Com a diferenciação em grupos é possível atender melhor às necessidades de mercado, aprofundar o conhecimento e interação com ecossistema e impulsionar a concentração de especialistas.
Quando promovemos a separação das startups em grupos, as categorizações desempenhadas são por campo de área de atuação, ou seja, mercado atendido, e não necessariamente por tipo de solução. Como por exemplo as cleantechs, que são soluções “verdes”, ou seja, que atuam dentro da agenda de desenvolvimento sustentável e tecnologias “limpas”, de baixo impacto ambiental negativo.
Nessa mesma linha, as socialtechs, de atuação social nas mais diversas agendas de enfrentamento às desigualdades; as edutechs, no campo da educação, seja de atuação direta com estudantes de diferentes recortes ou de educadores; as govtechs, de soluções para governo, abrangendo desde melhoria de processos da administração direta, digitalização do serviço público, operação de atividades das mais diversas naturezas que são de responsabilidade pública, são apenas algumas formas de agrupamento de segmentações promovidas entre os setores de inovação.
E o que elas têm em comum? A natureza das soluções desempenhadas é extremamente diversa. Podemos, por exemplo, ter soluções em edutechs que atuam com a qualificação de educadores de diferentes redes de ensino, que promovam tecnologia de assistência para uso em sala de aula, que capacitem seus alunos diretamente, de promoção à melhoria infraestrutural em ambientes educativos, ou até mesmo de criação de ferramentas socioeducativas.
E qual o papel da segmentação das startups e soluções por temática? Essa divisão por necessidades de mercado nos permite três focos essenciais, sendo eles: necessidades de mercado; conhecimento e interação com ecossistema e concentração de especialistas.
Sobre as necessidades de mercado, a estruturação segmentada impulsiona o foco no problema, com destaque em desafios da agenda priorizada, assim como exploração de dados e trocas de percepções temáticas entre pares e complementares.
Outro fator chave é a ampliação da noção de demandas e soluções já existentes que integram o recorte definido, assim como suas premissas de realização, lógicas de funcionamento e impacto pressuposto gerado. Assuntos culturais, administrativos, legais e regulatórios de setores também são compreendidos enquanto peculiaridades de mercado, abarcados neste primeiro ponto de impulsionamento.
Dentro do recorte de conhecimento e interação com ecossistema estão as trocas colaborativas, sejam de boas práticas ou compartilhamento de soluções, parcerias de realização – com ou sem transferência de recursos, de conexão de investimentos e ativos de operação.
Por fim, a concentração de especialistas pode ser entendida de duas formas, como de especialistas de colaboram como fomento das soluções, orientando suas construções e de alguma forma investindo nelas, ou de quem opera o seu desenvolvimento e realização no dia a dia, com as expertises necessárias para sua estruturação e operação.
De forma complementar, existe a categorização por maturidade da solução, que corresponde às fases de mercado, passando por solução em ideação, incubação, aceleração e tração, assim como em pontos intermediários entre as etapas citadas.
Essa segunda forma de categorização orienta o tipo de apoio necessário para o desenvolvimento solução, se iniciando com a exploração do problema ou desafio priorizado, testes e validação, modelagem de negócio, estruturação de operação, precificação e estrutura comercial, lançamento, realização da solução e ganho de mercado, até chegar na ampliação em escala da solução.
Podemos considerar as ideadoras, incubadoras e aceleradoras fomentadoras de acesso à melhor compreensão de mercado, intensificadoras de trocas temáticas de ecossistema; e como catalisadoras de relacionamento entre atores de interesse que atuam em diferentes partes das agendas ativadas.
As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões do Connected Smart Cities
Doutora e mestre em Psicologia Social, com mais de 10 anos em Inovação Pública e Impacto Socioambiental. Fundadora da Ecossistema de Impacto e Cofundadora do Delibera Brasil. Atuou em organizações como PNUD, ENAP, Instituto Akatu e ADE SAMPA. Responsável pela criação e gestão de 7+ hubs de inovação, 12+ maratonas de desenvolvimento de soluções e 10+ programas de ideação, incubação e aceleração. Pesquisadora em Inovação Pública pela PUC/SP e parte da Conexão Inovação Pública, da Coalition for Digital Environmental Sustainability/ONU e da Rede de Advocacy Colaborativo. Conselheira Potências Periféricas e Instituto InovaBR. Mentora ABStartups, BrazilLab, s-lab e Sebrae.