Governança digital é fundamental para garantir que haja a integração das secretarias
O tema “smart cities” tem sido relevante para atores do poder público a fim de discutir políticas públicas mais eficazes para o desenvolvimento de cidades sustentáveis. Os eixos temáticos que constituem uma cidade inteligente são diversos e complexos, incluindo desde mobilidade urbana, um dos mais populares, até economia e empreendedorismo. Nesse contexto, qual o papel da governança digital para as cidades inteligentes?
Primeiramente, precisamos refletir sobre o que é, de fato, uma cidade inteligente. Embora, inevitavelmente, a tecnologia seja um dos principais fatores atrelados ao conceito das “smart cities”, devido ao seu papel primordial no uso de dados que conferem inteligência e conectividade à gestão, uma cidade inteligente deve proporcionar ao cidadão que ali vive, uma qualidade de vida melhor, traduzida na qualidade dos serviços públicos acessados, seja em sua locomoção, no transporte, na saúde, na educação, na moradia, enfim, na qualidade de entrega dos serviços públicos municipais à este cidadão.
Considerando isso e haja visto que nunca estivemos tão conectados, acessando do celular os principais serviços utilizados no nosso dia a dia, o governo digital constitui uma das principais pautas para as cidades inteligentes, sendo que os protagonistas incluem o Ministério da Economia, através da Secretaria de Governo Digital, que tem como projeto condutor o Portal Gov.Br, e as Gov/CivicTechs, empresas de base tecnológica focadas no desenvolvimento de soluções para o poder público.
No âmbito municipal, na maioria das cidades, ainda encontramos ambiguidades na disponibilização de serviços públicos, teoricamente, digitais. Apesar de os serviços estarem disponíveis online nos portais das prefeituras, os processos muitas vezes necessitam de impressão para encaminhamento as demais secretarias ao serem recepcionados internamente nos órgãos, representando redundância e ineficiência. Há de se observar os trâmites, ou seja, o mapeamento do fluxo dos processos internos, visando uma real otimização dos prazos e recursos.
Nesse sentido, a governança digital é fundamental para garantir que haja a integração das secretarias, facilitando a comunicação e a movimentação dos processos com transparência e segurança.
Outro aspecto importante diz respeito à gestão interna dos órgãos municipais, no que tange o acesso e a organização de documentos, informações e processos, que ao se transformarem em processos digitais, passam a ser mais rápidos, eficientes e seguros. Por isso, há de se repensar as rotinas de trabalho e estabelecer novas instruções normativas que considerem o contexto de transformação digital que vivemos, que serão viabilizadas pelas soluções de gestão voltadas ao governo e decretos municipais de institucionalização.
A digitalização dos processos internos garante uma comunicação mais ágil entre os setores, devido a uma tramitação rápida de documentos e informações e o uso da assinatura digital. Qualquer projeto que envolva os eixos das cidades inteligentes, como urbanismo, educação, saúde etc., necessariamente irá passar por trâmites internos nos órgãos para que seja efetivado, e, portanto, a governança digital constitui ferramenta importante para um resultado mais rápido das medidas tomadas.
É importante que as condições do ambiente acompanhem as iniciativas de implementação de governança digital, que estão intimamente ligadas à tecnologia e inovação. Sem infraestrutura tecnológica não há governança digital. Um dos motivos é a quantidade de arquivos digitais, que aumenta consideravelmente, necessitando de espaço e segurança para o armazenamento dos dados da prefeitura. Outra razão é a inclusão digital, fundamental para a adesão e apoio da população aos novos procedimentos.
Uma vez que a gestão tenha em sua pauta de governo a cidade digital, o acesso aos serviços públicos digitais passa a ser uma prioridade, e por isso, o wi-fi público constitui um projeto importante para a inclusão dos munícipes no acesso aos serviços.
Por fim, a cidade inteligente deve ser sustentável. Sabemos que temos grandes desafios pela frente no desenvolvimento responsável das cidades no que diz respeito à energia, ao lixo, entre outros fatores. Com relação à governança, ao avançar com os projetos de digitalização na gestão municipal, elimina-se consideravelmente o uso de papel. Além dos benefícios econômicos, as vantagens englobam a disponibilidade de informações bem como a diminuição de riscos no armazenamento e manutenção de arquivos.
Os gestores públicos devem planejar e incluir na agenda do governo ações que garantam soluções e uma infraestrutura tecnológica adequada para o avanço de projetos de inteligência e eficiência em todas as áreas da cidade. Se internamente não houver governança digital, os desafios enfrentados serão ainda mais complexos. O governo do futuro é agora. A digitalização já se faz presente e é primordial para acessar dados estratégicos, otimizar processos, integrar e conectar, e por fim, tornar a cidade melhor para se viver.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
É formada em Relações Internacionais na Belas Artes, possui MBA pelo Insper e atua há mais de 10 anos em projetos de inovação. Desde 2020 desenvolve projetos de digitalização nas cidades e participa de webinars e eventos envolvendo tecnologia e gestão sem papel. Atualmente, é Diretora de Marketing e Novos Negócios da Sonner, uma empresa que há 25 anos desenvolve soluções tecnológicas para governos.