Os negócios precisam tornar-se mais sustentáveis para que seu verdadeiro Propósito Transformador Massivo seja um dia alcançado, mas para isso, as empresas precisam trabalhar além dos objetivos focados apenas em maximizar seus lucros, é necessário a compreensão que sua perenidade vai depender cada vez mais de um equilibrado modelo de atuação ambiental, social e de governança (ESG).
Por: Silvio Rocha
Os negócios precisam tornar-se mais sustentáveis para que seu verdadeiro Propósito Transformador Massivo seja um dia alcançado, mas para isso, as empresas precisam trabalhar além dos objetivos focados apenas em maximizar seus lucros, é necessário a compreensão que sua perenidade vai depender cada vez mais de um equilibrado modelo de atuação ambiental, social e de governança (ESG).
O intrigante é que esse tema hoje conhecido como (ESG), mas que já vem a longa data sendo discutido dentro das organizações, ainda não recebeu a devida prioridade nos modelos de gestão, e isso reforça-se pela frase de Peter Drucker “O foco de qualquer negócio e a sobrevivência”, porém esse foco excessivo em não perder competitividade, coloca muitas vezes os esforços das organizações em uma única direção que é a produtividade para a sobrevivência, ao invés, de focar a produtividade para o crescimento sustentável.
As inovações que vem sendo impulsionadas pelas Revoluções Industriais podem trazer condições e fatores de diferenciação para a adaptabilidade das organizações neste contexto de mundo BANI: Brittle (frágil), Anxious (ansioso), Nonlinear (não linear) e (Incomprehensible (incompreensível) que ficou mais evidente após a pandemia da Covid-19.
Desta forma, podemos incluir previsões estratégias ou diretrizes de inovação e transformação digital dentro das ações de ESG:
Environmental (ambiental): refere-se às práticas corporativas voltadas ao meio ambiente, como por exemplo, temas relacionados ao aquecimento global, diminuição das emissões de carbono, poluição do ar e da água, desmatamento, gestão de resíduos, entre outros.
Social: está relacionado à responsabilidade social e ao impacto da empresa em benefício a comunidade com temas relacionados ao respeito aos direitos humanos, às leis trabalhistas, a diversidade, a segurança no trabalho, a proteção de dados e privacidade, entre outros.
Governança: está relacionado às políticas de administração da empresa como a conduta e ética corporativa, composição dos conselhos, práticas anticorrupção, auditorias, entre outras.
Pode parecer inútil ou mesmo desnecessário prever o futuro, e isto de fato é, visto que após algumas semanas ou meses tudo pode estar diferente. Entretanto, aqui as previsões estratégicas ou diretrizes tem efeito de preparação, ou seja, de compreender sinais e tendências para que as empresas possam enfrentar as incertezas com adaptabilidade.
Então, falar sobre as revoluções industriais é essencial, entender suas inovações e transformações, mas principalmente compreender o que está por vir e quais seus impactos potenciais no curto, médio e longo prazo. E mesmo que não tenha grandes novidades, me arrisco a trazer uma visão a partir da 4º Revolução Industrial com um olhar para a sustentabilidade humana e desejo que você reserve um tempo para explorar criativamente esse tema além do que trago aqui, pois é importante ter uma nova percepção dos sinais do presente.
Apenas para fins de introdução e contexto, relato em uma única frase a essência de cada revolução da primeira até digamos a que antecedeu a 4ª Revolução Industrial.
- (Industria 1.0) 1780 – Mecanização – Produção industrial baseada em máquinas movidas a água e vapor;
- (Industria 2.0) 1870 – Eletrificação – Produção em massa usando linhas de montagem;
- (Industria 3.0) 1970 – Automação – Automação usando eletrônicos e computadores;
- (Industria 3.5) 1980 – Globalização – Offshoring da produção para economias de baixo custo;
O termo Industria 4.0 também conhecido como 4ª Revolução Industrial foi introduzido em 2011 pelo Communication Promoters Group da Industry Science Research Alliance para descrever a ampla integração da tecnologia da informação e comunicação na produção industrial. A indústria 4.0 introduz a digitalização, caraterizado principalmente pelo amplo uso de dispositivos conectados, pela análise de dados e pelas tecnologias de inteligência artificial para automatizar ainda mais os processos e apoiar na tomada de decisão orientada a dados.
O ambiente dinâmico e a complexidade resultante significam que as empresas precisam tomar decisões melhores e mais rápidas se quiserem permanecer competitivas no longo prazo. As práticas comerciais atuais muitas vezes falham em lidar com esse desafio e correm o risco de perder o ponto de controle de seu negócio principal. Os processos de tomada de decisão podem levar semanas ou até meses e as decisões costumam ser baseadas em um sentimento intuitivo ou dados muitas vezes não confiáveis, e não em dados íntegros e concretos.
Muitos funcionários e tomadores de decisão regularmente precisam gastar tempo procurando e esperando pelas informações certas. Estes são apenas alguns exemplos para ilustrar as principais deficiências que existem atualmente e o potencial para uma transformação de longo alcance.
O principal potencial econômico da Indústria 4.0 reside em sua capacidade de acelerar os processos de tomada de decisão e adaptação dos negócios. Isso se aplica tanto a processos para aumentar a eficiência em engenharia, manufatura, serviços, vendas e marketing quanto a industrias inteiras ou modelo de negócios.
Para nosso entendimento neste artigo vamos fechar o conceito de Industria 4.0 como “Tomada de decisão ágil e precisa com alto volume de dados em tempo real, comunicação multilateral e interconexão entre sistemas ciber-físicos e pessoas”. A disponibilidade de grandes quantidades de dados e informações a preços acessíveis e, se necessário, em tempo real, permite um melhor entendimento de como as coisas se relacionam e fornece a base para processos de tomada de decisão mais rápidos.
Com uma estrutura organizacional adequada, isso permite que as empresas reajam mais rapidamente aos mercados cada vez mais dinâmicos, sejam mais rápidas nos desenvolvimentos de novos produtos e que precisam estar ajustados aos requisitos de seus clientes e levem esses produtos ao mercado exponencialmente mais rápido. A interconexão dos componentes tecnológicos e em particular organizacionais permite atingir a agilidade que é a capacidade chave exigida pelas empresas da Indústria 4.0.
Esta transformação digital, cultural e organizacional é uma das oportunidades mais importantes para as empresas na Indústria 4.0. Claro, as empresas só serão capazes de aproveitar todo o potencial dessas transformações se implementarem as práticas adequadas aos seus processos de negócios, se as tomadas de decisão e a análise de dados forem visíveis, ágeis e transparentes em toda a empresa.
Agilidade é uma característica estratégica que se torna cada vez mais importante para empresas de sucesso. Nesse contexto, agilidade denota a capacidade de implementar mudanças em tempo real, incluindo mudanças sistêmicas fundamentais no modelo de negócios, permitindo adaptabilidade organizacional. Quanto mais rápido uma organização puder se ajustar a um evento que causa uma mudança em suas circunstâncias, maiores serão os benefícios e os resultados das adaptações.
Já temos sinais da quinta revolução industrial, ou indústria 5.0, também é conhecida como sociedade 5.0 que terá como foco a cooperação entre o homem e a máquina, uma vez que a inteligência cognitiva humana irá trabalhar em harmonia com a computação cognitiva (robôs de todos os tipos, software e hardware), ressignificando o papel humano em todos os contextos da sociedade.
A indústria 5.0 coloca foco em novos modelos de negócios, sendo mais social e ambientalmente sustentável. As relações entre empresas, clientes, governos, homem e tecnologia se transformam, trazendo todo o potencial humano aliado a tecnologia, e a colaboração permanecerá sendo o fator de vantagem competitiva e as novas formas de trabalho serão evoluídas para fornecer tarefas de valor agregado, levando à customização de produtos e serviços (personalização em massa).
A participação e influência das pessoas em todos os negócios deve permanecer importante, pois a proposta da quinta revolução industrial é equilibrar o uso das tecnologias na relação humana e sua aplicabilidade a serviço da melhoria da vida.
Alguns sinais da indústria 5.0 nos dias atuais:
- Sociedade 5.0 (PIB pelo consciente intelectual, Experiência do cliente/colaborador e capitalismo consciente)
- Tecnologia para a Sustentabilidade (ESG)
- Conectividade onipresente 5G
- Explorar soluções (open) de forma colaborativa com clientes, fornecedores, sociedade, startups, entre outras partes;
- Utilizar a Inteligência Artificial para vencer as barreiras de regulações;
- Extrair soluções da abundância de dados que hoje é um produto muito valioso e pode gerar novos negócios;
- Gerar a melhor experiência digital para todo o ecossistema.
Entretanto, é necessário adaptações para a transição da indústria 4.0 para a 5.0, principalmente na preparação das pessoas, seja na sociedade ou nas organizações publicas e privadas, aqui podemos destacar algumas das propostas para essa transição:
- Adaptar a cultura e as estruturas organizacionais aos novos valores;
- Mudar a mentalidade, passando a valorizar as pessoas pela suas formações, experiências, habilidades e competências ao invés de cargos, posições ou influências políticas;
- Investir fortemente na alfabetização digital da sociedade e dos colaboradores, desenvolvendo competências e habilidades para o uso adequado das novas tecnologias;
- Tomar decisões orientadas a dados de forma ética e ecológica (que seja equilibrada);
- Inovar precisa ser um processo continuo, transversal e natural;
- Considerar os impactos sociais e ambientais em qualquer atividade produtiva, atuando constantemente para minimizar impactos negativos.
Com essa introdução a indústria 5.0 e contextualização da sua aplicabilidade, destacamos seu propósito que é alavancar a criatividade, o pensamento crítico e cognitivo humano para colaborar com máquinas poderosas, inteligentes e precisas, vislumbrando novas abordagens de trabalho, mas resilientes, sustentáveis e centradas no ser humano, propiciando uma transformação para uma sociedade digital.
Como vimos aqui, essa transformação está em curso, mas o investimento em tecnologias emergentes pode acelerar essa mudança, alguns exemplos dessas tecnologias são:
- Inteligência Artificial
- Edge computing
- Biotecnologia
- Machine Learning
- Cobots (robôs colaborativos)
Entretanto, essas implementações de tecnologias devem sempre acompanhar um processo de gestão de mudança, principalmente no que se refere á capacitação da força de trabalho, pois é preciso que as pessoas entendem os motivos e saibam lidar com as novas ferramentas tecnológicas para aproveitá-las da melhor forma possível.
100% dos clientes são pessoas. 100% dos funcionários são pessoas. Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios. –Simon Sinek.
Fonte: Brazilab