Paulo Victor Almeida, diretor de Negócios do Biopark fala sobre a proliferação destes hubs de inovação nos últimos anos contribui para a formação das smart cities no Brasil
A agenda de cidades inteligentes no Brasil estabelece, como um dos seus objetivos estratégicos, o fomento ao desenvolvimento econômico local no contexto da transformação digital. Isso requer apoiar as cadeias produtivas e ecossistemas de inovação, a fim de reduzir as desigualdades socioeconômicas, fortalecer os arranjos produtivos regionais e implementar infraestruturas e tecnologias sociais como parques tecnológicos, laboratórios especializados e incubadoras, como descreve a Carta Brasileira para Cidades Inteligentes.
É uma via de mão dupla. Os parques tecnológicos trazem, em seu DNA, os principais genes que também geram as cidades inteligentes. São, em sua essência, ambientes de inovação e agregadores de conhecimento, voltados para tornar as economias locais mais competitivas e, desta forma, beneficiar as comunidades locais e a sociedade, de uma forma geral.
Neste contexto, como promover continuamente a inovação? Trata-se de uma questão central, que norteia a atuação do Biopark, no Paraná, há seis anos, e é discutida permanentemente pelo ecossistema que envolve os mais variados agentes públicos e privados.
Os caminhos, certamente, envolvem três dimensões:
Educação voltada para a transformação digital – A educação é a base da transformação digital que caracteriza as chamadas smart cities. Aliada ao sistema público e formal, os recursos educacionais diferenciados, implantados pelos parques tecnológicos, fortalecem a formação de profissionais com múltiplas especialidades, pesquisadores e empreendedores, todos focados em suprir as reais demandas de mercado, no sentido de tornar as cidades mais conectadas, mais sustentáveis e com maior equidade tanto do ponto de vista econômico quanto social.
Isso implica em abraçar o desafio da jornada completa da educação, envolvendo desde as crianças do ensino fundamental até os pesquisadores em seus pós-doutorados, apoiando e incentivando a criatividade, a pesquisa científica e a inovação.
Empreendedorismo baseado na realidade local – O Brasil tem 55 parques tecnológicos – eram apenas 20 há uma década. Juntos, eles somam quase 2 mil empresas, empregam mais de 43 mil pessoas e faturam R$ 3,7 bilhões por ano, segundo estimativa em estudo recente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações com a Universidade Federal de Viçosa (MG). O crescimento destes hubs num curto espaço de tempo comprova a eficácia dos parques tecnológicos para estimular a inovação e o desenvolvimento de novos empreendimentos e clusters industriais, como ocorre nos demais hubs pelo mundo, como o famoso Vale do Silício, nos Estados Unidos, assim como em Tel Aviv (Israel) e Seul (Coreia do Sul), dentre muitos outros.
Um dos projetos mais emblemáticos do Biopark, por exemplo, foi o desenvolvimento de queijos finos junto com os produtores locais, uma vez que a cidade de Toledo fica na segunda maior bacia leiteira do país. Desta forma, 17 produtores locais estão envolvidos na transferência de tecnologia, para ampliarem seus portfólios, aumentarem a rentabilidade e impulsionarem os negócios.
Investimentos em hubs físicos e conexões online – O conceito de cidades inteligentes remete automaticamente para a ideia de digitalização massiva, o que é correto. Entretanto, os hubs físicos continuam sendo imprescindíveis nesta jornada. Agregar investimentos em estruturas que reúnam incubadoras, startups, empresas de setores e com níveis de maturidades variados, centros educacionais e de pesquisa e, por que não, até residências, contribui para criar um microcosmo inovador, dinâmico e sinérgico para a construção do futuro que desejamos.
O relatório da KPMG, Technolgy Innovation Hubs, consolidado no ano passado, aponta que, apesar da aceleração da atuação remota e híbrida durante a pandemia, os hubs físicos são importantes para nortear a inovação tecnológica para 39% dos líderes de empresas de tecnologia globais consultados pelo levantamento.
São espaços que, segundo o relatório, tornam-se relevantes por atrair jovens profissionais, criarem um pipeline de talentos qualificados e oferecerem infraestrutura moderna, incluindo banda larga de internet, entre outros fatores. Ainda, favorecem a mobilidade e a sustentabilidade ambiental, por conta da proximidade das instalações.
Enfim, o objetivo primordial das cidades inteligentes é elevar a qualidade de vida em todos os aspectos para a população, com melhores produtos, serviços, conectividade, geração de riqueza e redução das desigualdades. Ao promoverem uma cultura de inovação e competitividade, os parques tecnológicos caminham ao encontro deste objetivo maior.
Com informações da Assessoria de Imprensa
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