Programa do governo federal tem como foco desenvolver a produção industrial de veículos, no Brasil, e incentivar o avanço de soluções de mobilidade elétrica
O Rota 2030 é um programa criado pelo governo brasileiro para organizar toda a cadeia automotiva, e visa buscar conexões entre os vários setores do segmento, assim como fomentar a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias. O Rota substitui o Inovar Auto, que vigorou de 2012 a 2017 e criou metas ambiciosas de produção e melhoria da eficiência energética dos veículos vendidos, atualmente, no País. Trata-se de um tema complexo, repleto de regras, condições e contrapartidas. Mas que, na prática, é uma ferramenta poderosa para que montadoras, sistemistas e centros de desenvolvimento se unam para estimular o crescimento do setor.
As principais premissas do Rota 2030 estão na Lei nº 13.755, publicada no fim de 2018. Assim, define normas para a fabricação e comercialização de veículos, nos próximos 15 anos – período que deve ser dividido em três ciclos quinquenais para que possa haver revisão das metas e aferição de resultados.
Além disso, três pilares organizam as demandas e os critérios de cooperação: requisitos obrigatórios para a comercialização de veículos, no País, isenção fiscal para aquisição de peças que não são produzidas localmente e benefício tributário às empresas que realizarem investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).
Segundo Andressa Melo, gerente de inovação do FI Group (consultoria no setor de financiamento de PD&I), existem projetos incríveis, mas, devido à complexidade de compreensão e adequação ao Rota 2030, muitas empresas acabam desistindo de buscar o incentivo. “Elas nem sabem por onde começar. Nosso papel é ajudar a organizar suas ideias, verificar em quais linhas ou verticais elas melhor se encaixam, formalizar suas propostas e submeter ao coordenador”, diz.
Projetos relacionados à eletromobilidade
A transição energética está contemplada na chamada Linha V, que engloba temas nas áreas de biocombustíveis, segurança veicular e propulsão alternativa a combustão, e ficou sob a coordenação geral da Fundação do Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). Essa Linha V prevê a concessão de incentivos às empresas que realizarem investimentos em P&D, entre 0,25% e 1,20% da receita bruta total.
Para a curadoria desses projetos, a Fundep conta com um conselho técnico, formado por representantes de três universidades: a Estadual de Campinas (Unicamp), a FEI e a Estadual do Ceará (Uece). Do conselho de governança fazem parte a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) e a SAE Brasil.
“Desde a assinatura do acordo de contribuição com o Ministério da Economia, em outubro de 2019, a Linha V já captou R$ 205 milhões, com aprovação e execução de 55 projetos na área de PD&I. Entre eles, estão 12 estudos que envolvem eletrificação, desde o desenvolvimento de componentes até as estações de recarga”, informa a coordenadora Ana Eliza Braga.
Confira, a seguir, alguns desses projetos.
• Powertrain elétrico de alto desempenho
Desenvolvido pelas Universidades Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Federal de Santa Maria (UFSM), além da empresa FuelTech, o projeto tem o objetivo de desenvolver máquina elétrica, inversor e BMS (sistema de controle de bateria) para compor um powertrain elétrico veicular que seja de alto desempenho, principalmente no que diz respeito à densidade de potência e conjugado, ao rendimento, à tolerância a falhas e à segurança.
• Pack de baterias de íons lítio
Renault, Clarios Energy Solutions, Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Senai-PR se uniram com o objetivo de desenvolver um pack, com tecnologia 100% nacional, de baterias de íons de lítio, com um dispositivo acoplado ao sistema BMS para veículos urbanos de pequeno porte.
• Eletrificação de veículo pesado
A parceria entre a Universidade Federal de Minas Gerais e a CNH Industrial visa a conversão de retroescavadeira em veículo híbrido para utilização em atividades agrícolas e de construção. Será desenvolvido um sistema de acionamento elétrico capaz de operar, solidariamente, ao motor a diesel, além de um banco de armazenadores de energia.
Para conhecer mais sobre os pilares e projetos coordenados pelo Fundep, acesse: https://rota2030.fundep.ufmg.br/
Fonte: Mobilidade Estadão