Políticas públicas e seu papel no combate às questões climáticas, foi um dos assuntos discutidos no Parque da Mobilidade Urbana
Recentemente a revista The Guardian publicou uma matéria investigativa especial sobre como as grandes empresas de petróleo e gás planejam investir em dezenas de grandes projetos que ameaçam quebrar a meta climática de 1,5C, o que demanda uma ação imediata por parte dos governos. Qual é a importância desse tema no Brasil? Qual é o papel dos atores para acelerar a transição da matriz energética do transporte coletivo? Quais são os desafios a serem enfrentados?
Para discutir sobre esses assuntos, durante o evento Parque da Mobilidade Urbana, contamos com a presença de Walter Figueiredo De Simoni, Diretor de Articulação Política e Diálogo – Talanoa – Instituto Internacional de Políticas Públicas, Camila Gramkow, Oficial de Assuntos Econômicos no Escritório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) das Nações Unidas no Brasil. O painel foi mediado por Marcos Régis, coordenador da plataforma nacional de mobilidade elétrica.
Ações necessárias para combater as questões climáticas no Brasil
O tema central do debate foram as urgências necessárias para combater as questões climáticas no Brasil. Segundo Walter, ao pensarmos nos problemas climáticos em nosso país, grande parte das pessoas preocupam-se apenas com as dificuldades florestais. No entanto, é necessário observar e corrigir muitos outros tópicos, dentre eles a emissão de gases pelo transporte, o qual aumentou de forma considerável nas últimas décadas.
Ao mesmo tempo que temos os caminhos para a mudança, é necessário engajar a população no sistema. A crise econômica e ambiental foi agravada pela pandemia, por outro lado, isso despertou o interesse dos cidadãos em entender a gravidade da situação e começar a cobrar os governantes soluções para os problemas, disse Camila.
Nesse sentido, a discussão sobre meio ambiente está ampliando os debates sobre o assunto. Todavia vai muito além de discutir o desmatamento na Amazônia, e sim, envolve outros temas como o transporte público, saneamento básico e geração de emprego, completou Figueiredo.
A economista afirmou que esses problemas são causados por falhas dos economistas na construção das narrativas e modelos adequados, e aponta que o caminho para corrigir é entender que não basta somente estabilizar as emissões de gases e metodologias de custos, mas também compreender que tudo isso faz parte do desenvolvimento socioeconômico. “Esse é o grande motor da transformação”, completou.
Para encerrar o painel, Camila e Walter asseguram que a transição de baixo carbono não é espontânea, ela requer políticas públicas assertivas e para que essa agenda climática de proteção do meio ambiente seja de desenvolvimento econômico e social, precisamos falar de um conjunto abrangente e coordenado de políticas públicas. Figueiredo De Simoni finalizou dizendo que não adianta ter uma meta bonita se as verdadeiras políticas para tomada de decisão não nos levam onde deveriam levar.
Jornalista da Necta – Conexões com Propósito