Tanto o poder público quanto o privado têm importância no desenvolvimento de cidades inteligentes, com foco na qualidade de vida da população
O setor da construção civil está cada vez mais envolvido com o desenvolvimento das cidades inteligentes, influenciando diretamente no dia a dia do cidadão, visto que a construção de um condomínio ou de uma estação de trem ou metrô poderá alterar a rotina das pessoas, a circulação naquele local e até mesmo poderá tornar aquela localização mais atrativa para o comércio, por exemplo, ou até mais valorizada.
Com base nessas importâncias e outras, o Connected Smart Cities 2022 apresentou o painel “Empreendimentos Imobiliários Associados no Desenvolvimento de Cidades Inteligentes e Eficientes”, dentro da agenda estratégica proposta pela Urban Systems, que contou com a participação de Roberto Gentilezza, Economista de Transportes da Addax; Cláudio Ferreira, Diretor Comercial do Metrô SP; Natalia Melo, Gerente de Novos Negócios da CPTM, e com a moderação de Thomaz Assumpção, CEO da Urban Systems.
Imagem: Roberto Gentilezza, Cláudio Ferreira e Natália Melo no CSC 2022 – Reprodução
Dificuldades e desafios
Tanto o poder público quanto as empresas privadas enfrentam grandes desafios e dificuldades corriqueiramente, que podem ser desde o início, na concepção do projeto, quanto durante e após as execuções dos empreendimentos. Cláudio Ferreira citou, por exemplo, que o Metrô SP tem os desafios e objetivos de “cuidar das pessoas, trazer maior conforto durante as viagens e melhorar a qualidade de vida e transporte dos passageiros”. Para tornas esse objetivo realidade, ele diz que a publicidade nas estações, o desenvolvimento de áreas de varejo e desenvolvimento imobiliário associado às estações auxiliam para que os objetivos sejam alcançados, trazendo receita extra a operação.
Segundo Ferreira, a gestão atual do Metrô de SP tem depositado energias em projetos para revitalizar o entorno de algumas das estações de metrô, com o chamado “Polo Intermodal”, que busca atrair o interesse da iniciativa privada, através de concessões. Então, a ideia é de que ocorram reformas dos espaços internos e externos das estações, a fim de que o espaço possa ser usado de diversas formais, tais como: comércio, prédios corporativos, estacionamentos, shoppings, hotéis, instituições de ensino, dentre outros.
O Polo Intermodal Barra Funda, projeto para mudar o entorno da Estação Palmeiras-Barra Funda, é um dos mais ambiciosos, e hoje conta com 600 mil pessoas circulando diariamente na Estação. O projeto prevê uma arrecadação anual bruta de até 120 milhões de reais. Além disso, há exemplos atuais que já existem, que são os Shoppings no entorno ou até mesmo dentro das estações de metrô de São Paulo, como são os casos dos shoppings: Shopping Metrô Santa Cruz (mais antigo Shopping em metrô, linha 1 Azul) e os Shoppings Metrô Itaquera e Metrô Tatuapé (linha 3, vermelha).
Imagem: Site Metrô SP – Ilustração do interior do Projeto para revitalizar a estação Palmeiras-Barra Funda – Reprodução
Já Natalia Melo falou sobre os desafios de proporcionar “conforto aos passageiros, entregar o que ele necessita e atender cada vez mais pessoas”. Segundo ela, a colaboração de todos os envolvidos nos projetos é imprescindível para que os problemas sejam resolvidos.
Alguns casos importantes foram citados, como a reforma e reestruturação das estações Franco da Rocha (linha 7 Rubi, que a reforma foi concluída) e Brás (linha 12 Safira, com reforma em andamento). Segundo ela, a estação Franco da Rocha precisava de resolução de problemas (como enchentes, que podem acontecer em épocas de chuva no município) e foi totalmente modernizada. Já na estação Brás há dificuldades de melhorias, pois é uma planta grande, com circulação diária que chega a atingir 900 mil pessoas. A estação Brás está passando por melhorias no sistema de iluminação e passará ainda por trocas nos pisos de borracha por modelos de granito e terá implantações de painéis interativos.
Imagem: Nova Estação de Trem de Franco da Rocha – Reprodução
Possíveis caminhos, exemplos e tendências
Thomaz Assumpção citou a importância dos transportes e mobilidade nas cidades, e terem um planejamento integrado: “as cidades são ancoradas no transporte”, afirma Assumpção, e esse planejamento ajuda no desenvolvimento de novas centralidades, no desenvolvimento das cidades e na qualidade de vida das pessoas. A criação de uma estação de metrô, trem ou terminal (ou até algum empreendimento em geral) irá influenciar diretamente no desenvolvimento daquela cidade e na sua lógica urbana. Entretanto, os administradores públicos e o mercado imobiliário devem buscar efetuar esse desenvolvimento da melhor forma possível, visando sempre a qualidade de vida da população.
Imagem: Natália Melo e Thomaz Assumpção no CSC 2022 – Reprodução
Já Roberto Gentilezza abordou temas que trazem exemplos internacionais e que podem e já estão ajudando aqui no Brasil, como por exemplo, o conceito de LVC – Land Valued Capture (Captura do Valor da Terra, em tradução livre), que é um instrumento importante para ajudar as cidades brasileiras a gerarem receita própria e diminuírem a dependência de recursos externos, e o TOD (Transit Oriented Development) ou DOT (Desenvolvimento Orientado pelo Transporte), que é uma maneira de adensamento urbano e que melhora a qualidade de vida da população daquele local. O TOD já está, inclusive, no Plano Diretor de São Paulo (SP), Teresina (PI) e outras cidades do Brasil e América do Sul.
Dentre seus objetivos estão: deixar ambientes públicos mais integrados e atrativos à população, opções de comércio, negócios, escolas, prédios públicos, ciclovias e calçadas de fácil acesso. Gentilleza citou exemplos de sucesso do TOD em diferentes localidades do mundo, como nos Estados Unidos e França, além de São José dos Campos (SP). O Desenvolvimento Orientado pelo Transporte está no *Plano Diretor da cidade, e em determinado trecho, é possível entender sua relevância nos objetivos da cidade: “O conceito envolvido na definição dos parâmetros das operações urbanas deverá ser construído a partir dos princípios de desenvolvimento orientado pelo transporte coletivo, cujo fundamento é o desenvolvimento de áreas servidas por transporte coletivo, promovendo a mescla de atividades residenciais, empregos, comércio e serviços num entorno entre 400 e 800 metros de distância dos corredores de transporte coletivo, oferecendo a possibilidade de acesso numa distância facilmente percorrida a pé.”*
O painel em questão mostrou que realmente há a busca pelo desenvolvimento de cidades inteligentes e eficientes, sendo visadas diferentes formas para que isso seja alcançado, proporcionando um melhor aproveitamento do espaço e também com qualidade de vida e agilidade ao cidadão dentro de centros urbanos já consolidados.
Acesse aqui o relatório completo do Ranking Connected Smart Cities 2022.
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Os resultados do Ranking CSC, por eixos, região, porte de cidade e por estado, podem ser consultados diretamente na plataforma online e este ano é possível comparar a evolução das cidades entre 2021 e 2022, confira aqui.
Fonte: Urban Systems