Mesmo sendo elementos de sobrevivência, tecnologia e novas formas de gestão pública ainda enfrentam resistência
Cristina Schwinden, secretária de Administração da Prefeitura do Município de Palhoça, em Santa Catarina, conta que, para gestores públicos, inovar é um grande desafio, bem maior do que para a iniciativa privada. “Existe uma burocracia que acaba combatendo o pioneirismo. Nem sempre o Tribunal de Contas e o Ministério Público, por exemplo, aceitam quando investimos em modelos diferenciados e novas tecnologias. No nosso caso, tivemos que perder o medo de ser pioneiros”, afirma.
“Faz parte desse processo conservador do Estado avaliar e esperar amadurecimento de novas formas para a gestão do espaço público. Mas é papel da inovação, também, desafiar essas estruturas para uma rápida implementação”, diz Jhonny Doin, sócio de tecnologia da SPIn, consultoria especializada em soluções públicas inteligentes.
Da teoria à prática
Como medidas implementadas em Palhoça, Schwinden explica que o município celebra a maior parceria público-privada feita pelo Estado de Santa Catarina, que resultou na troca de 100% da iluminação pública para lâmpadas de LED.
“E aproveitamos esse momento, com a PPP da Iluminação, para implementar a telegestão. Hoje, temos 27 mil pontos de conexão pela cidade ligados a um Centro de Controle e Operações (CCO) e, agora, iremos conectar várias outras tecnologias com sensores, semáforos inteligentes, monitoramento de transporte público, entre outros serviços”, explica.
Cidades inteligentes
Nesse sentido, udanças estruturais muitas vezes podem facilitar o processo de inovação. É o caso da prefeitura de Goiânia (GO), que implementou, em 2020, o escritório de prioridades estratégicas. “Desde então, estamos conseguindo pensar mais à frente. Com a cabeça aberta e a estrutura correta, priorizamos as decisões e estamos viabilizando melhorias para a população”, diz Andre Tomazetti, gerente de Dados e Tecnologia da prefeitura de Goiânia (GO).
Mas ele alerta: ‘Durante esse tempo de trabalho, constatamos que a tecnologia e os dados que reunimos, apenas, não são suficientes. É preciso elaborar perguntas com base nos dados para chegarmos às soluções”, explica Tomazetti.
Newton Frateschi, secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação da prefeitura de Campinas (SP), explica que é fundamental levar a cultura da inovação e das universidades para dentro das estruturas públicas. “Aqui, a própria cidade foi se estruturando com base em centros de inovação, parques científicos e foi se consolidando como um berço de empresa de base tecnológica.”, explica.
Destaques de 2021
Na edição do ano passado do ranking, a cidade do Rio de Janeiro ficou com a primeira posição, no eixo Inovação e Tecnologia. Em segundo lugar, está Belo Horizonte (MG); seguida de Brasília (DF), com a terceira posição; Salvador (BA), com a quarta; e, em quinto, a capital paranaense, Curitiba (PR).
Foram analisados 75 indicadores de serviços inteligentes nas cidades, com resultado apresentado em quatro frentes: posição geral, por eixo temático, por região e por faixa populacional.
Conheça os indicadores de Tecnologia e Inovação
Velocidade média das conexões contratadas
Fibra óptica
Percentual de moradores com cobertura 4G
Percentual de empregos formais de nível superior
Densidade de banda larga fixa
Percentual de empregos no setor TIC
Bilhete eletrônico no transporte público
Semáforos inteligentes
Cadastro imobiliário
Sistema de iluminação inteligente
Centro de controle e operações
Crescimento de empresas de tecnologia
Parques tecnológicos
Incubadoras
Atendimento ao cidadão por meio de app ou site
Fonte: Mobilidade Estadão