genebra, conheci o bairro de Plan-les-Outes, projetado com uma abordagem inovadora e sustentável, enfatizando a qualidade de vida dos moradores e a preservação do meio ambiente. O planejamento urbano em Plan-les-Ouates buscou criar uma comunidade coesa, com infraestrutura completa e serviços integrados. O bairro foi projetado levando em consideração a conectividade e a acessibilidade, com uma rede de transporte público eficiente, ciclovias e calçadas bem projetadas para promover a mobilidade sustentável.

Plan-les-Ouates é um bairro que busca maximizar o uso eficiente do espaço, preservar áreas verdes e oferecer uma combinação equilibrada de espaços residenciais, comerciais e industriais. O destaque desse bairro está na sua ênfase na sustentabilidade ambiental, com medidas de eficiência energética, uso de energias renováveis e criação de espaços verdes. Além disso, o bairro conta com uma infraestrutura completa, incluindo escolas, creches, centros comunitários, áreas esportivas e espaços culturais, visando atender às necessidades dos moradores e promover a coesão social. Plan-les-Ouates é um exemplo notável de planejamento urbano bem-sucedido, que proporciona um ambiente urbano equilibrado, sustentável e com alta qualidade de vida.

Essa abordagem de planejamento urbano em Genebra demonstra a importância de uma visão integrada e de longo prazo na construção de cidades inteligentes. Ao considerar cuidadosamente os aspectos de mobilidade, infraestrutura, serviços e meio ambiente, as políticas públicas podem contribuir para o desenvolvimento de cidades mais equilibradas e sustentáveis.

Um futuro urbano sustentável e integrado

A viagem pela Europa, explorando cidades como Roma e Genebra, proporcionou valiosas lições sobre políticas públicas relacionadas à mobilidade e planejamento urbano nas cidades. Os exemplos observados ressaltam a importância de abordagens integradas e sustentáveis para o desenvolvimento urbano.

Embora Roma ainda enfrente desafios na regulação dos patinetes elétricos, destacando a necessidade de conscientização e educação dos usuários, o país já avançou na adoção de políticas mais sustentáveis de mobilidade. A tendência europeia também pode ser observada na adoção de carros elétricos. 

Genebra exemplifica a importância do planejamento urbano sustentável na criação de bairros planejados que oferecem qualidade de vida, preservação ambiental e integração de serviços essenciais, destacando a relevância da conectividade, acessibilidade, sustentabilidade ambiental e inclusão de instalações e serviços públicos para promover comunidades coesas e equilibradas.

Em resumo, as observações realizadas nas cidades europeias destacam a necessidade de políticas públicas eficazes e abrangentes para enfrentar os desafios da mobilidade e planejamento urbano nas cidades. Essas políticas devem considerar aspectos como regulação, fiscalização, educação, incentivos e infraestrutura adequada. Ao adotar políticas integradas e sustentáveis, as cidades podem avançar em direção a um futuro urbano mais eficiente, inclusivo e amigável ao meio ambiente.

As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities

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