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DA COP27 À COP15, USO SUSTENTÁVEL DA BIODIVERSIDADE MOSTRA-SE ÚNICO CAMINHO POSSÍVEL PARA UM FUTURO MAIS PRÓSPERO

A 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, realizada no Egito, seguiu a tradição das edições anteriores ao deixar algumas das decisões mais importantes a serem tomadas pelas autoridades globais nos acréscimos do evento e postergar outras para os próximos anos. No entanto, ao incluir a biodiversidade na pauta como parte inseparável da crise climática e destacar, pela primeira vez, que não há rota viável para limitar o aquecimento global a 1,5°C sem proteger e regenerar a natureza, a COP27 abriu caminhos para que, ao menos, essa discussão permanecesse em evidência ainda em 2022 – só que, desta vez, no Canadá, onde é realizada, em dezembro, a 15ª Conferência de Biodiversidade da ONU.

A expectativa é a de que a COP15 estruture um compromisso ambicioso em nível global, nos moldes do Acordo de Paris, para abordar os mais diversos temas relacionados à biodiversidade: conservação e restauração de áreas naturais, uso sustentável da natureza, repartição de benefícios provenientes do uso de recursos genéticos e conhecimento tradicional, entre outros. Isso porque espera-se que os líderes dos países signatários da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB) definam no encontro as negociações das 21 metas do novo Marco Global para a Biodiversidade.

Falar de biodiversidade é mais urgente do que nunca. A devastação da diversidade biológica acontece a ritmo acelerado em todo o mundo e a pressão sob os ecossistemas, causada por uma lógica produtiva insustentável, é cada vez maior. Na última década, o plano para conservação da biodiversidade falhou e nenhuma das metas propostas pelos países-membros da CDB foi completamente alcançada globalmente.

Desenvolvimento econômico, progresso social e conservação da floresta não são incompatíveis, muito pelo contrário: juntos, são a base de uma nova lógica produtiva que pode impulsionar a liderança do Brasil na bioeconomia e na economia de baixo carbono, gerar riqueza, conservação e maior valor compartilhado para todos.  Segundo o Fórum Econômico Mundial, a perda da biodiversidade é, na verdade, uma das maiores ameaças para a economia global, ao lado das mudanças climáticas. Estudos da organização revelam ainda que metade do Produto Interno Bruto (PIB) global, ou seja, 41,7 trilhões de dólares, é dependente da natureza de alguma forma. Isso nos leva a concluir que se torna inviável para uma empresa ser rentável e não sustentável, ou uma organização não considerar seus impactos como parte intrínseca da gestão de valor e decisão de negócios. Precisamos de mais inovação e mecanismos para acelerar a transição a uma economia de baixo carbono e que priorize a vida, das pessoas e da natureza. Nesse sentido, assim como a COP27, a COP15 é o momento de transformar intenções em ações, potencializar iniciativas existentes e propor outras novas, mais ousadas e robustas.

E não há como falar em biodiversidade e enfrentamento às mudanças climáticas sem destacar a Amazônia. Ocupando 60% do território brasileiro, a maior floresta tropical do mundo é fundamental na mitigação das mudanças climáticas, na conservação e regeneração da biodiversidade. Não só é vital para o planeta, mas para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. A região tem o potencial de alçar o País ao papel de protagonista da agenda global de sustentabilidade, ocupando espaço no cenário geopolítico internacional de potência agroambiental: produzindo alimentos, conservando biomas e provendo serviços ecossistêmicos essenciais para o equilíbrio do planeta.

No entanto, o Brasil ainda aproveita de maneira muito tímida esse potencial. Um estudo divulgado por um grupo de pesquisadores do projeto Amazônia 2030 mostra que o mercado internacional de cadeias da biodiversidade representa cerca de U$ 175 bilhões por ano, mas as cadeias amazônicas têm, neste total, apenas 0,2% de participação em exportações. Esse cenário pode ser diferente? Com investimentos robustos em inovação, tecnologia e suporte às populações locais e tradicionais, com certeza.

A floresta em pé vale muito mais do que derrubada e o modelo de negócio da Natura na Amazônia atesta essa crença. Em 2021, para cada R$ 1 investido na Amazônia, a Natura gerou R$ 8,6 em benefícios sociais, incluindo a geração de renda para as famílias, transferência de tecnologia, projetos de infraestrutura e conservação que são desenvolvidos localmente a partir dos recursos de Repartição de Benefícios e, por fim, o desmatamento evitado na região. O resultado faz parte do primeiro Integrated Profit & Loss (IP&L), ferramenta de valoração desenvolvida pela companhia que integra ganhos e perdas para medir e reportar os efeitos socioambientais da operação incluindo os capitais natural, humano e social. Até o momento, em parceria com 8.155 famílias de 40 comunidades, já contribuímos para conservar 2 milhões de hectares de floresta e nosso compromisso é ampliar essa área para 3 milhões até 2030.

Para isso, soluções regenerativas e baseadas na natureza se desenham como alguns dos melhores caminhos ao promover conservação e gerar prosperidade. Como exemplo, desde 2008, a Natura aposta no primeiro sistema agroflorestal do mundo para o cultivo do óleo de palma, o SAF Dendê. O sistema aproxima o cultivo dessa oleaginosa ao do seu ambiente original por meio da associação de diversas plantas no sistema de produção sem o uso de agrotóxicos. Esse modelo regenerativo resultou em melhor fertilidade e alto estoque de carbono no solo, chegando a 50% a mais do que no monocultivo, além de gerar diversificação da renda para os agricultores familiares. Atualmente, o óleo de dendê produzido no SAF fornece o principal insumo de Natura Biome, linha de produtos de beleza em barra, zero plástico e 100% vegana.

A participação ativa de comunidades indígenas, quilombolas e agricultores familiares na conservação ambiental também é um dos pilares centrais ao se falar em regeneração da biodiversidade. Ao assinar seu primeiro contrato de Repartição de Benefícios (RB), em 2004, a Natura foi pioneira no Brasil e no mundo a executá-la seguindo os princípios da CDB. Desce então, cerca de R$ 85,5 milhões foram pagos por meio de aproximadamente 90 contratos de repartição de benefícios para comunidades em todo Brasil. O pagamento é feito por meio do financiamento de projetos que tenham como objetivo colaborar com a sua emancipação, a valorização cultural, o fortalecimento da cadeia produtiva, o desenvolvimento socioeconômico, além do uso sustentável dos recursos naturais.

Outro case regenerativo de sucesso é o programa chamado Carbono Circular, que compreende projetos de compensação de carbono dentro da cadeia produtiva da Natura e remunera as comunidades pela conservação ambiental, com o objetivo de combater o desmatamento na Amazônia. O projeto foi feito, inicialmente, em parceria com a Cooperativa de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (RECA), que reúne produtores rurais de Porto Velho (RO) e regiões de entorno no Acre e no Amazonas. Em 2017, a RECA recebeu o primeiro pagamento por assumir o compromisso de preservar uma área de 5 mil hectares de floresta. O repasse de recursos – que é feito tanto individualmente para as famílias de agricultores quanto para um fundo da cooperativa – é condicionado à entrega anual de um relatório de emissões auditado por uma terceira parte, independente.

Acreditamos no engajamento e mobilização social como importantes aliados no combate ao desmatamento e na conservação da biodiversidade. Por isso, nosso desejo, durante a COP15, é inspirar outras empresas a adotar práticas mais sustentáveis, justas e inclusivas. O uso sustentável dos nossos ativos da natureza é o único caminho para um desenvolvimento econômico que atenda às necessidades do presente sem comprometer o futuro. É preciso que indivíduos, organizações e governos façam sua parte.

Fonte: CNN Brasil

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